Esposa de ex-presidente da Valec é denunciada por corrupção
De acordo com o MP, os valores recebidos por ela eram propinas ligadas a fraudes na construção da Ferrovia
Por: Sheyla Sousa
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O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou a esposa do ex-presidente da Valec Engenharia, José Francisco das Neves, conhecido como Juquinha das Neves. No documento, ela declarou ter recebido R$ 2,2 milhões por ser sócia de uma empresa, mas nunca chegou a fazer parte do quadro de acionistas do grupo. De acordo com o MP, os valores recebidos por ela eram propinas ligadas a fraudes na construção da Ferrovia Norte-Sul.
O procurador da República, Rafael Paula Parreira Costa, disse em sua denúncia que Marivone Ferreira das Neves declarou à Receita Federal que recebeu, em 2007, R$ 2,2 milhões da empresa BRD Empreendimentos Imobiliários Ltda. Percebeu-se que ela nunca integrou o quadro de sócios da empresa e que não constavam, nas declarações de imposto da BRD Empreendimentos, pagamentos acerca de quaisquer valores aos sócios e nem a Marivone.
Segundo o procurador, “essa enorme quantia financeira recebia ao longo de 2007 pela denunciada Marivone é o resultado de diversos crimes contra a administração pública, que foram perpetrados pelo seu esposo”. O objetivo era ocultar a verdadeira origem dos valores que Juquinha recebia, o que demonstrava que a quantia era legal.
Juquinha das Neves foi preso em meados do ano passado durante um desdobramento da Operação Lava Jato. De acordo com procuradores da República, a ação baseava-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF pelos executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Guiterrez, que confessaram o pagamento de propina a Juquinha das Neves.
Ferrovia Norte-Sul
Após 25 anos de obra, a Ferrovia Norte-Sul foi inaugurada em 22 de maio de 2014. O trecho entre Palmas e Anápolis, alvo das investigações por parte do Ministério Público (MP-GO), tem 855 quilômetros de trilhos. Mesmo inaugurada, a primeira viagem só foi feita em dezembro de 2015. Por conta da demora, a Valec não soube precisar quanto de dinheiro já havia sido gasto. Na época, estimou-se que foram cerca de US$ 8 milhões, o que equivale a mais de R$ 25 milhões. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)