Policiais voltam aos terminais

Presença dos militares faz parte de ação de segurança. População diz que está mais tranquilidade com a presença dos PMs nos terminais

Postado em: 23-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Policiais voltam aos terminais
Presença dos militares faz parte de ação de segurança. População diz que está mais tranquilidade com a presença dos PMs nos terminais

Marcus Vinícius Beck*

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Os terminais de ônibus na região metropolitana de Goiânia contam novamente com presença de policiais militares. A reportagem esteve na tarde de ontem ao Terminal Bandeiras, no Jardim Europa, e Terminal Padre Pelágio, no Jardim Nova Fonte. No primeiro, a equipe encontrou três policiais fazendo ronda no local, o que gerou sensação de tranquilidade em quem passava por lá para ir ao trabalho ou para a algum compromisso do dia a dia. Em contrapartida, nenhum policiamento foi registrado no segundo terminal, que conta com a presença maciça de vendedores ambulantes.   

Prevista para ser lançada oficialmente hoje em coletiva de imprensa, a presença dos policiais militares faz parte de uma ação do governo estadual que visa garantir segurança à população. Desde que assumiu o Comando de Policiamento da Capital, no início deste mês, o coronel Ricardo Mendes deu andamento ao projeto de trazer mais policiamento aos terminais. Diariamente, milhares de pessoas passaram por eles e todas têm de conviver com furtos, assaltos e agressões físicas. O resultado da falta de segurança nestes locais não podia ser outro: temor. 

Aguardando o ônibus para ir ao trabalho, a doméstica Isa Aparecida, 51, disse que a medida de trazer policiamento para os terminais é fundamental. “De uns tempos para cá, eu estava com bastante medo de ficar aqui . Agora, a insegurança diminuiu, mas ainda não estou totalmente segura de que posso ficar alguns minutos esperando”, relata Isa, que passa pelo Terminal Bandeiras duas vezes por dia. “O que mais se vê nesse terminal são ‘malas’ que ficam andando para lá e para cá”. 

A queixa é confirmada pela vendedora Célia Rodrigues, 30. Também usuária recorrente do Terminal Bandeiras, ela conta que a segurança no local “melhorou consideravelmente” desde que passou a contar com a presença de policias. “É muito bom ter a presença deles aqui, dá uma segurança maior para gente”, afirma. “Já fui assaltada algumas vezes, e em todas as ocasiões não tinha um policial ou guarda sequer para fazer algo por mim. A sensação à época foi de impotência total”, frisa. 

Os policiais que faziam a segurança no Terminal Bandeiras disseram que o policialmente acontecerá todos os dias. Informado pela reportagem de que as pessoas estão se sentindo mais seguras com suas presenças, um PM declarou que sua função são é pela segurança da sociedade. “Todos os dias terá presença de algum PM nos terminais. Aqui, terão equipes que irão se revezar no final de cada turno do dia”. 

Passagem

A reunião da Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC), que deliberou o aumento da passagem de ônibus de R$ 3,70 para R$ 4,00 em Goiânia, completou ontem um mês. No entanto, praticamente nada mudou no que diz respeito à qualidade do transporte coletivo. Ainda é comum de se ouvir reclamações por parte de usuários, que cobram com urgência alguma ação efetiva das autoridades responsáveis pela manutenção do transporte público. 

Doméstica, Isa Aparecida, 51, declarou que, depois que houve o aumento da passagem, as linhas de ônibus pioraram, demorando “muito tempo para passagem nos pontos e terminais”. “O eixão agora está demorando para passar nos pontos de ônibus”, afirma. “Além disso, nos horários de pico, subir ao ônibus é um Deus nos acuda, pois ninguém respeita as filas estabelecidas pelos guardas”. 

