Voltar às aulas está mais caro

Preços de materiais escolares tiveram aumento em comparação com ano passado. População sente no bolso os efeitos da alta

Postado em: 11-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Preços de materiais escolares tiveram aumento em comparação com ano passado. População sente no bolso os efeitos da alta

Marcus Vinícius Beck*

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Mal cessaram os fogos de artifício do ano novo e os pais já estão na correria para encontrar preços acessíveis para os materiais escolares de seus filhos. Em pesquisa divulgada nesta semana, a Superintendência de Proteção aos Direitos dos Consumidores de Goiás (Procon-GO) mostra o aumento médio de 7,69% no valor dos materiais em relação a janeiro do ano passado. Mas os preços podem ser ainda mais altos. De uma papelaria para outra, produtos da mesma marca e modelo podem variar até 273%.

De acordo com o Procon, o item que sofreu maior variação foi a pasta plástica. Enquanto em uma papelaria o produto estava saindo a R$ 2,25, em outra custava R$ 8,40. Na pesquisa, o Procon também mostrou que a canetinha é um dos utensílios que mais registrou alta nos preços em relação ao ano passado. Em janeiro de 2017, o material custava R$ 37,42, já em dezembro subiu para R$ 48,31, configurando um aumento de 30,17%. Mesmo com alta média de mais de 7%, o Procon encontrou uma variação maior. 

Para o gerente de pesquisa de cálculo do Procon, Gleidson Tomaz, o consumidor precisa conhecer seus direitos para conseguir economizar na hora em de sair às compras. “Deve-se solicitar junto à escola a devolução dos produtos utilizados no ano passado”, sugere o pesquisador. De acordo com ele, que coordenou as pesquisas de aumento de preço nos itens escolares no Estado de Goiás, é necessário checar se não há indícios de abuso por parte da escola na lista de materiais. 

“Os pais devem ficar atentos aos produtos de uso coletivos, como papel higiênico e copo plástico, pois, em algumas vezes, as escolas pedem quantidades irrisórias”, orienta o Gleidson. Segundo ele, é necessário fazer “uma pesquisa de preços para economizar”. “O ideial é ir em pelo menos três lojas, pois assim os pais conseguiram constatar as diferenças de preços. Mas optar por outras marcas, que não as tradicionais, também podem provocar economia de gastos”, afirma o pesquisador. 

População

A reportagem de O Hoje conversou com três mães na tarde de ontem numa papelaria Tributária, no Setor Oeste, sobre o aumento no preço dos materiais escolares. Todas foram unânimes em reconhecer que houve uma alta nos produtos, mas que “não há o que fazer, pois meus filhos têm de estudar”. E, por isso, várias saídas são encontradas para que os materiais escolares não pesem no orçamento. Algumas optam por fazer parte de grupos de whatsapp onde mães debatem papelarias que possuem preços em conta. Em contrapartida, fazer pesquisa entre as principais lojas é a forma mais usual encontrada por pais e mães para se gastar menos.

Mãe de uma adolescente que está no 3° ano do ensino médio, a psicanalista Ruskaya Maia, 48, afirmou que os preços estão mais caros em comparação com o ano passado. De acordo com ela, que sentiu um impacto maior no bolso neste ano, a “pesquisa do Procon representa a realidade”. “As marcas tradicionais tendem a deixar o preço dos produtos mais altos”, diz ela. Por outro lado, assevera ela, é importante comprar novos materiais escolares sua filha. Para ela, o ato dá um “gás novo” para seguir durante o ano letivo. “No entanto, se quiser economizar, é melhor não ir com a filha fazer compras para o início das aulas”, brinca a psicanalista. 

A médica Fernanda Miranda, 48, sentiu o mesmo problema com altno preço dos materiais escolares. Para ela, que há anos vem adotando “reciclar” os materiais da filha, neste ano está mais caro custear despesas com materiais que os anos anteriores, que já registraram aumento no preço. “Como é praticamente impossível arcar com gastos de novos materiais, eu optei por reaproveitar o material usado pela minha filha no ano passado”,  relata. De acordo com ela, a filha compreende o aumento nos preços. “Não dá para comprarmos materiais novos sempre”.

Atento em grupos no whatsapp, a auditora-fiscal Adriana Campos, 40, disse que houve realmente um acréscimo nos preços. Segundo ela, que estava comprando alguns utensílios para seu trabalho, o preço está “completamente fora do comum”. “Por isso, a melhor saída mesmo é adotar medidas contra o aumento”, explica ela.  

Preço do material sobe em todas as capitais brasileiras 

O preço do aumento do material escolar subiu quase o dobro da inflação no ano passado. E o aumento foi registrado em várias cidades brasileiras. Em São Paulo, o Procon fez um alerta sobre a variação de preços que poderia ser encontrado nas papelarias da cidade. Durante a crise, é ainda mais importe pesquisar o preço em vários lugares para poder ter um leque maior de opções de compra. 

Em Recife, o Procon de Pernambuco constatou aumento de mais de 50% no preço dos materiais escolares vendidos na região metropolitana, ante os preços verificados para o ano letivo de 2016. Mas com o início do ano letivo a expectativa do Procon é de que os preços, ao invés de diminuir, aumentem. Em estudo, o órgão chegou à conclusão de que haveria diferenças de até 100% no preço de alguns produtos entre uma papelaria e outra. 

Associação

Em 2016, a Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) informou que os materiais escolares tiveram aumento de 35% em relação a 2015. Na época, dizia-se que a alta poderia ser sentida até os dias de hoje. De acordo com a entidade, a valorização do dólar ante o real, que atingiu 49% em 2015, é o principal motivo da alta nos preços. Então, produtos de importados, como mochilas e estojos, ficariam mais caros. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)  

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