Motociclista acidentado custa caro

O custo para atender esse tipo de acidente é de quase R$ 6 milhões aos cofres públicos. Dos acidentes atendidos no Crer, cerca de 60% são pilotos de moto

Postado em: 15-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O custo para atender esse tipo de acidente é de quase R$ 6 milhões aos cofres públicos. Dos acidentes atendidos no Crer, cerca de 60% são pilotos de moto

Wilton Morais*

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Dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), apontam que entre os maiores gastos com acidentados em Goiás, os motociclistas são os maiores responsáveis pelos gastos públicos. Entre janeiro a outubro do ano passado o custo desse tipo de atendimento aos cofres públicos foi de R$ 5.265 milhões. Os gastos hospitalares totais com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), das vítimas de acidentes de trânsito em Goiás, chegou a quase R$ 8 milhões. Dessa maneira, os motociclistas representam 66% dos gastos hospitalares com vítimas de acidentes. 

No volume de internações hospitalares, os motociclistas estão entre as principais vítimas de acidente de trânsito. No mesmo período de 2017, o número de internações hospitalares pelo SUS com acidentes no Estado foi de 4.839, destes, 3.114 são motociclistas. A representação equivale há 64%, dos acidentados sendo motoristas de motos.

De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde, anualmente, os gastos hospitalares com motociclistas seguem uma linha média entre R$ 6 milhões e R$ 6.500 milhões. Em 2016, por exemplo, os gastos com motociclistas somaram R$ 6.271 milhões; e em 2015 o valor foi de R$ 6.150 milhões. Nos gastos gerais de acidentes, 2016 somou R$ 10.019 milhões, enquanto no ano anterior, os gastos hospitalares com atendimento aos acidentados no transito foram de R$ 9.572 milhões.

Para a reportagem do O Hoje, o supervisor multiprofissional de internação do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), Eduardo Carneiro, explicou que apesar das campanhas educativas, o número de acidentes com vítimas sendo motociclistas não tem apresentado redução. “Pode ser que com a aplicação da lei em que os motoristas embriagados podem ser presos, haja redução. Mas se tratando de motociclistas, não é sempre esse o motivo, as vítimas já são vulneráveis”, explicou Eduardo.

Acidentes de motociclistas são os que mais demandam atendimento 

Ronivaldo Rodrigues de Carvalho é motorista do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia, há cinco meses, quando na madrugada do dia 31 de agosto, sofreu um acidente de moto ao sair para o trabalho no caminho pela GO-040. Após escorregar em um pouco de areia na pista, a moto de Ronivaldo o derrubou causando uma lesão medular, que o deixou paraplégico. “Estava tudo certo com a manutenção da minha moto, a pista também estava muito boa e iluminada. Mas infelizmente eu tive a infelicidade de escorregar em uma areia, da qual um caminhão que passou na madrugada deixou cair um pouco, sem que eu percebesse a 50 Km/h, cai e bati as costas no meio fio”, contou a reportagem.

Motivado pelos dois filhos, Ronivaldo que recebe alta no Crer ainda esse mês, contou que não imaginava fazer parte das vítimas de acidente de trânsito. “Aqui no Crer eu encontro com passageiros cadeirantes, que eu carregava no ônibus. Graças a Deus, eu tenho a consciência limpa, porque colegas meus tinham o mal habito de não gostar de carregar cadeirantes, eu sou amigo de muitos que carreguei e hoje encontro com eles aqui”, disse.

O motorista Ronivaldo conta que mesmo diante de tantos cursos preparatórios para estar em sua função, e mesmo diante tanto tempo dirigindo moto, ele não imaginava que um acidente poderia acontecer, principalmente estando sozinho. “Eu passava até 4 horas por dia em cima de uma moto. Mas agradeço a Deus pela minha vida, e não choro pelo leite derramado, mas agradeço por estar vivo. Eu sei que é um processo demorado, mas creio que em um dia levantarei dessa cadeira”, finalizou, esperançoso.

O supervisor multiprofissional da internação do Crer, Eduardo Carneiro explica que no Crer os casos maiores de atendimento são de motociclistas, que se tornaram vitimas do trânsito. “Nesse posto, atendemos em média 35 á 40% dos casos que são acidentes de trânsito. O restante é de AVC, lesões pós-cirurgia entre outras. Mas dessa porcentagem, outros 60% é de acidentes com moto, o restante atropelamento e acidentes automobilísticos”, ressaltou.

Óbitos

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), sobre levantamento do Sistema de Informações sobre Mortalidade (Sim), no ano de 2016 os acidentes de trânsito causaram a morte de 1.719 pessoas, em Goiás, entre as quais 16% são motociclistas, e somam 285 óbitos.

Em 2015, o sistema contabilizou 1.866 mortes por acidente de trânsito, das quais 15% são motociclista, e somam 287 mortes. Esses são os dados mais recentes já que a pasta não disponibilizou dados referentes ao ano de 2017. (Especial para O Hoje). 

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