A mesma opinião é compartilhada pela vendedora Cléia Rodrigues, 30. “Dá desgosto de andar, de depender do transporte coletivo. A gente se sente, toda vez que pega um ônibus, completamente humilhada”, diz. Diante desses problemas corriqueiros, a vendedora vem adotando formas alternativas para ir de casa ao trabalho. “Geralmente, pego carona com meu irmão, que vai todo o dia para o mesmo lugar que eu”, relata. 

Ambulantes

Mesmo após ações de repressão da Polícia Militar aos comerciantes ambulantes, o Terminal Padre Pelágio segue sendo palco para dezenas de pessoas seguir com seus negócios irregulares. A dona de casa Simone Faria, 28, explicou que evita passar pelo terminal por conta dos vários casos de violência que são comentados por funcionários do local. Moradora da região do Jardim Nova Fonte, Faria afirmou que procura alertar seus parentes toda vez que irão sair de casa e passar pelo Padre Pelágio. “É preciso ter bastante cuidado”. 

Mas não são todos os vendedores ambulantes que geram pânico na população. Conforme noticiou O Hoje em dezembro do ano passado, as ações da PM que visavam a extinção desse tipo de comércio não emplacou, e muitos continuam até hoje vendendo suas mercadorias como se nada tivesse acontecido. Na época, ambulantes relataram casos frequentes de excesso de força por parte dos policiais militares que atuaram na operação que apreendeu mercadorias no Terminal Padre Pelágio. 

Na ocasião, a Rede Mob, consório que administra os terminais da Capital, disse que o comércio ambulante é um problema público que requer bastante atenção. A empresa ainda afirmou que luta para que haja maior repressão à criminalidade. A Rede Mob garantiu que a presença de ambulantes dificulta a realização do serviço de transporte público.  

Violência é recorrente nas plataformas e terminais do Eixo 

Em apenas uma semana, cinco pessoas foram vítimas de agressões nas plataformas e terminais do Eixo Anhanguera, em Goiânia. Somente na última terça-feira três pessoas acabaram sendo assaltadas e esfaqueadas no transporte coletivo. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o primeiro caso ocorreu por volta de 7h30, no Terminal das Bandeiras. Na ocasião, um homem de 36 anos teve o celular roubado e, ainda que sem reagir, foi atingido por uma facada no abdomen.

O último caso de violência se deu na plataforma no Eixo na Rua 20 no Setor Central. Imagens de câmera de segurança mostram um sujeito tentando entrar na plataforma do Eixo pela área em que os ônibus passam. Impedido em um primeiro momento, ele retornou ao local, tirando um facão de dentro da calça e atingindo um vigilante. De outro ângulo, antes de atingi-lo, é possível ver que o homem chegou a ameaçar algumas pessoas que aguardavam para entrar.

Por meio de nota, a Rede Mob, consórcio responsável pelas plataformas e terminais da Capital, disse que o caso aconteceu na última terça-feira. A empresa, ainda, afirmou que “após ter sido impedido, o agressor retornou com um comparsa e golpeou o vigilante no rosto com uma arma branca. Ainda conforme o texto, o sistema de monitoramento do Consórcio solicitou, no momento em que houve a agressão, a presença da Policia Militar. Por fim, a Rede Mob disse que foi registrado um boletim de ocorrência sobre o caso.

Praça A

Neste mês, o Corpo de Bombeiros atendeu a um jovem, de 26 anos, esfaqueado no punho e na virilha, no Terminal Praça A. Segundo a corporação, a vítima foi ferida durante um assalto dentro do Eixo Anhanguera, e foi socorrida ao descer no terminal. Os bombeiros relataram que um segundo adolescente, de 16 anos, foi esfaqueado na barriga, também em durante um assalto.

Sobre esses casos de violência, a Rede Mob disse que todas as situações foram atendidas pelos vigilantes dos terminais, que imediatamente acionaram a Polícia Militar (PM). Conforme a empresa, as imagens das agressões devem ser disponibilizadas pelas autoridades policiais para que possam investigar os fatos e tomar as providências. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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