Mercado Aberto será revitalizado

Criado em 2003, o ponto já foi uma das áreas comerciais mais movimentadas da Capital. No momento, o fluxo de pessoas diminuiu consideravelmente

Postado em: 22-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Criado em 2003, o ponto já foi uma das áreas comerciais mais movimentadas da Capital. No momento, o fluxo de pessoas diminuiu consideravelmente

Marcus Vinícius Beck*

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O Mercado Aberto, na Avenida Paranaíba, no Setor Central, deve ser revitalizado em breve. Em declaração ao O Hoje, uma fonte ligada à Prefeitura de Goiânia revelou que existe um projeto em andamento para revitalizar o local. No entanto, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec) afirmou que foi solicitado um estudo sobre a estrutura do mercado, mas ainda está longe de ser selada a reforma do ponto. O local conta com mais de 1 mil bancas e 1,5 mil vendedores. 

Com baixo movimento de consumidores pelas lojas, o Mercado Aberto já foi tido como um dos mais movimentos pontos de comércio da Capital. Os corredores apertados, cheios de mercadorias empilhadas em carrinhos de metal, simbolizam o ganha pão de vários trabalhadores que vêem suas mercadorias ‘mofarem’ na prateleira. Vendedores afirmam que para aumentar o fluxo de pessoas ali é necessário alguma iniciativa por parte da Prefeitura no sentido de estimular o trânsito de pessoas pela região. 

Na tarde de ontem, a reportagem conversou com alguns comerciantes e todos viram a medida da prefeitura com entusiasmo. Vendedor desde a criação do Mercado Aberto, em 2003, Irineu Monteiro da Silva, 72, relatou que o movimento nas compras é o pior desde o início do local. “Aqui, na verdade, sempre teve um movimento muito aquém do registro na rua 44. Porém, nos últimos anos, a situação está cada vez mais feia”, afirma. “Muita gente está saindo daqui para trabalhar nas feiras em Aparecida de Goiânia”.

A mesma opinião é compartilhada pelo vendedor Boaventura Maga, 57. Informado pela reportagem sobre possível projeto de revitalização, ele mostrou-se contente, mas não deixou de tecer críticas ao que chama de “mais uma moda” inventada pelo Poder Público. “Já não basta o tanto de roupas do Vila e Goiás que tenho aqui, agora eles vem com mais essa”, brinca, acrescentando que durante o período da noite as calçadas do Merca Aberto viram abrigo de morador de rua. “Precisamos rapidamente da presença da Guarda Civil ou Polícia Militar aqui”, diz. 

“Está difícil para todos”

Se o Mercado Aberto no Setor Central, já foi tido como um dos melhores lugares para comprar mercadorias, o momento não é um dos mais animados para quem trabalha no local. Por lá, por exemplo, não desembarcam ônibus de turistas, mas basta uma volta rápida pelo meio do mercado, principalmente nos finais de semana, para se constatar a presença de um ou outro visitante de fora da cidade. Em contrapartida, há aquele cliente antigo que sabe onde encontrar uma calça jeans em conta – o vestuário custa em torno de R$ 50 no mercado. 

O vendedor Rosemiro Fernandes, 57, disse que é preciso alguma iniciativa para atrair novamente as pessoas para o comércio da região, pois “está difícil para todos”. Comerciante há nove anos, ele explicou que, com o advento da Região 44, ninguém mais para por ali para comprar alguma peça de roupa. “Na verdade, para fazer com que as pessoas voltem a vir aqui, é fundamental que haja uma série de medidas, que fomentem o lazer e o comércio na região Central. O problema é que até agora nunca ouvi sequer falar de projeto para”, diz. 

Com isso, é preciso procurar outras formas de renda e também buscar vários pontos para comercializar seus produtos. A maioria dos vendedores que segue no Mercado Aberto faz feiras em outros bairros de Goiânia e estão nos finais de semana na Feira Hippie. “Eu mesmo moro em Aparecida de Goiânia, e faço algumas feiras lá, porque o lucro caiu drasticamente por aqui (Mercado Aberto). E, para piorar, temos a presença de ambulantes e moradores de rua aqui”, afirma o vendedor Irineu Monteiro da Silva, 72.  

Centro de Goiânia tem novo projeto para o Mercado Aberto 

O projeto de lei que caracteriza o Plano Diretor de Goiânia tem como prioridade a revitalização do Setor Central. No texto, ficou claro que o discurso adotado é de que a Prefeitura buscará recurso para viabilizar a construção de habitações coletivas e também de atividades comerciais, que deverão atrair a população – cada vez mais distante do Centro – para um dos setores mais antigo de Goiânia. 

Sobre às atividades de cunho econômico, existe um incentivo às construções de fachadas ativas, que são características no Centro e encontram-se em edificações de uso misto. Os projetos de fomento ao comércio contarão com áreas úteis de 540 metros quadrados e não terão mais a obrigação de manter vagas de estacionamento. Até o momento, o projeto de revitalização da Praça do Trabalhador, no Setor Central, já saiu do papel. Quando ficar pronto, o local deve receber manifestações culturais.

Caso o novo plano diretor seja aplicado, o Centro passará a ter quatro situações diferentes em três áreas previamente mapeadas. A primeira delas é a área em que situa-se a Praça Cívica, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio histórico, estátua do Bandeirante, Grande Hotel – que recebe o projeto cultural Grand Hotel Vive o Choro -, Estação Ferroviária e Praça do Trabalhador. Símbolos de Goiânia, esses locais não podem ter modificações sem ausência dos órgãos que os tombaram. 

Chorinho

Em meados do ano passado, o hóspede mais ilustre do Grand Hotel voltou a se hospedar lá. Com início em 2003, o projeto Grand Hotel Vive o Choro, mais conhecido como Chorinho, fez parte do calendário cultural de Goiânia por mais de 10 anos, quando reuniu várias pessoas em frente ao Centro de Memória e Referência Grand Hotel, na Avenida Goiás, em esquina com a Rua 3, no Setor Central. Ele é tido como uma das iniciativas mais importantes para a revitalização do Centro. (*Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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