Quinta-feira, 28 de março de 2024

Censo em Goiás concluiu só 25% dos setores em dois meses

Balanço coloca o Estado abaixo da média nacional, que é de 32% nesse período

Postado em: 07-10-2022 às 09h00
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: Censo em Goiás concluiu só 25% dos setores em dois meses
Balanço coloca o Estado abaixo da média nacional, que é de 32% nesse período | Foto: Reprodução

O Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu cerca de 25% dos setores censitários em Goiás. O dado coloca o Estado abaixo da média nacional (32%), considerando o período dos dois primeiros meses do levantamento. Além disso, o indicador significa que Goiás está entre as cinco unidades federativas que menos avançaram nas entrevistas, junto de Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima.

A pesquisa foi iniciada em todo o Brasil no dia 1º de agosto, e a operação já recenseou 1.716.055 domicílios, levando ao montante de 3.305.387 pessoas em Goiás. O estado possui 12.650 setores censitários, e já foram trabalhados 64,7% desse total, sendo 25% concluídos. Desse total, os dados parciais indicaram 1.607.284 homens (48,63% da população recenseada até aqui) e 1.698.103 mulheres (51,37%).

Um setor censitário é a unidade básica de recenseamento e corresponde a um conjunto de domicílios numa mesma área contínua, podendo ter características distintas de acordo com sua localização. Por setores trabalhados, consideram-se aqueles cujo recenseamento está numa das seguintes etapas: em andamento, realizado, supervisionado, reaberto, liberado para pagamento e pago.

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Goiânia, que possui o maior número de setores censitários no estado (2.293), já está com 63,7% deles trabalhados e 14,9% concluídos. Foram visitados até o momento 309.119 domicílios, chegando à população de 550.699 pessoas, 47,06% homens e 52,94% mulheres. Os municípios de Jesúpolis, Santa Rosa de Goiás e Trombas já contam com 100% dos setores concluídos, e outras 18 cidades já passam dos 50% concluídos. 

De acordo com o superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, se comparado com o último Censo realizado em 2010, o estado está atrasado na coleta dos dados. “Os números do balanço parcial demonstram que a coleta está atrasada. O motivo principal desse atraso é a falta de recenseadores em diversos estados do país, inclusive aqui em Goiás”, explica.

Extensão do campo

Para agilizar a pesquisa, o instituto estendeu o período de trabalho de campo por mais um mês e está com contratações abertas para novos recenseadores. “Uma operação dessa magnitude vai exigir adaptação, superação e reformulação das expectativas. Em 2022 não tem sido diferente. O período pós-pandêmico, o contexto político e a situação econômica nacional apresentam desafios e o instituto trabalha diuturnamente para superá-los”, aponta o superintendente.

Somente em Goiás o planejamento do IBGE era contar com 6.503 agentes atuando pelas ruas, no entanto apenas 3.647 estão ativos aplicando os questionários. E com a aproximação das festas de fim de ano, e a Copa do Mundo, o objetivo é agilizar o trabalho. “Realizar o recenseamento num país com as dimensões e complexidades do Brasil é sempre um desafio. Esperamos estar com a coleta do Censo Demográfico bem mais avançada e, com isso, minimizar os efeitos desses eventos sobre a operação”, finaliza Edson.

Ausência no domicílio é a principal dificuldade dos recenseadores

Os dados preliminares indicaram como ausentes os moradores de 190.373 domicílios goianos. O valor corresponde a 13,58% dos domicílios recenseados até o momento e é uma dificuldade relevante para a execução do Censo. Em comparação, 2,27% dos domicílios foram registrados como Recusa (31.875 domicílios), ou seja, quando o morador está presente, mas se nega a responder ao questionário.

Flávio Pereira, recenseador do Censo, afirma que há uma resistência da população em responder e que é desgastante voltar para a mesma casa várias vezes até conseguir uma entrevista. “O meu setor possui um poder aquisitivo mais elevado então as pessoas trabalham durante a semana e viajam para chácaras ou fazendas nos finais de semana”, aponta.

Caso a pessoa não seja encontrada em seu domicílio, o recenseador registra aquele domicílio como ausente. “Ele deixa uma carta convidando o morador a entrar em contato, marcar um encontro presencial ou, se quiser, realizar o questionário por telefone ou internet. Mas o trabalho não para por aí. É procedimento padrão que o recenseador retorne a aquele domicílio por no mínimo quatro vezes, em horários e dias diferentes, na tentativa de encontrar o morador”, explica o IBGE.

Diariamente o recenseador realiza a aplicação de 8 a 10 questionários em média. Inicialmente muitas pessoas negavam-se a atender os agentes do IBGE, mas Flávio relata que a experiência tem sido positiva em poder contribuir com essa pesquisa nacional. “Num primeiro momento houve certa desconfiança por parte dos moradores, mas com o desenrolar do trabalho, somado às informações fornecidas pela imprensa tais dificuldades foram superadas”, destaca.

Para tranquilizar e orientar a população, todos os recenseadores estarão sempre uniformizados, com o colete do IBGE, boné do Censo, crachá de identificação e o DMC. A previsão era concluir o trabalho até o final de outubro, mas o IBGE anunciou o adiamento até dezembro. (Especial para O Hoje)

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