Falta de sinalização pode provocar acidentes em Goiânia

Ruas da região noroeste estão sem pintura de faixas nas vias e com má conservação da massa asfáltica

Postado em: 18-11-2022 às 08h30
Por: Alexandre Paes
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Ruas da região noroeste estão sem pintura de faixas nas vias e com má conservação da massa asfáltica. | Foto: Ailton Carvalho

Uma boa sinalização é necessária para que haja uma conscientização e respeito no trânsito, seja na Capital ou em cidades do interior. Porém, a demora para a realização desse serviço em ruas recapeadas ou carente de qualquer tipo de sinalização, como está acontecendo em Goiânia, pode impactar no aumento do número de acidentes até mesmo na formação de motoristas, foi o que afirmaram os especialistas ouvidos pelo O Hoje.

De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), uma via só pode ser liberada ao público após receber toda a sinalização. Para Marcos Rothen, especialista em Trânsito e Transporte, o que está acontecendo em Goiânia já se encaixa em ilegalidade. “Uma sinalização clara ordena o tráfego. Por exemplo, as faixas pintadas nas ruas fazem com que os motoristas ocupem apenas o espaço necessário. Quando não tem faixa é visível que um carro ocupa mais espaço do que o necessário”, argumenta.

Rotten explica que a falta de sinalização horizontal e vertical reflete no comportamento dos motoristas. “Eles não se acostumam com a sinalização, ou seja, aprendem a sinalização na teoria, mas não a vivenciam na prática. Essa é a melhor forma de evitar acidentes e até conter os ‘apressadinhos’ no trânsito”, completa.

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Grande fluxo

Após receber centenas de reclamações dos motoristas, pedestres e moradores da região noroeste, o líder de bairro, Ailton Carvalho, diz que as ruas VF 96 esquina VF 55 no setor Finsocial recebem um grande fluxo e frequentemente muitos acidentes acontecem pela falta de sinalização adequada. “Nesse ponto do setor deveria ter um semáforo para dividir os tempos de cada uma das ruas”, pontua o líder da região noroeste.

Entregador de aplicativo há cerca de 2 anos, Fabrício Souza diz que não é só nesta região que existem problemas, pois a malha asfáltica da cidade está bem, deteriorada. “Os motociclistas que mais sofrem com tudo isso, por que temos que ser espertos para escapar de um fechamento, desviar de buracos, e ter mais atenção ainda nos cruzamentos sem sinaleiro ou placa de pare. Quem tem carro não espera e nem respeita os outros condutores”, disse.

Na avenida Anhanguera, principal via que atravessa a cidade de ponta a ponta, muitos trechos não possuem mais a sinalização pintada no asfalto, e são poucas as placas que ainda existem nas calçadas. Nilton Barriga, que é representante da associação de moradores do Jardim Novo Mundo argumenta que principalmente na região onde ficam as agências bancárias do setor e supermercados, quase nenhum motorista respeita as regras da avenida. 

“O acostamento do lado direito sempre fica lotado de carros que estacionam, isso quando algum motorista de aplicativo não para em fila dupla tapando todo o fluxo da avenida Anhanguera. O certo é pintar essas faixas e instalar mais placas de proibido estacionar. Porque quando um carro realmente estraga nem se tem onde encostar o veículo”, desabafou. 

Outro importante ponto que carece de sinalização é na Avenida Anhanguera (cruzamento de quem sai da BR-153 e quem acessa dos lados direito e esquerdo para atravessar o viaduto na altura da Vila Morais)

Falta de faixas na pista

De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran), são necessários até 90 dias para que possa ocorrer a realização da pintura da sinalização em uma via que acabara de ser recapeada. Porém, há outras soluções que podem ser tomadas de maneira paliativa. “Há uma tinta no mercado que ela tem uma durabilidade de dois meses e ela pode ser usada como maneira até de o prazo necessário para passar a tinta que é utilizada normalmente. Isso porque se ela for colocada de maneira imediata em um asfalto quente, ele usa todo o produto e o serviço foi em vão”, explicou o órgão. 

Apesar disso, Rothen diz que há desleixo das autoridades para a realização de pintura, mas que há outras regras inseridas no CTB que ajudam na organização do tráfego. “Existe um desleixo das autoridades que tem por obrigação sinalizar as vias.No entanto, as regras de trânsito definem alguns procedimentos onde a sinalização falha, por exemplo, onde não tem sinal de pare quem vem da direita tem prioridade. Essa é uma regra que está no código, mas os motoristas desconhecem”, explica o especialista.

O diretor-técnico explica que a tinta de boa qualidade é o principal produto quando o assunto é sinalização. A medida paliativa citada anteriormente não pode ser tida como saída por completo, mas o diretor-técnico reforça que deve-se levar em consideração uma de boa qualidade para que a durabilidade dela, que varia entre oito a nove meses, seja cumprida.

Goiânia passou primeiro pelo recapeamento de algumas ruas, mas o serviço de sinalização não começou de imediato. A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) apresenta semanalmente uma lista de bairros que receberão frentes de serviços relacionadas à sinalização. 

Rothen afirma que a sinalização é importante para organizar as vias da cidade e definir regras para que os motoristas e pedestres convivam em harmonia. “Uma sinalização que oriente os motoristas pode auxiliar em muito na diminuição dos acidentes, principalmente evitando conflitos, que é quando dois veículos querem passar ao mesmo tempo, também permite que os pedestres tenham proteção nas vias.”

“Uma obra tem que funcionar como um relógio. Se algo atrasa, tudo não funciona. Nesse caso da Capital, era importante ter um mapeamento sobre as ruas que já foram revitalizadas e dar preferência onde o serviço já está realizado há mais tempo. Ou, uma outra saída, é dar prioridade em vias com maiores movimentos e que, automaticamente, são gargalos mais perigosos”, destaca o especialista.

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