Moradores do Vera Cruz sofrem com falta de asfalto e abandono

Ambulância do Samu não consegue acessar casa dos moradores para atender morador que sofreu infarto.

Postado em: 15-09-2022 às 07h30
Por: Alexandre Paes
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Ambulância do Samu não consegue acessar casa dos moradores para atender morador que sofreu infarto. | Foto: Reprodução

Situações envolvendo a falta de pavimentação nas ruas da capital e de outros municípios da região metropolitana são recorrentes. Desta vez os moradores do Conjunto Vera Cruz reclamam da falta de respeito e compromisso da prefeitura de Goiânia perante as solicitações já realizadas para implementação do asfalto em ruas do setor.

Segundo a população local, o problema persiste há muitos anos e causa diversos transtornos, além das dificuldades diárias para quem precisa acessar as vias, que sofrem constantemente com buracos, poeira e lama no período chuvoso. A principal reclamação é a falta de pavimentação na rua Haroldo de Azevedo, rua Prece de Carita e um trecho da rua Travessia do Mar Vermelho.

A associação de moradores do conjunto Vera Cruz já possui cerca de 4 ofícios, todos com o pedido de asfalto para as ruas do setor. Mas de acordo com o presidente da associação, Genésio de Fátima, a resposta que eles recebem sempre é a mesma. “Todo ano nós fazemos ofício, e o último que enviamos foi recebido pela Seinfra no dia 27 de abril deste ano. Mas eles nem sequer apareceram aqui para dar uma resposta”, assegura.

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Quando um carro passa, o poeirão se levanta. E toda essa sujeira entra para as casas vizinhas, o que também atrapalha os comércios da região. “A gente está tentando ficar de portas abertas, porque clientes quase não têm. Ninguém quer sentar aqui respirando poeira e comendo tira gosto. Nessa situação não dá para fazer comida, não dá pra fazer nada”, desabafa Katarzyna Sobieraj, comerciante do setor.

Ambulância não chega aos moradores

A pouco mais de uma semana, a dona Cida Bento perdeu seu esposo que teve um infarto em casa, e devido ao difícil acesso pela falta de asfalto e buracos, os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não conseguiram descer com a ambulância até sua casa, o que dificultou o atendimento do paciente. Indignada, ela não suporta mais o desrespeito com todos os moradores, que pagam um IPTU caro e não veem mínimas condições de infraestrutura no setor. 

“Os socorristas tiveram que levar meu esposo deitado em cima da maca até na rua de cima, porque como aqui não tem asfalto a ambulância não conseguia descer. Isso é horroroso, isso é nojento. Você vota, paga imposto e acompanha todos os trâmites. Mas na hora da gente ser respeitado você não tem dignidade de nada, e meu sentimento é de indignação”, desabafa Cida, que ainda tenta encarar a recente morte do esposo.

José Cardoso mora no bairro há mais de 20 anos, e desde que se mudou para a região, só viu promessas sendo feitas, mas nada se cumpriu. “A poeira sobe e vira um transtorno total. O pessoal fica doente por conta da sujeira, do tempo seco, além de nada parar limpo dentro de casa. Os vereadores só sabem vir aqui quando precisam do nosso voto. A nossa associação é a única que ainda tenta ajudar a gente”, conta.

Mércia Karina trabalha o dia todo fora de casa, e mesmo com tudo fechado, nada fica limpo. Ela também reclama da falta de acessibilidade ao transporte coletivo. “A gente não consegue pegar um ônibus direito aqui. Não dá para colocar uma roupa clara porque a poeira não deixa. Se a gente precisa pedir uma corrida de aplicativo, é difícil, porque eles não chegam até aqui porque não tem asfalto”, comenta. 

Adoecimento da população

Além da sujeira, viver em meio a essa poeira tem adoecido principalmente as crianças e os idosos, causando uma série de problemas respiratórios. “Os meus netos ficam sempre gripados, nariz escorrendo e sem poder nem brincar para não se sujar e piorar a saúde”, comenta Terezinha José Camargo, de 69 anos. 

“A gente adoece sempre. Eu que tenho 4 filhos, 14 netos e 22 bisnetos, quando a gente se reúne aqui em casa é difícil sentar-se nas cadeiras e nas muretas da área sem sujar. E como que a gente faz, se mesmo reclamando não resolvem”, conta Maria Gomes, moradora há mais de 30 anos da região.

Quem fez a última promessa de asfaltamento das ruas que a associação dos moradores tinha feito solicitação foi a gestão de 2017 da prefeitura de Goiânia. Mesmo assim, a antiga gestão se encerrou e uma nova se iniciou, e até agora nada foi comunicado. 

“Ninguém quer investir em um bairro desse jeito. A gente faz um apelo ao Município, para que eles tenham consciência. A gente paga imposto, gera renda para a Prefeitura. É preciso criar um projeto e olhar para o nosso bairro, aqui tem pessoas normais, é uma falta de respeito”, conclui Genésio, representante da associação dos moradores.

Procurada, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) informou que existe um projeto e orçamento para drenagem pluvial e pavimentação para a rua Haroldo de Azevedo, no Setor Vera Cruz. De acordo com a pasta, o projeto está em fase de conclusão para encaminhamento junto à Semad (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável), que procederá com a licitação, prevista somente para 2023.

Quanto à Rua Prece de Cárita e parte da Rua Travessia do Mar Vermelho, a secretaria informou que essas vias ainda precisam ser aprovadas na planta urbanística de Goiânia para depois serem contempladas com asfalto. A Seinfra reforçou que a população pode sempre encaminhar reclamações e solicitações pelo aplicativo Prefeitura 24h. (Especial para O Hoje)

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