Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Dependência química cresce 20%

Uso de álcool é maior entre pessoas com idade de 31 a 59 anos. Falta de perspectiva de vida é o principal motivo para a dependência

Postado em: 18-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Dependência química cresce 20%
Uso de álcool é maior entre pessoas com idade de 31 a 59 anos. Falta de perspectiva de vida é o principal motivo para a dependência

Wilton Morais* 

Continua após a publicidade

O Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas (GEED), por meio do Centro Estadual de Avaliação Terapêutica Álcool e Outras Drogas (Ceat-AD) registrou no período de férias deste ano aumento de 20% no número de procuras por atendimentos. De acordo com a instituição é nesse período que há alto índice de ingestão de álcool e outras drogas, por parte da população, o que justifica o aumento. Atualmente a maior procura por atendimento na unidade parte por homens, cuja representatividade é de 89,42%. 

O GEED também aponta que o uso de álcool é maior entre as pessoas com idade entre 31 a 59 anos, nos quais apresenta maior procura, sendo esses 54,13%. Pessoas com idade de 19 até 30 anos representam 33,06%.  A procura por jovens entre 15 e 18 anos são de 8,24%, enquanto aqueles de até 14 anos é de 2,96%. 

Ao considerar o nível de escolaridade dos indivíduos que procuram o atendimento, 65,52% possuem apenas o ensino fundamental; 27,32% ensino médio e 3,34% já adquiriram o ensino Superior. Outros 3,59% não foram nem mesmo alfabetizados. 

Referente à procedência, o levantamento do (Ceat-AD) registra que o atendimento do Geead é em maioria para a população de Goiânia, sendo 41,56%. Referente à macrorregião Centro-Sul, esses equivalem há 16,74%; seguido pela região Centro-Norte com 16,31%; Na região Centro-Oeste, a representatividade de tratamento é de 10,67%; Nordeste 8,33% e Sudoeste 2,05%.

No atendimento a pessoas em situação de rua, entre maio de 2014 a dezembro de 2016, esses representavam 22,56% ou 1.193 pessoas.  De maio de 2014 a novembro de 2017, essa porcentagem teve aumento e foram para 26,31% ou 1.203 pessoas. Em Janeiro deste ano, até ontem (17), 10 pessoas em situação de rua foram atendidas, representando 3,75% dos casos. 

Tratamento gera mudança de vida  

Para a gerente operacional técnica do GEED, Meire Incarnação Ribeiro Soares, o acompanhamento do Ceat-AD é essencial para reinterar o paciente a realidade da sociedade. “Temos que tomar muito cuidado, pois os fatores que aumentam esses porcentuais podem ser muitos, entre os quais fatores socioeconômicos, desestrutura familiar e principalmente falta de perspectiva de vida. A ultima é o que mais leva as pessoas de 30 a 40 anos, sem perspectiva a terem recaídas. A ansiedade é substituída pelo conforto imediato da droga”, explicou. 

Fabrício Burjack é terapeuta e presidente do Conselho e Fundo MunicipaL de Políticas sobre Drogas (Compod), de Aragarças, conta que se tornou dependente de drogas com 10 anos de idade. “Eu fui morador de rua e usuário de Crack. Após cinco anos morando na rua tive o interesse de procurar ajuda, no Ceat-AD. Após o encaminhamento, e ajuda do grupo Amor Exigente que custeou o meu translado, pude então iniciar meu tratamento”, contou.

Com seus 46 anos, Fabrício que atualmente trabalha para auxiliar dependentes que queiram sair da mesma situação pela qual passou, relata que após a conclusão do treinamento foi por meio do Ceat-AD que conseguiu o encaminhamento para seu primeiro emprego, como forma de gratidão. “Meu primeiro emprego foi por meio do Sine e trabalhei em um hotel de Goiânia. Hoje vejo que a droga é um estilo de vida, e por conta dela a gente demonstra todos os desvios de caráter. Tenho ainda crimes na minha ficha criminal, e hoje, vejo que o problema na minha vida não era a droga, mas sim as emoções que eu não sabia lidar. Com o encaminhamento do Ceat-AD, eu pude conhecer um pouco de mim”, relatou.

Formado em filosofia, Fabrício tenta uma pós-graduação em filosofia clínica. “Nesses dias sem usar nenhuma droga eu pude fazer vários outros cursos”, complementou. 

