Goiânia ficará sem blocos de rua no Carnaval

Integrantes de escola de samba dizem que verba não foi liberada neste mês. Última vez que houve carnaval de rua foi em 2004

Postado em: 10-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Integrantes de escola de samba dizem que verba não foi liberada neste mês. Última vez que houve carnaval de rua foi em 2004

Marcus Vinícius Beck*

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O carnaval de rua está longe de ser uma tradição em Goiânia. Neste ano, tudo indicava que a folia tomaria as ruas da Capital como em outras cidades do Brasil. Mas ficou apenas na promessa. Em cima da hora, a verba não foi liberada pela Secretaria Municipal de Cultura e as escolas de samba terão de esperar mais um ano para sair às ruas. A reportagem de O Hoje foi à quadra da escola de samba Brasil Mulato, no Setor Pedro Ludovico, e constatou que as fantasias estão amontoadas em um canto. Bumbos e surdos também estão guardados esperando o ano que vem chegar. 

Mestre de bateria da escola Brasil Mulato, Olodum Love, 38, reclama que a cultura tornou-se algo secundário em Goiânia. Com as contas no vermelho, a escola opta por se inscrever em programas de fomento à cultura no âmbito municipal para não ficar sem dinheiro. “Além disso, também organizamos algumas rodas de samba aqui na quadra para termos arrecadação”, afirma, acrescentando: “O único que investe em cultura carnavalesca, financiando minhas viagens ao Rio de Janeiro, é o professor Alcides”. 

A canarvalesca Mara Magma, 56, disse que a cidade já acumula vários anos sem carnaval de rua. De acordo com ela, a última vez que a cidade teve carro alegórico e escolas de samba desfilando foi em 2004. De lá para cá, até houve carnaval de rua, mas nada que tenha grande relevância. “O carnaval de rua já levou 60 mil pessoas às ruas”, diz. Atualmente, segundo Mara, a festa está morta na cidade. “Além de nos planejarmos o ano todo, sofremos um duro golpe com a notícia de que ficaríamos mais uma vez parados”.

Por meio de nota, a Prefeitura disse que “não patrocina nenhuma festa de carnaval por questões de ordem financeira”.

Bares e ruas

Embora não conte com os tradicionais foliões e carros alegóricos, Goiânia oferece opções de folia para quem decidir curtir o carnaval na cidade. Blocos, botequins e praças devem ser palcos da festa que começou na última sexta-feira e que provavelmente se estenderá até a próxima terça. Ao todo, serão quatro dias repletos de samba e cerveja. Alguns lugares cobraram ingressos para entrar, mas outros são de graça. 

O técnico em logística, Luis Guilherme Tavares, 26, afirmou que o espírito festeiro toma conta de si durante o feriado de Carnaval. Fã de samba e cerveja, o jovem não esconde a simpatia pelos dias de folia. “Nesta época, a gente pode mergulhar de corpo e alma na esbórnia, de corpo e alma sem ficar com peso algum na consciência”, afirma, acrescentando: “pretendo começar os trabalhos logo na sexta-feira mesmo”. 

Fã das festas carnavalescas, a estudante universitária Júlia Aguiar, 21, disse que, mesmo que Goiânia não possua tradição, as ruas e os bares ficam cheios de pessoas. De acordo com ela, é obrigação de todo brasileiro seguir os passos dos blocos durante os quatro dias de folia, pois o carnaval faz parte da cultura brasileira. “Como diz a música: só não segue o bloco quem já está morto”, diz Júlia, citando a famosa marcinha de carnaval.  

Mais de 300 mil pessoas devem passar pela rodoviária no feriado 

O embarque e desembarque aumentou 30% em relação ao período em que o fluxo de pessoas é considerado normal. A expectativa é de que no período entre 08 a 14 de fevereiro cerca de 300 mil pessoas passem pela rodoviária.  Os destinos mais procurados no estado são Aruanã, Caldas Novas, Cidade de Goiás, Goianésia, Pirenópolis, Porangatu e Três Ranchos. Em outros estados, a preferência é para cidade como Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. 

De acordo com a administração da rodoviária, serão disponibilizados aproximadamente 300 novos horários para atender a demanda de passageiros neste período. Para atender o aumento da demanda terá reforço de 30% no número de funcionários das áreas de limpeza, segurança e informação aos passageiros. A administração recomenda que usuários cheguem com antecedência para comprar o bilhete de viagem e embarque no ônibus. 

Para evitar tumultos no momento do embarque, sugere-se que quem for viajar chegue ao local com antecedência de pelo menos uma hora. É preciso portar documentos pessoais, como RG e CPF. Caso crianças menores de 12 anos estejam sem a companhia do responsável, deve-se ter feito um pedido para o Juizado da Infância e Juventude para embarque. Recomenda-se, ainda, que cuidados com transporte clandestino sejam redobrados. 

Problemas financeiros

Em algumas cidades do interior, a folia não será prioridade. Por conta de problemas financeiros, vários municípios resolveram cancelar a festa. Em Catalão, Colinas do Sul e Palmelo, a contenção de gastos é uma das justificativa para o cancelamento. Em Arenópolis, a economia nas contas do município somou-se a morte do prefeito da cidade, Flávio Júnior Vilela (MDB), em janeiro deste ano, aos 29, quando sofreu um enfarte durante uma cirurgia para tratar pancreatite.

Saúde sugere recomenda de camisinha durante carnaval 

Para evitar Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) recomenda o uso de preservativo durante relações sexuais no carnaval. Em reunião realizada na última sexta-feira na região central, foi distribuído algumas camisinhas à população. Desde o ano de 2007, foram diagnosticados em Goiânia cerca de 2 mil pessoas com Aids. A faixa etária em que predominam os casos da doença é dos 30 aos 39 anos. 

De acordo com a diretora de Vigilância Epidemiológica da SMS, Laura Branquinho, é preciso ter em mente que o preservativo pode se romper durante a relação sexual. “O objetivo é reforçar o uso da camisinha e levar informações sobre HIV, Aids e hepatites virais”, diz, acrescentando: “Se há rompimento do preservativo, a orientação é procurar o mais rápido possível um dos locais que dispões do serviço para receber uma medicação que ajuda a prevenir uma possível infecção”,

Casos de sífilis também tiveram aumento em todo o país. Em Goiânia, o aumento foi identificado a partir de 2015, quando houve dificuldade no abastecimento da penicilina nas farmácias – o medicamento é usado como primeiro escala para combater o tratamento da doença). (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)  

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