Manifestações culturais devem migrar para a Estação Ferroviária
Símbolo de Goiânia, a Estação Ferroviária começou a ser revitalizada em meados de janeiro. Expectativa com a reforma é de que população passe a usufruir culturalmente o monumento
Por: Sheyla Sousa
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Marcus Vinícius Beck*
A Estação Ferroviária de Goiânia, no Setor Norte Ferroviário, deve receber manifestações culturais depois que as obras de revitalização estiverem prontas. Questionado pelo O Hoje acerca de quando entrará em vigor o centro cultural, a Prefeitura disse que ainda não há uma data precisa de término das obras e, por isso, torna-se difícil informar uma data. Palco de manifestações durante a Ditadura Militar, a reforma da Praça do Trabalhador teve início em 18 de janeiro e pode durar cerca de seis meses.
Com o propósito de reformular momentos históricos que remetem a construção de Goiânia, na década de 1930, o projeto de revitalização recebeu R$ 5,8 milhões de recursos do Governo Federal. Abrigo de moradores de rua, a praça atualmente serve como ponto para consumo de droga em plena luz do dia. Mas, com a intervenção, a intenção é de que o monumento passe a ser utilizado pela população com mais freqüência, e, assim, diminuam os incidentes criminais nas imediações.
De acordo com a coordenadora técnica do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan), Beatriz Otto Santana, a revitalização visa “a integridade da Estação Ferroviária de Goiânia e seu uso” por parte da população. No entanto, segundo ela, para mantê-la como patrimônio da cidade é necessário uma série de ações, que vão desde o uso do espaço até sua manutenção pela Prefeitura. “A preservação do patrimônio cultural não se finda com a execução das obras, mas é uma responsabilidade diária, de todos os cidadãos, e não apenas do Poder Público”, diz.
Inaugurada na década de 1950, a Estação Ferroviária funcionou até a década de 1980. Neste período, a estação recebia trens de carga, que vinham de outros estados, e passageiros de várias partes do Brasil e de Goiás por meio da Estrada de Ferro de Goyaz. Em 2002, o monumento, parte do acervo arquitetônico Art Déco da Capital, foi tombado pelo Iphan. O pavimento central do edifício possui dois conhecidos afrescos de autoria de Frei Nazareno Confaloni, pintor e muralista, tido como pioneiro da arte moderna em Goiás.
“Dessa forma, restaurar o edifício e retomar o seu uso é um importante passo na preservação do patrimônio cultural da cidade, pois representa o resgate de um marco tão significativo da identidade dos goianienses”, frisa a coordenadora do Iphan em Goiás. Adquirida em dezembro, a ordem de serviço proporcionou ações no sentido de limpeza, segurança e proteção do edifício. “A requalificação de toda a área envoltória, que incluir serviços de paisagismo e implantação de equipamentos urbanos”.
Prefeitura mandou projeto para o Iphan
A Prefeitura de Goiânia encaminhou nesta semana ao Instituo do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Goiás projeto de reformulação da Praça do Trabalhador, no Setor Norte Ferroviário. As obras de revitalização constam no projeto Leste-Oeste, que é continuidade da Avenida Leste Oeste do Centro até o Jardim Novo Mundo.
Em novembro do ano passado, o prefeito Iris Rezende (PMDB) anunciou a construção da parte leste da Avenida Leste-Oeste. Construída em sua última gestão à frente do Paço Municipal, a parte Leste da via foi ignorada por vários prefeitos. “Com o projeto em mãos, esperamos a formalização do convênio com o Estado para, tão logo sejam disponibilizados os recursos prometidos, darmos início às obras”, disse.
Praticamente toda a população tem conhecimento do que há em frente à Câmara Municipal de Goiânia e ao final da Avenida Goiás: a Praça do Trabalhador. Lá, está localizada a antiga Estação Ferroviária, que atualmente serve como ponto para consumo de drogas por parte de moradores de rua e casos de assalto. Antes era possível enxergar ratos caminhando livremente pela região. A empresa Pastosa, responsável pelas obras de revitalização do monumento, disse que havia entre 1 a 4 mil deles na praça.
MPF
O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás abriu inquérito em meados de janeiro para apurar supostas irregularidades por parte do município de Goiânia nas obras de revitalização da Estação Ferroviária. A entidade alega que a prefeitura demorou na correção da documentação da proposta de restauração da Estação Ferroviária, que inviabilizou a inserção da cidade no prol de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, previstos em 2013. De acordo com o MPF, a gestão do ex-prefeito Paulo Garcia (PT) perdeu o prazo para receber os recursos federais que fomentariam a restauração da Estação.
De acordo com primeiras providências, o MPF pediu à Superintendência Regional do Iphan em Goiás informações acerca da situação da Estação Ferroviária, especificamente quanto ao real estado de conservação e seu uso. Ainda solicitou à Secretaria Municipal de Cultura do Município de Goiânia mais informações sobre medidas tomadas para a restauração do imóvel, já que muitas atividades que estavam previstas em contrato não chegaram a ser postas em prática.
Projetos
Outro projeto para a revitalização da Praça do Trabalhador, no Setor Norte Ferroviário, em Goiânia, está sendo discutido. Desta vez, um grupo de integrantes da Feira Hippie que quer que o local passe por revitalização, porém os interesses do grupo têm de ser mantidos e o espaço usado apenas uma vez por semana para lazer.
O grupo de feirantes afirma que a iniciativa visa assegurar a continuidade da feira. A iniciativa é a terceira para apresentar um projeto de melhoria da Praça do Trabalhador. Apresentado em 2015, um dos esboços contava com espaço revitalizado e área para estacionamento de 1,3 mil veículos. No entanto, a ideia foi alvo de críticas, e outro projeto teve de ser apresentado.
Discutido entre Prefeitura e Instituo do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), o segundo projeto foi publicado no último sábado, dia 27. O órgão disse que iria analisar o projeto com o máximo de rapidez possível e pretende finalizar o estudo em, no máximo, duas semanas. Caso seja aprovado, o projeto será executado com verbas federais. Apenas a Praça do Trabalhador gira na casa de R$ 3 milhões.
O terceiro projeto, feito de maneira espontânea pelos feirantes, não chegou a ser apresentado pela Prefeitura. Até o momento, um grupo de trabalhadores da feira Hippie aguarda contato com servidores da Prefeitura para encontrar o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec), Ricardo de Val e com o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB). (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)