Em 2 anos, população de rua cresceu 6 vezes

Segundo informações do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), a estimativa é que mais de duas mil pessoas vivam nas ruas de Goiânia

Postado em: 25-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Segundo informações do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), a estimativa é que mais de duas mil pessoas vivam nas ruas de Goiânia

Gabriel Araújo*


Dados do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) estimam que mais de duas mil pessoas estejam em situação de rua em Goiânia. Segundo o coordenador estadual do movimento, Eduardo Matos, o número já pode está defasado. Para Eduardo, que condena as políticas públicas implantadas, o poder público não conseguiu acompanhar o desenvolvimento urbano nacional. “O principal problema é a ausência das políticas públicas, que não conseguiu acompanhar o crescimento da população e leva muitas pessoas a situações de vulnerabilidade”, completa.

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Pesquisa do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (Necrivi) da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizado em 2016, apontou que 46,4% dos moradores em situação de rua vivem na região Central de Goiânia, que é seguida pela região Sul, com 15,8%, e a região Oeste, com 11,5%. Já a região Leste concentrava 10% das pessoas em situação de rua, seguida das regiões Norte (8,1%), Sudoeste (3,3%) e Noroeste (1,9%).

O estudo explica que a concentração de moradores no Setor Central se dá em razão da grande circulação de pessoas. Segundo Matos, cerca de 70% desses moradores trabalham para conseguir uma renda mínima para suprir as necessidades básicas, como alimentação. Outro fato para a concentração ser maior no Centro da capital, é em função dos serviços de assistência pública, como Casa de Acolhida Cidadã, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e o Complexo 24 horas.

Dados apontam que a maior parte da população em situação de rua é constituída por adultos, com quase 85% dos casos, além de crianças e adolescentes que, juntos somam cerca de 9% do total. Foram encontrados 22 idosos, o que corresponde a 6,3%.

A pesquisa, desenvolvida com apoio da Semas, analisou as condições de vida das pessoas constatou que mais de 350 pessoas estavam morando nas ruas da Capital e que, cerca de 80% eram homens com idade média superior a 39 anos.

Ainda de acordo com a pesquisa, o principal motivo para que essa população passe a viver nas ruas são conflitos familiares. Brigas, maus-tratos e outros problemas com parentes acabaram ocasionando a saída de casa. A pesquisa aponta que algumas pessoas sabem onde estão seus parentes, mas se recusam a voltar para e acabam ficando nas ruas.


Problemas

Os moradores das ruas de Goiânia enfrentam diversos problemas. Frio, fome e preconceito são somente o início, mas a violência é a principal causa de mortes. Somente em 2016, data da última pesquisa realizada na Capital, estima-se que mais de 80 pessoas foram assassinadas, os números não são precisos em razão da quantidade de pessoas ainda não identificadas no Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Científica do Estado de Goiás. 

Para um ex-morador de rua da Capital, que decidiu não se identificar, morar nas ruas era sempre uma luta. “Eu sentia medo, sabia que ia dormir, mas não tinha a certeza de que iria acordar. Vi alguns companheiros de rua morrerem de frio, outros morrerem assassinados”, completou.

Segundo Eduardo, a questão social das pessoas em vulnerabilidade social só pode ser resolvida a partir do investimento em políticas que visam à melhora na qualidade de vida de toda a população. “A solução seria construir uma rede de políticas públicas setoriais, na área da educação, cultural, assistência social e trabalho para ajudar a resignificar a vida dessas pessoas”, concluiu. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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