Trânsito e planejamento urbano não valoriza o pedestre

Falta de sinalização e calçadas impróprias são as maiores reclamações

Postado em: 08-10-2022 às 09h00
Por: Sabrina Vilela
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Falta de sinalização e calçadas impróprias são as maiores reclamações | Foto: Wagner Pereira

A má sinalização é uma das reclamações mais frequentes de pedestres e motoristas que trafegam pelas ruas de Goiânia. Problemas como faixas apagadas, calçadas desniveladas são facilmente encontradas em várias vias. Especialista em trânsito, Adriano Paranaíba destaca que o ideal seria criar incentivos para que as pessoas respeitem um ao outro no trânsito.  “Não adianta fazer a zona 40 no Centro de Goiânia, falando para ficar andando devagar há 40 quilômetros por hora se tem uma pista com muitas faixas que falam para o carro ir livre”.

Ele afirma ainda que existe uma série de desencontros de faixas de pedestres na cidade e que problemas de sinalização são relacionados à falta de incentivo por parte da prefeitura. Para o especialista, apenas criar regras e multar não resolve os problemas. 

No que se refere às pessoas com mobilidade reduzida, Paranaíba afirma que as ruas de Goiânia possuem uma série de problemas de geometria nas vias que favorecem a circulação do pedestre. “As calçadas são um grande empecilho que nós temos dentro do regimento, não é proibir as pessoas, mas incentivar que donos de calçadas ajudem a mobilidade urbana”. 

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A qualidade do asfalto de Goiânia sempre é questionada quando começam as chuvas e visto que ocorre uma deterioração que é ruim não só para o pedestre, mas para o carro e para todo mundo, conforme destaca o especialista em trânsito. 

Plano Diretor 

O novo Plano Diretor de Goiânia, que atualiza a atual legislação urbanística, entra em vigor em 1º de setembro. O documento, que dispõe sobre o planejamento da capital, foi aprovado, em março, pela Prefeitura de Goiânia após reuniões técnicas e discussão com a sociedade.

Ao todo, 12 leis do município vinculadas ao novo Plano Diretor estão em processo de atualização, tendo em vista regulamentar políticas, projetos e ações. Elas têm por objetivo trazer as regras inerentes a cada tema abordado pelo Plano Diretor.

Uma das leis que será atualizada pelo novo Plano Diretor é o Código de Obras de Goiânia. Ele estabelece diretrizes para a aprovação de projetos, licenciamento de edificações e atividades edilícias, a partir da definição de regras para o controle, o licenciamento, a fiscalização e as penalidades inerentes às construções na capital.

O novo código também traz mudanças na aprovação responsável e modelos de licenciamento para o município, por meio da informatização, digitalização e do autosserviço. Essas duas novas ferramentas, englobadas pelo novo Plano Diretor, garante a divisão de responsabilidades entre o ente público e os profissionais técnicos habilitados, que se responsabilizam pela correta documentação e execução do projeto. Também prevê que a emissão mais rápida e facilitada de alvarás de construção.

O novo Plano Diretor de Goiânia pretende promover mais vagas de trabalho com a criação de seis Pólos de Desenvolvimento Econômicos ligados à tecnologia, inovação, indústrias e empresas de serviços, além de três Arranjos Produtivos Locais (APLs) voltados ao agronegócio, à moda e ao comércio atacadista.

Sobre o Plano Diretor, Adriano Paranaíba acredita que é necessário esperar para saber se a proposta é benéfica para o pedestre, mas ele avalia que o plano traz poucas melhorias na  questão de informatização, digitalização que é muito importante, mas tem muita burocracia. 

“Não adianta só digitalizar e dizer que está diminuindo a burocracia, tem que lembrar da lei da liberdade econômica que vale desde 2019. Não pode ficar cobrando esse tanto de alvará que é abuso ao poder regulatório. Outra coisa ruim é a criação de pólos de movimento econômicos, eles atrapalham uma série de concentrados na cidade e dá uma característica poligênica de alguma forma”. 

Privilégio dos carros

Já o arquiteto e urbanista e também cicloativista, Luiz Botosso é categórico ao dizer  que em todas as ações promovidas pelo poder público “acontece uma quebra de braços com a própria população que não respeita absolutamente nada”. 

Para Botosso, a política pública da capital sempre privilegiou carros. “É preciso legislar com o olhar sensível às necessidades do pedestre, pensar em humanizar a vida daqueles que optaram pela ativa – pedestre e ciclistas – forçando ruas mais arborizadas, iluminação com escala mais humana, calçadas mais acessíveis e amplas. 

Ele acredita que promover um programa amplo, longevo e diversificado de educação para a população, motoristas, comerciantes e os próprios pedestres seria uma forma de trafegar com mais segurança.  (Especial para O Hoje)

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