Cadê a lixeira que estava aqui?

Ação de vândalos acelerou processo de sujeira no Centro da Capital. Prefeitura implantou cerca de mil lixeiras, mas muitas já foram completamente destruídas

Postado em: 15-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ação de vândalos acelerou processo de sujeira no Centro da Capital. Prefeitura implantou cerca de mil lixeiras, mas muitas já foram completamente destruídas

Marcus Vinícius Beck*

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Vândalos que ‘metem o pé’, lixeiras no chão e calçadas cheias de lixo. Este é o relato de comerciantes e moradores do Setor Central, em Goiânia. O Hoje esteve no local na tarde de ontem e constatou que, entre as Ruas 6 a 11, na Avenida Anhanguera, há cerca de doze lixeiras completamente destruídas. Com o banditismo, o resultado esperado é conhecido: sensação de sujeira no Centro da Capital. Em vias paralelas, por outro lado, é possível encontrar todas as lixeiras conservadas. 

Indignada, a população que vive e trabalha no Setor Central não poupou críticas acerca da ação dos vândalos. “Recentemente, teve uma ação por parte da administração municipal que amenizou a falta de lixeiras. Mas de madrugada os vândalos fazem a festa”, relata Francisco das Chagas Andrade Moraes, 58, vendedor externo. Morador de Goiânia há 42 anos, quando veio de Minas Gerais para a terra do pequi, Francisco afirmou que o Centro da Capital “nunca foi exemplo de limpeza, mas hoje está pior”.

A mesma opinião é compartilhada pela dona de casa Sueli Cândida de Souza, 48. “Estava andando pelo Centro, e percebi uma cena feia: as ruas estão repletas de lixo e há poucas lixeiras, pois ação de vândalos soma para que haja depredação de algo que deveria deixar a cidade mais limpa e, consequentemente, mais bonita”, desabafa. De acordo com ela, as ruas da cidade estavam “ficando muito feias”, mas reconhece que houve uma ação por parte da Prefeitura no sentido de manter as vias limpas.

Filha de Sueli, a estudante universitária Jaqueline Candido de Souza, 22, concordou com sua mãe, e surpreendeu-se: “Nossa, não sabia que foram depredadas tantas lixeiras”, afirma, ao ser informada pela reportagem de que 90% das lixeiras implantadas pela administração municipal foram destruídas. “Estava comentando com minha mãe: o Centro de Goiânia, por conta de seu apelo histórico, não pode ser relegado esteticamente por conta de ações de grupos de vândalos. Isto é inaceitável”, finaliza. 

Questionada pela reportagem sobre as ações protagonizadas por vândalos na região central, a Prefeitura de Goiânia informou que “foram instaladas, no Centro, mais de 100 lixeiras”. Ainda conforme o executivo municipal, “constantemente a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) faz a substituição das lixeiras danificadas em toda a cidade.” Por fim, a Prefeitura disse que enviará equipes ao local para averiguar os estragos causados. 

Multa

Quem for flagrado jogando lixo nas ruas de Goiânia pode ser multado pela Prefeitura de Goiânia. Pelo menos é o que diz a lei n° 9.922, que entrou em vigor no segundo semestre de 2016. No entanto, a medida parece que ainda não chegou a funcionar totalmente. Trabalhador do comércio no Setor Central, o vendedor externo Francisco Chagas Andrade Moraes, 58, afirmou que a Capital deveria seguir os passos de Curitiba, capital do Paraná, onde jogar qualquer espécie de lixo é passível de multa. 

“Anos atrás, tive o privilégio de ir para Curitiba e vi com meus próprios olhos os cuidados que eles têm com a limpeza da cidade”, diz o vendedor. Mas as ações que visam diminuir a sujeira urbana não é exclusividade da Capital da Pinheira. No Rio de Janeiro, jogar lixo fora da lixeira é passível de multa desde agosto de 2013. Desde então, a prefeitura da Cidade Maravilhosa passou a treinador agentes da Guarda Municipal para autuar quem descumprir a medida.  

Comurg instalou mais de mil cestos em vários pontos da Capital 

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), afirmou que instalou nos últimos doze meses 1.264 novas lixeiras em vários pontos da Capital. As regiões Noroeste, Oeste e Central foram as mais contempladas pela ação. No momento, a Capital possui cerca de 15 mil lixeiras nas principais vias da cidade e em locais em que há grande fluxo de pessoas, tais como praças, parques e demais pontos turísticos. 

Segundo a prefeitura, as unidades são danificadas por conta do tempo e, sobretudo, vandalismo. Apenas em janeiro, 95 unidades foram substituídas no Centro da cidade. O material que as revestem são construídas na serralheria do órgão e seguem o modelo tipo de papeleiras com cor amarela que contem o logotipo da Comrug, empresa responsável pela manutenção da Capital. 

No momento em que foram instaladas as novas lixeiras, o presidente da Comurg, Denes Pereira, disse que a implantação das unidades tem a função de suprir uma carência encontrada em vários pontos da cidade, e que beneficiará toda a cidade. “As lixeiras danificadas são recolhidas passam por uma restauração e são instaladas em outros lugares”, afirma o presidente, ressaltando que as lixeiras não são destinadas para armazenar lixos domésticos e sim pequenos objetos, como bitucas de cigarro e guardanapo. 

Durante os dias de folia, a orientação por parte da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) era que lixos fossem jogados dentro das lixeiras. Antes das festividades começarem, a estatal alertou a população, principalmente nos bairros em que o fluxo de pessoas era maior, para monitorar o asseio e conservação das vias. “As latas de alumínio, garrafas de vidro, copos plásticos e panfletos de divulgação são facilmente encontrados nas ruas, entupindo bueiros e aumentando o risco de enchentes”, frisa. 

Projeto

A Câmara de Vereadores de Goiânia aprovou em 2016 um projeto de lei para aumentar, por meio de Parceira Público Privada (PPP) o número de lixeiras em vários pontos de Goiânia. De autoria da vereadora Cida Garcêz (PMN), o projeto pretendia estabelecer convênios entre o município e entidade sociais.

O projeto, ainda, estabelecia que as lixeiras poderiam ser instaladas em frente ao estabelecimento do interessado ou qualquer outro local. A vereadora disse que o objetivo era aumentar o número de equipamentos espalhadas pela cidade. “Hoje, temos que andar até um quilômetro para encontrar uma lixeira. Isso em ruas de grande fluxo, como a Avenida 85, então imagina nos bairros mais afastados”, afirma.

Na Capital, há cerca de 12 mil lixeiras e esse número ainda não é o suficiente. “Precisamos aumentar esse quantitativo para facilitar para o cidadão que não quer descartar o lixo no meio da rua, que quer descartar sua garrafinha de água ou um papel de balinha no local adequado”, finaliza a parlamentar. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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