Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Transplante de rins é recorde

Em seis meses, HGG realizou 60 transplantes. Unidade é uma das principais transplantadoras do Centro-Oeste

Postado em: 08-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Em seis meses, HGG realizou 60 transplantes. Unidade é uma das principais transplantadoras do Centro-Oeste

Wilton Morais*

O Hospital Geral de Goiânia (HGG) fechou o ano de 2017 com 83 transplantes renais, sendo destes 12 doações de órgãos intervivos e 71 doações de cadáveres. Os dados apontam evolução no atendimento na unidade, que nos últimos seis meses, atingiu a realização de 60 transplantes, batendo a meta estipulada para um ano. 

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O estudante de direito Cristiano Rodrigues realizou o transplante no fim de janeiro, com os rins doados por sua mãe comemora o sucesso da operação. “Minha mãe está ótima e recuperou mais rápido. O amor que tenho por ela multiplicou por mil vezes mais. Não em relação ao que ela fez por mim, porque isso pode se tornar até egoísmo, mas pela prova de amor que ela me deu, mesmo o médico dizendo sobre os riscos. Eu também só optei por transplante dela quando o médico me garantiu que os riscos eram mínimos”, contou a reportagem.

Após a cirurgia, Cristiano agora faz parte entre os pacientes que já operaram no HGG, que atualmente tem conquistado espaço como um dos maiores transplantador do País. Há quase um ano, o hospital conta com duas equipes específicas para transplantes, com meta inicial de incrementar o número de transplantes realizados no Estado de Goiás e realizar cerca de cinco implantes por mês e mais 60 cirurgias em 2017. Dessa maneira, o Hospital faz parte do Serviço Estadual de Transplantes Renais e se tornou credenciado pelo Ministério da Saúde como unidade referência para os procedimentos.

De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) a unidade de saúde se tornou uma das principais transplantadoras do Centro-Oeste. Apenas nas primeiras 72 horas após o lançamento do serviço de transplantes renais, a unidade realizou oito transplantes. Conforme o Hospital, todas as cirurgias obtiveram êxito e 14 órgãos foram provenientes de doadores cadáveres. 

O coordenador do serviço de transplantes renais do HGG e nefrologista, Bráulio Ludovico Martins, ressaltam que desde março do ano passado até dezembro foram mais de 90 transplantes que superaram a meta de 150% do Governo Estadual. “Fizemos isso em nove meses. O HGG possui uma estrutura completa e não faltam recursos nenhum. Temos condição de trabalho, em termos de medicamentos e profissionais”, considerou. 

 

Recuperação é tranquila 

Após receber os rins de sua mãe, Cristiano Rodrigues ressalta que a operação foi tranquila. “Por mim até esperaria um pouco mais na fila, mas como ela estava mais ansiosa, acabamos realizando a operação. Eu estava aguardando desde outubro de 2013. Fiquei doente, e os médicos não sabiam o real motivo”, contou Cristiano.

À época, o estudante coordenava quadrilha, em uma igreja, no setor Urias Magalhães, quando começou a sentir uma forte dor na garganta. “Achei que seria problema estomacal. O médico até achou que era, e o medicamento receitado até resolveu o problema naquele momento. Um mês depois eu fui para o Piauí e lá comecei a sentir que tudo que eu comia, após cinco minutos, regurgitava”, relatou. 

Encaminhado para o Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) Vila Nova, Cristiano chegou a ser diagnosticado com virose, mas com os rins já com problemas tive a primeira parada cardiorrespiratória. “Após tomar o soro, me lembro de estar na sala de ressuscitação. Depois, dessa vez no Cais de Campinas, os médicos ligaram para o meu pai e informaram que se não arrumasse vaga, em um UTI em 12h, eu então não iria sobreviver. Conseguimos então vaga no HGG, onde fui induzido ao coma e realizei inúmeros exames para descobrir o que eu tinha”.

Hemodiálise 

De acordo com Cristiano, antes mesmo da operação foi preciso usar um cateter, na esperança de que seus rins voltassem a funcionar. “Comecei então o acompanhamento no HGG, entre 2014 até fevereiro de 2015, quando fui transferido para o Jardim América. Fiz hemodiálise de fevereiro até o último sábado antes do transplante. Foram três anos de hemodiálise”, explicou.

Ao incentivar a doação de órgãos – que também é uma forma de tratamento, como a hemodiálise – Cristiano assegurou que graças ao implante, hoje é possível sonhar novamente com seu casamento e com o término dos estudos. “A hemodiálise é um modo de sobrevida, mas ao mesmo tempo exige muito do nosso organismo. Meu organismo sofreu muito com a hemodiálise, com as reações, por conta da alimentação regrada. Se você tem deficiência de potássio, você não pode beber nada de potássio, tudo deve ser equilibrado. 

Médico diz que problema é silencioso 

O coordenador do serviço de transplantes renais do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) e nefrologista, Bráulio Ludovico Martins, evidência o problema renal. “O transplante não é a cura, mas sim uma modalidade do tratamento. Quando o paciente consegue realizar um transplante e este é bem sucedido, a qualidade de vida do paciente se torna bem melhor”. 

Para o médico, a doença renal é silenciosa. “90% dos pacientes não sabem que possuem um problema renal. Às vezes nunca passaram por um especialista e os clínicos às vezes não percebem o problema. A maioria dos pacientes nefropatas dialíticos possuem pressão alta e diabetes, ou seja, a maioria da população. Mas também há outras tipologias associadas, como uso indiscriminado de anti-inflamatórios, e alteração do coração”. 

De acordo com Bráulio, ao mesmo tempo em que aparecem essas doenças os rins começam a ter sofrimento. “Como é uma doença silenciosa, os rins ficam danificados. Em outros momentos o médico diz para o paciente que ele deve procurar um nefrologista, mas o paciente acaba achando desnecessário, não valoriza a informação médica, por achar que não há dor. Em situação avançada, ele já precisa de um tratamento como o dialítico”, alertou.

Orientação

O coordenador do serviço de transplantes renais do HGG conta que para prevenir é preciso utilizar de uma alimentação saudável. “Deve se cuidar de todas as doenças, como pressão alta e diabetes. Não se devem usar medicamentos sem prescrição médica, e claro, fazer uma consulta geral. Por se tratar de uma doença silenciosa”, orientou.

Para o médico, após o operatório, o paciente pode voltar para a sociedade com um modo de vida mais digno. “O paciente que realiza hemodiálise passa por até quatro horas em uma maca. Às vezes vindo de outro municípios e por isso fazem longas viagens. Ou seja, as limitações são enormes”, ponderou. Conforme o médico, quando um transplante é realizado esses problemas são amenizados. “O paciente então volta a produzir, trabalhar e ter um convívio social”, disse. (*Especial para o Hoje) 

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