Goiânia supera a média nacional de inadimplência em outubro
Capital teve mais uma alta na passagem do mês, com 1,48% de aumento
O volume de famílias com contas atrasadas no país voltou a subir em outubro e atingiu a maior taxa anual em seis anos. Segundo dados apurados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a proporção de famílias inadimplentes atingiu 30,3% no mês – um aumento de 0,3 ponto percentual na comparação mensal e de 4,6 p.p. na relação com igual período de 2021.
A economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, pondera que a proporção de famílias com dívidas atrasadas por mais de 90 dias tem diminuído desde abril, totalizando 41,9% dos inadimplentes nessa situação em outubro, a menor proporção desde dezembro de 2021. “Os consumidores têm buscado renegociar as dívidas sem pagamento há mais tempo”, avaliou Izis, em nota oficial.
Seguindo a tendência dos últimos meses, a inadimplência em Goiânia sofreu mais uma alta na passagem de setembro para outubro, com 1,48% de aumento. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, o percentual subiu 9,67%. As duas variações colocam a capital com índices superiores à média nacional, que alcançam 1,06% na comparação mensal e 9,24% na anual.
Os dados, divulgados pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) nesta terça-feira (08), ainda apontam que cada goianiense negativado devia em outubro, em média, R$ 4.115,32 na soma de todas as contas. Ao analisar o valor dos débitos, 34,69% dos consumidores da cidade tinham dívidas de até R$ 500, percentual que chega a 48,89% quando se fala em valores de até R$ 1.000.
Evolução das dívidas
No período de um ano, aumentou a proporção de famílias com dívidas no cartão de crédito (de 84,9% dos endividados em outubro de 2021 para 86,2% em outubro de 2022) e no cheque especial (de 4,9% para 5,1%).
“Vale notar ainda que, nos dias 10 e 11 de outubro, o Google Trends apontou recordes nos índices de busca pelo termo ‘consignado Auxílio Brasil’, justamente quando a Caixa Econômica Federal anunciou a oferta dessa linha de crédito específica para beneficiários desse programa de transferência de renda”, explicou a economista.
O período médio de atraso dos devedores negativados de Goiânia é de dois anos e dois meses, sendo que 31,91% deles possuem tempo de inadimplência de um a três anos.
Ao fazer a comparação mensal sobre o número de dívidas em atraso, outubro marcou um crescimento de 2,14%. Já em relação ao mesmo período do ano passado, a alta foi de 18,38%. O dado ficou acima da média da região Centro‐Oeste (14,85%) e abaixo da média nacional (19,11%).
Na abertura por regiões, 17 das 27 unidades federativas apresentaram um crescimento na proporção de endividados entre setembro e outubro, com o Paraná no topo da lista, onde 95,8% das famílias estão endividadas. Já na inadimplência, 12 estados apresentaram um aumento no percentual de consumidores que atrasaram seus compromissos, com destaque para Bahia (43,7%).
Bancos são os locais onde os goianienses mais devem
O setor com participação mais expressiva do índice de dívidas em Goiás foi o de bancos, com 59,18%, seguido por comunicação (11,82%), comércio (10,44%), água e luz (9,94%) e outros (8,63%).
Geovar Pereira, presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) Goiânia, analisa os impactos dos dados da inadimplência. “Para o comércio em geral, o número alto de inadimplentes é um complicador. A economia brasileira gira muito fortemente em torno do consumo das famílias. Se boa parte das pessoas está impossibilitada de comprar, é necessário ligar um sinal de alerta, principalmente neste fim de ano, e talvez no próximo”, argumenta.
O cenário é de cautela e merece atenção. “Para as empresas é recomendável ter uma política de crédito bem definida, com uso de soluções específicas. Já para o consumidor a sugestão é aproveitar todas as oportunidades disponíveis para negociar as dívidas, sair do vermelho, e ter crédito disponível para as comemorações de fim de ano. E o mais importante: é necessário que o devedor se esforce para desenvolver uma disciplina financeira”, finaliza.