Goiânia tem 73 áreas irregulares

Mais de 40 mil moradores esperam ter os imóveis regulamentados

Postado em: 01-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mais de 40 mil moradores esperam ter os imóveis regulamentados

Marcus Vinícius Beck*


A zona urbana de Goiânia vem se expandindo rapidamente nos últimos anos. São mais de 600 bairros regularizados pela Prefeitura, de acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário, mas a Secretaria Municipal de Desenvolvimento (Semdus) informou que a Capital conta com 47 loteamentos irregulares e 26 clandestinos. A especulação imobiliária em torno desses imóveis é considerada a principal amiga dos latifúndios urbanos, o que gera um amontoado de casas com falta de equipamentos básicos para sobrevivência. 

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No total, são mais de 40 mil moradias que precisam ser regulamentadas. Por serem mais baratos, os imóveis são vendidos sem documentação aos moradores. Em 2001, após a criação do Programa Casa Legal, a Agência Goiana de Habitação (Agehab) disse que iria trabalhar para que houvesse, o mais rápido possível, a regularização fundiária em 87 bairros instalados em todo o Estado. 


JK II

A ocupação do Residencial JK II, na região noroeste de Goiânia, assumiu ares de enorme invasão. Formada em 2009 por famílias de baixa renda que estavam atrás de lotes mais baratos, a posse urbana tem cerca de 350 famílias que vivem sem luz e água. A mobilização popular do bairro remonta ao drama na ocupação do Parque Oeste Industrial. 

Os assalariados de baixo rendimento enxergaram uma forma mais em conta de comprar um terreno. Mas ninguém imaginava, ao fechar negócio, que seria tão difícil conseguir direitos básicos de infraestrutura. Água e energia elétrica são itens de luxo entre os moradores dali. Alguns, para ir trabalhar, chegam a percorrer longas caminhadas apenas para apanhar o ônibus. 

A reportagem de O Hoje esteve no residencial JK na tarde de ontem e constatou, por meio de relatos de posseiros, que a situação é de “total desgosto”. Muitas pessoas são da Capital, mas é possível encontrar moradores que são provenientes de outros municípios, como Aparecida de Goiânia e Goianira. A maioria deles moram amontoados em casas com tijolo à mostra, em pequenos lotes, sem a mínima condição de dignidade. 


Moradores

Essa é a rotina da doméstica Helena Teixeira de Araújo, 45. Moradora do residencial há anos, ela disse que as pessoas estão “totalmente abandonadas” por lá. Ônibus, de acordo com ela, é praticamente inacessível, pois os moradores tem de percorrer todos os dias longos quilômetros para pegá-lo. “Eu trabalho no Setor Oeste”, diz à reportagem, arrematando: “Todo dia pego três ônibus para ir ao serviço”.

Dono de uma mercearia no residencial JK, Darci Gonçalves relatou que o local precisa de infraestrutura básica. De acordo com ele, que mora em uma casa amontoada ao lado de seu comércio, “toda a população tem direito a viver com o mínimo”. “Todos, também, precisam de uma terrinha para chamar de sua”, brinca, acrescentando: “A situação aqui depende mais do Poder Judiciário do que do Poder Público”, diz.

Mãe de duas crianças, sendo uma de colo, a dona de casa Mairis Pereira da Silva, 32, declarou que é necessário, o quanto antes, a regularização do residencial II. Falta de itens básicos para sobrevivência, segundo ela, faz com que a situação no bairro seja praticamente “insustentável”. “Precisamos viver como gente, pois do jeito que está não dá para continuar”. Mairis mora no residencial há anos. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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