Mãe que foi indiciada por matar duas filhas, em Edéia, aguarda transferência para hospital psiquiátrico há quase um mês

Izadora Alves de Faria foi internada no Pronto Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc, na capital goiana, após tentar se matar dentro do presídio

Postado em: 26-10-2022 às 19h07
Por: Ana Bárbara Quêtto
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Izadora Alves de Faria foi internada no Pronto Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc, na capital goiana, após tentar se matar dentro do presídio | Foto: Reprodução

A mãe que confessou ter matado as duas filhas, em Edéia, aguarda, há cerca de um mês, uma transferência para um hospital ou clínica psiquiátrica. A Justiça de Goiás exigiu que a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) consiga uma vaga para a mulher, que agora está em um pronto socorro de forma provisória, sob pena de multa de R$ 10 mil, por dia.

Izadora Alves de Faria foi internada no Pronto Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc, na capital goiana, após tentar se matar dentro do presídio, onde foi levada após a prisão, e continua até esta quarta-feira (26/10). O local é destinado apenas a avaliação de pacientes.

Em nota, a SES-GO disse que “a rede estadual não dispõe de leitos psiquiátricos, e os existentes no Sistema Único de Saúde são regulados pelos municípios”. No entanto, a secretaria afirmou que, assim que for notificada da decisão judicial, “tomará as devidas providências cabíveis, que é informar o município”.

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De acordo com o G1, a Central de Regulação de Goiânia busca vaga, junto às duas unidades psiquiátricas credenciaras ao Sistema Único de Saúde (SUS) para que a paciente seja transferida. A decisão da Justiça, que pediu um hospital psiquiátrico para Izadora, foi publicada na última sexta-feira (26/10), pelo juiz Hermes Pereira Vidigal.

O juiz explica que, como não há um manicômio judiciário em Goiás, cabe ao próprio Estado providenciar uma clínica ou hospital especializado em psiquiatria para internação da denunciada, até a realização do exame de sanidade mental.

No documento, ele cita, ainda, a expectativa da mulher ser recebida na Casa de Eurípedes, que é um hospital psiquiátrico, contudo, a unidade “se recusou a recebê-la”. Assim, o magistrado cedeu um prazo de 48 horas para que a Secretaria Estadual de Saúde disponibilize um leito para Izadora, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, limitada em R$ 200 mil.

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O crime

Segundo a Polícia Civil, a suspeita envenenou, afogou e depois esfaqueou as meninas, Maria Alice Alves de Souza Barbosa, de 6 anos, e Lavínia Souza Barbosa, de 10 anos. “Constatam-se elementos de informação suficientes para colocar em dúvida sanidade mental da acusada, tratando-se de pessoa, em tese, com transtornos mentais visíveis”, disse o antigo advogado de defesa da mãe.

A diretoria do presídio de Israelândia, local onde ela estava detida, alegou que o estabelecimento prisional não tem “estrutura física e humana para custodiar pessoas presas com o quadro de saúde/transtornos mentais”, como o da mulher, de 30 anos.

Ao chegar na cadeia, Alves apresentou um comportamento inadequado e alterado, com sinais de confusão mental, além de tentar tirar a própria vida dentro da cela, conforme ofício da diretoria enviado ao juiz.

Com isso, o advogado de defesa da mulher pediu que a Justiça de Goiás fizesse um exame de insanidade mental para saber se ela pode responder criminalmente pelas mortes. “É preciso destacar a existência de fortes indícios de que a investigada é acometida por doença mental grave, o que implicaria na possibilidade de constatação da sua inimputabilidade ou semiimputabilidade”, explicou o advogado.

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Intenção de matar as filhas

Em seu depoimento à PCGO, Izadora contou que há algum tempo já pensava em matar as meninas. Segundo o delegado Daniel Moura, a mulher tentou comprar uma arma de fogo para cometer o crime.

“Com a arma de fogo, segundo ela, ela cometeria os homicídios e tiraria a própria vida de forma mais rápida. Facilitaria [o crime], nesse sentido”, relatou Daniel.

No dia 27 de julho, Izadora compartilhou em uma rede social a foto de um laudo psicológico que a considerou apta para manuseio de arma de fogo. No dia seguinte, a suspeita postou a captura de tela de um aplicativo que mostrava mensagens com despachantes de armas de fogo.

O delegado informa que ela não chegou a ter acesso à arma. Questionada, a mãe teria revelado a intenção de matar, porém, não disse desde quando e como surgiu esse pensamento.

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