Temporada da jabuticaba movimenta turismo em Goiás

O município de Hidrolândia possui cerca 113 pomares com mais de 70 mil pés de jabuticaba em diversas fazendas da região

Postado em: 21-09-2022 às 08h21
Por: Alexandre Paes
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O primeiro pé de jabuticaba na fazenda jabuticabal foi plantada em 1946 e hoje é detém o maior pomar da fruta do mundo | Foto: Arquivo Pessoal

A temporada de jabuticaba é uma das épocas mais deliciosas do ano, e se iniciou oficialmente nesta semana em Hidrolândia. A fruta típica brasileira é um chamariz para um dos atrativos turísticos de Goiás, e a Fazenda e Vinícola Jabuticabal, que fica a menos de uma hora de Goiânia, é o maior pomar de jabuticaba do país e do mundo.

Pioneiro, o local realiza atividades de ecoturismo desde a década de 1960, chegando a receber atualmente mais de duas mil pessoas em um único final de semana. A propriedade detém o maior pomar de jabuticaba, com 42 mil jabuticabeiras distribuídas em uma área de 100 hectares.

“Meu pai foi quem plantou o primeiro pé de jabuticaba no ano de 1947, dois anos após a segunda guerra mundial. Com a expansão da área de cultivo, algumas famílias começaram a pedir para alugar uma árvore e passar a tarde comendo as frutinhas diretamente da planta. Foi assim que nossa fazenda deixou de ser apenas um estabelecimento agropecuário e se tornou um importante negócio turístico”, conta o proprietário Paulo Antônio Silva.

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Todos os anos o espaço fica aberto entre os meses de setembro e novembro para que a população possa desfrutar dessa fruta doce e agradar muita gente. As jabuticabeiras carregadas só esperam alguém para comê-las. “A gente abre durante a temporada, e os visitantes sempre vem passar o dia, aproveitar o rio que corre dentro do pomar, além de experimentar diversos pratos e alimentos que levam jabuticaba em sua composição”, comenta Paulo.

Visitar a fazenda é a chance de ter um dia de tranquilidade cercado de milhares de árvores cheias de pontinhos pretos suculentos e doces. Alguns visitantes fazem piqueniques nas sombras das jabuticabeiras, outros penduram redes e tiram uma bela soneca. Há também quem passe a manhã e tarde coletando e comendo frutos. Andar entre as árvores é como caminhar por um labirinto.

A fazenda dispõe de uma série de atrações para os turistas, como um museu para contar a história da vinícola e expor objetos antigos clássicos: uma roda de fiar, um tear, um carro de boi e um moedor de café. Os visitantes também podem comprar produtos derivados da jabuticaba comercializados por agricultores familiares da região. 

A Fazenda e Vinícola Jabuticabal oferece diversas atividades de ecoturismo além de possuir um pomar com mais de 42 mil pés do fruto

Tendência na região

De forma parecida, a história se repete em outras propriedades, como na Estância São José, que existe há mais de 100 anos, sendo uma tradição cultural passada de geração em geração. A fazenda possui cerca de 1 mil pés de jabuticaba, e o pomar é voltado apenas para a atividade turística, recebendo cerca de trezentas pessoas em um único domingo, geralmente o dia mais cheio da semana.

A Liliane Alves Vieira e suas irmãs ajudam o pai, seu José Vieira, a cuidar do espaço. E apesar da safra durar apenas cerca de três meses, os recursos obtidos por meio do ecoturismo são fundamentais para os investimentos nas propriedades. “É daqui que nossa família tira parte do sustento. Além disso, essa é uma maneira de alegrar a comunidade e manter viva a herança familiar de décadas”, expõe Liliane.

Como sempre trabalhou com comércio, a interação com o público é o que move toda família a ficar de portas abertas, além de oferecer vivências únicas para os apaixonados pela fruta. “Nossos visitantes podem desfrutar de caminhadas nos pomares, apreciam os frutos. Acreditamos que nada melhor do que ter esse contato com a natureza e valorizar nossa agricultura” finaliza Juliana Vieira, que também contribui na fazenda.

Culinária inusitada

Paulo conta que, com o aumento da plantação, muitas frutas eram desperdiçadas, e aí a família começou a industrializar o produto. Em 1999 começaram uma vinícola, também aberta para visitação. Dentro do terreno da fazenda há uma fábrica, com produção bem variada, e além da fruta propriamente dita, é possível experimentar uma porção de derivados dela.

Caipirinha, sorvete, doce, geleia, capuccino, cachaça e até pasta para churrasco. Tudo de jabuticaba. As combinações também são muitas: jabuticaba com carne, jabuticaba com chocolate branco, jabuticaba com pimenta, jabuticaba com doce de leite.

Ambas as fazendas ficam abertas para visitação, e recebem muitas excursões nos fins de semana. Atualmente o valor médio para visitação dos pomares custa 50 reais por pessoa, dando o direito de comerem e aproveitarem toda a estrutura do local. Além disso, um restaurante oferece drinks também à base de jabuticaba.

Jabuticaba lidera agricultura da região

De acordo com a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), todo o município de Hidrolândia possui cerca de 113 pomares cadastrados. A área total plantada corresponde a 254 hectares, tendo 70 mil pés de jabuticaba. Segundo a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura de Hidrolândia, a expectativa é que a temporada 2022 renda mais de R$ 10 milhões para os produtores.

A Emater auxilia tecnicamente os produtores, com orientações sobre a produção e a manipulação do fruto. “Atualmente, oferecemos orientações em relação à comercialização e ao processamento artesanal de produtos derivados da jabuticaba no município de Hidrolândia, onde se concentra a maior produção do Estado de Goiás”, explica o presidente da Emater, Pedro Leonardo Rezende.

Segundo o secretário, Silvio Quirino, a parceria com a Emater é de suma importância para o município, por que durante esses 3 meses a movimentação na cidade cresce e gera renda aos agricultores locais. “Trabalhamos em prol da divulgação e reverberação das nossas atividades, a fim de encontrar e conectar os produtores da nossa cidade, convidando todo estado, e até mesmo todo país a conhecer como é o processo de crescimento da fruta até poder ser consumida”, ressalta Quirino.

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