Para chegar na unidade, o paciente pode se apresentar de forma espontânea ou por meio de demanda referendada. “Normalmente chegam por grupos de auto ajuda, ou de cunho religioso. Já a demanda referendada, pode vir por meio de um Centro de Atenção Psicossocial [CAPS], postos de saúde e hospitais. Mas em geral e de toda forma encaminhado”, assegura a gerente operacional técnica do GEED. (*Especial para o Hoje) 

Enfrentamento às drogas alerta sobre consumo de bebidas alcoólicas 

O médico psiquiatra Luis Gonzalo, integrante do Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas (GEED), alerta que o uso de bebidas alcoólicas pode gerar prejuízos e risco a saúde de jovens.  O especialista acredita que a mobilização dos pais pode evitar, por conta do exemplo e supervisão, transtornos por conta do uso do álcool.  “A família tem papel fundamental na orientação para uma vida mais saudável de seus familiares”, explica Gonzalo, diante do período de férias.

Entre os jovens, os principais sintomas de compulsão que geram o forte desejo de beber, estão atrelados ao sair de madrugada e a compulsão por beber mais de uma cerveja. De acordo com o especialista, entre os comportamentos sociais, também é apresentado pelos jovens que não bebia perto dos pais ou familiares, o desejo em não conseguir esconder e controlar o consumo. Dessa maneira sinais como acordar no dia seguinte irritado, nervoso e ansioso, evidenciam abstinência do álcool ou outras drogas.

A dependência das drogas também causa aspectos negativos quanto à responsabilidade. O psiquiatra pontua alguns aspectos como exemplo: diminuição do convívio familiar, como deixar de ir à casa de familiares aos fins de semana; faltar ao emprego às segundas-feiras; passar a ser negligente, destinando dinheiro à bebida, e não a compromissos, promovendo o sofrimento da família; bater o carro mais de uma vez, dentre outros. Nesses casos, pais e familiares devem ficar atentos.

Para os adolescentes a recomendação médica é uso zero de álcool. Entre as ações preventivas da família, a orientação e evitar cenas de incentivo podem colaborar no processo social de prevenção, objetivando hábitos mais saudáveis e evitando uma dependência familiar.  O Ceat-AD, por meio de uma equipe multidisciplinar – entre eles psiquiatras, clínicos gerais, assistentes sociais e psicólogos –, cuida de usuários de álcool, maconha, cocaína, crack e outras drogas e atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Teleatendimento: 0800.649.0145 

Anvisa aprova novas regras para exposição de cigarros em comércios 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (16) proposta de resolução que traz novas regras de exposição e comercialização de cigarros e outros produtos derivados do tabaco.

De acordo com a proposta aprovada, que deve ser publicada nos próximos dias, os locais de venda deverão seguir regras mais restritas de exposição das embalagens de cigarros, como manter a maior distância possível entre os maços de cigarro dos produtos destinados ao consumo do público infanto-juvenil, como balas e chocolates.

Os comerciantes também não poderão colocar nenhum recurso de marketing adicional, como cores, sons, iluminação direcionada, entre outros, aos mostruários ou vitrines que expõem as embalagens de cigarro.

Segundo o relator da proposta, a resolução complementa outro ato normativo aprovado pela Anvisa no fim do ano passado (RDC 195/2017), que veda a utilização de recursos de propaganda nas embalagens que possam induzir ao consumo do cigarro ou sugerir que o produto não é prejudicial à saúde.

A pesquisadora Cristina Perez, do Projeto Internacional de Avaliação das Políticas de Controle do Tabaco (ITC), apresentou pesquisa divulgada semana passada pela revista científica Tobacco Control, que mostra que nos 77 países onde atualmente as propagandas de cigarro já foram banidas nos pontos de venda, houve redução média de 7% na prevalência do tabagismo entre adultos.

Outro estudo apresentado pela pesquisadora mostra que 77% dos jovens que já viram cigarros em supermercados, padarias, ou banas de jornais se sentem influenciados a consumir o produto.

O representante da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), Lauro Júnior, argumentou que é “operacionalmente inviável que os expositores fiquem foram da área do caixa” em supermercados, padarias ou outros estabelecimentos que comercializam cigarro.

Os produtores alegam que o caixa é mais seguro para evitar o contato direto dos jovens com os produtos. A resolução aprovada permite a exposição próxima à área dos caixas, desde que não tenha por perto alimentos ou outros produtos destinados para crianças e adolescentes.

A indústria também solicitou ampliação do prazo para atender às novas regras conforme a resolução da Anvisa aprovada em dezembro. Para os produtores, o prazo estabelecido é curto e não garante “viabilidade logística” para que todos os mais de três mil pontos de venda de todo o país façam as alterações. (Agência Brasil)

 

Veja Também