Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Nutrição oncológica faz parte do dia a dia da pessoa com câncer

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que apenas em 2022 devem surgir no país 66.280 novos casos da doença

Postado em: 22-10-2022 às 08h30
Por: Sabrina Vilela
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Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que apenas em 2022 devem surgir no país 66.280 novos casos da doença. | Foto: Wagner Pereira

Informações divulgadas pela Secretaria de Estado Saúde mostram que 423 goianas estão em tratamento contra o câncer de mama no estado. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que apenas em 2022 devem surgir no país 66.280 novos casos da doença no geral. Goiás terá até o fim deste ano 1.620 novos casos.

Os cuidados com os pacientes oncológicos vão muito além das últimas medicações desenvolvidas pelos laboratórios e as melhores terapias que a medicina pode oferecer. Para quem está no processo de enfrentamento do câncer o cuidado com a nutrição adequada é essencial. 

Quem entrou para esses números foi a professora Marisa Oliveira Ramos de Santana,49. Ela descobriu o câncer de mama há cerca de três meses. Para ela, o dia 8 é um “marco”, visto que em 8 de julho ela perdeu a mãe e em 8 de agosto ela recebeu o diagnóstico. No autoexame já identificou o problema, mas como estava preocupada com a mãe doente não procurou o médico de imediato. 

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Apesar do desespero que sentiu no início, Marisa fez de tudo para não fraquejar. “Mediante a rede de apoio que eu tive eu me fortaleci, me alegrei, comecei a buscar  formas de continuar vivendo. Deixei de lado aquilo de vitimismo, de ficar chorando. Tudo que a equipe médica que está me acompanhando me propõe fazer, eu faço”, enfatiza. 

Desafios

O que mais está ajudando a professora nesse processo é a equipe de apoio composta por familiares, amigos e equipe médica. O caso de Marisa é considerado “fora da curva” porque não possui casos de câncer na família e ela levava uma vida saudável.  Ela já fez mais de 10 sessões de quimioterapia e segundo ela está até “suportável” os efeitos colaterais. Natural da cidade de Formosa, a 260 km de Goiânia, ela teve que se deslocar para a capital a fim de receber um tratamento mais completo. 

“O que mais me machuca de estar aqui é ficar longe do meu filho que é autista, somos muito grudados. Mesmo aqui dou aula online para ele”, afirma em lágrimas. Para facilitar o deslocamento, ela fica alguns dias em Goiânia e depois volta para a cidade natal junto com a família. Mesmo diante de um diagnóstico, que para muitos seria um caso perdido, Marisa dá lugar à fé e a positividade. 

“Eu não tenho medo , tenho muita fé em Deus, eu choro porque sou humana. Quando vejo que estou caidinha eu me fortaleço na fé. Temos que ser gratas em tudo na vida, levar as coisas com leveza e gratidão. Tudo passa”. 

Outro desafio enfrentado por ela é o gasto com medicações. Mesmo com o plano de saúde ela encontra dificuldade para pagar determinados exames. Também a adaptação com a nova alimentação e a rotina da família alterada completamente devido ao diagnóstico. 

“Algo que a nutrição me ajudou a conseguir foi amenizar os sintomas dos efeitos causados pelo tratamento. Aprendi a comer mais devagar, ter alimentação mais fracionada, diminuir o consumo do açúcar, seguir as orientações da especialista, a ingerir mais água”, detalha. 

O paciente oncológico deve ser mais cauteloso com a higienização dos alimentos, a forma de cozinhar. É um cuidado redobrado por isso eles recebem uma apostila com os efeitos colaterais da quimioterapia e como intervir no tratamento por meio da alimentação.  

Alimentação 

Devido às várias medicações que o paciente oncológico recebe, o organismo fica fragilizado. Por isso, nesse momento uma dieta especial, desenvolvida por nutricionistas especializados em oncologia, precisa ser introduzida no dia a dia do paciente. Nutricionista, Marcela de Paula explica que a nutrição oncológica veio para intervir no tratamento do paciente , não só durante o tratamento,  mas como uma nutrição preventiva. 

Essa parte do tratamento ajuda a minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia como fadigas, cansaços, tremores, e alguns sintomas que o paciente venha a ter como mucosites que são feridas como aftas. Nem todos apresentam os mesmos sintomas, mas começam a ter restrições alimentares que resultam em deficiência nutricional.

Segundo a especialista, o ideal seria que o paciente fizesse desde o início ao saber de casos de câncer na família.  A nutrição oncológica leva em conta a individualidade de cada paciente, para isso o profissional da nutrição precisa ter acesso ao protocolo montado. Para nutrição preventiva pode procurar qualquer nutricionista apto para fazer esse trabalho. “No caso da nutrição oncológica ela é mais específica por conta da interação droga e nutriente. O profissional precisa saber identificar a medicação que será usada porque cada medicação pode fazer mudanças”. 

Marcela destaca que 20% da população está tentando cuidar da alimentação, já o restante da população está sobrepeso ou obeso. Um alimento isoladamente não vai causar câncer, mas o contexto no geral, conforme destaca a nutricionista oncológica. 

Evento 

O 1º Meeting de Nutrição Oncológica em Goiânia ocorrerá no dia 29 de outubro, das 8h às 18h, no Castro’s Park Hotel. “A ideia desse evento é trazer capacitação a profissionais e estudantes do setor. Vamos falar sobre nutrição oncológica, mais também nutrição comportamental, clínica, educação alimentar, como abordar os pacientes e muito mais. Esperamos por vocês”, convida Marcela de Paula. 

São esperadas mais de 15 palestrantes, com temas que envolvem a nutrição, mais também a enfermagem, psicologia, fonoaudiologia, odontologia e demais áreas voltadas para a oncologia. A apresentação do evento será feita pela jornalista e apresentadora Fernanda Arcanjo. As inscrições podem ser feitas pelo site.

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