Quase 30% das crianças não se vacinaram contra meningite

A última vez em que o percentual de crianças vacinadas contra meningite ultrapassou a meta da pasta da saúde foi em 2015

Postado em: 22-10-2022 às 08h12
Por: Alexandre Paes
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A última vez em que o percentual de crianças vacinadas contra meningite ultrapassou a meta da pasta da saúde foi em 2015. | Foto: Reprodução

Quase um terço das crianças goianas têm risco de adoecerem por meningite. A campanha nacional de imunização chegou a ser prorrogada, mas somente os pais ou responsáveis de 70% dos pequenos de até dois anos de idade atualizaram o cartão vacinal. A doença é endêmica, ou seja, há registro de casos anualmente, mas um surto com ocorrência de mortes em São Paulo chamou atenção para a baixa cobertura vacinal. 

A meningite de origem infecciosa pode ser causada por diferentes agentes etiológicos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites bacterianas e virais são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, pela magnitude de sua ocorrência e potencial de produzir surtos, por isso a meta do Ministério da Saúde é atingir 95% do público-alvo.

A última vez em que o percentual de crianças vacinadas contra meningite ultrapassou a meta da pasta da saúde foi em 2015, quando 96% delas foram imunizadas. Com os índices em queda, neste ano foram registrados em Goiás 108 casos e 17 mortes. No ano passado, a doença fez 111 pacientes e 10 mortos, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Goiás (SES-GO). 

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De acordo com a Superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, a secretaria tem se dedicado fortemente na divulgação e campanhas já realizadas para imunizar e evitar o retorno de doenças erradicadas. “Seguimos reforçando que a vacina é a única forma segura de proteger as crianças. Tomando as doses nos prazos adequados podemos evitar surtos e evitar essa doença e outras que já estão até erradicadas do território brasileiro, como a poliomielite, que causa a paralisia infantil e pode evoluir para o óbito em casos mais graves”, explica.

“Esse percentual registrado em Goiás precisa subir para que a gente não retorne ao quadro de doenças que já foram erradicadas ou mitigadas. A vacina é fundamental para proteger a população. Estar com o cartão atualizado significa estar protegido e aumentar a cobertura vacinal. A meningite é uma doença que pode evoluir rápido, deixar sequelas graves ou ainda matar”, explica o diretor de comunicação da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), pediatra Lucas Alvarenga. 

Uma pesquisa sobre os motivos da hesitação vacinal, realizada pelo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), indica que há a percepção de baixo risco para as doenças porque as pessoas não veem outras infectadas, criando uma sensação de falsa segurança.

Transmissão

A transmissão da meningite bacteriana ocorre de pessoa a pessoa, por via respiratória, por meio de gotículas e secreções das vias aéreas superiores. No caso da meningite viral, além da transmissão respiratória, a transmissão via fecal-oral tem sido observada em alguns casos.

Para a prevenção da doença, a vacinação é considerada a forma mais eficaz e consiste na administração de vacinas que protegem contra a meningite. A identificação e tratamento oportuno de casos e o rastreamento de contatos próximos com aplicação das intervenções necessárias também são importantes para evitar a ocorrência de surtos.

A superintendente ressalta que a cobertura em Goiás segue baixa para essa doença, o que preocupa as autoridades. “A cobertura vacinal em crianças com menos de 1 ano está em 74,86%. Já em crianças e adolescentes de 11 a 14 anos, a cobertura da vacina contra a meningite está em 45,90%. Os pais precisam levar as crianças para serem imunizadas. Não podemos correr o risco de ter um surto em Goiás como o que já foi registrado em São Paulo”, explica Flúvia. 

Vacinas

Entre as vacinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que fazem parte do Programa Nacional de Imunização, temos: a vacina meningocócica conjugada sorogrupo C, que protege contra a doença meningocócica, causada pelo sorogrupo C; a vacina pneumocócica 10-valente (conjugada), efetiva contra as infecções invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite. 

Também são ofertadas a vacina Pentavalente, que protege contra as infecções invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e ainda contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B; a BCG, que evita as formas graves da tuberculose; e a vacina meningocócica ACWY (conjugada), que está disponível na rede pública, para adolescentes de 11 a 14 anos de idade. 

O estado de Goiás tem apresentado perfil semelhante ao que ocorre no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, houve queda na cobertura em relação às vacinas BCG (73,13%), Meningo C (70,28%), Pentavalente (65,5%) e Penumocócica (74,08%), de 2016 a 2021 respectivamente.

Bloqueio

Outra medida de prevenção e de controle da infecção por meningite é baseada na quimioprofilaxia com antibióticos. O tratamento é indicado somente para os contatos próximos de casos suspeitos de meningite por Haemophilus influenzae tipo B e doença meningocócica, sendo de responsabilidade do município onde ocorreu o caso realizar o bloqueio e orientações a todos os contatos próximos ao doente. 

Muito embora não assegure efeito protetor absoluto e prolongado, a quimioprofilaxia tem sido adotada como uma medida eficaz na prevenção de casos secundários e deve ser realizada o mais precocemente possível. Outras formas de prevenção contra a meningite incluem evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e limpos. A notificação da doença é obrigatória por parte dos municípios goianos, que devem investigar os casos e realizar os bloqueios.

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