Preconceito ainda é a principal causa

Segundo dados do Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais, o Estado registrou cinco mortes ano passado. Em quatro casos as vítimas foram mortas por arma de fogo

Postado em: 26-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Segundo dados do Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais, o Estado registrou cinco mortes ano passado. Em quatro casos as vítimas foram mortas por arma de fogo

Gabriel Araújo*


O estado de Goiás registrou cinco mortes de travestis e transexuais no ano passado. Os dados são detalhados no Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais no Brasil em 2017, lançados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), no Distrito Federal.

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Ainda de acordo com a Antra, apenas em 2017 foram contabilizados 179 assassinatos de travestis ou transexuais no Brasil. Isso significa que, a cada 48 horas, uma pessoa trans é assassinada no Brasil. O relatório aponta que o número de mortes é o maior registrado na última década.

A secretária de Articulação Política da Antra e autora do estudo, Bruna Benevides, disse que a violência não está atrelada ao exercício da sexualidade, mas à identidade de gênero. “A gente diz que o machismo é a semente do ódio e do preconceito. É como se os corpos dessas pessoas que desafiam as normas tivessem que ser expurgados da sociedade. E é isso que a sociedade tem feito”, completou.

Se compararmos a base de dados da ONG Internacional Transgender Europe (TGEU), o Brasil se mantém no posto de país onde mais são assassinados travestis e transexuais no mundo. Em segundo lugar está o México, com 56 mortes.

De acordo com o relatório, a maior parte das vítimas da violência transfóbica possuem características semelhantes. A idade é um fator que merece destaque. No estudo, não foi possível identificar a idade de 68 pessoas. Das outras 111, 67,9% tinham entre 16 e 29 anos. Pessoas que foram assassinadas entre os 30 e 39 anos representam 23% do total, ao passo que as entre 40 e 49 anos, 7,3%. Já as maiores de 50 anos, 1,8%.

As vítimas também têm cor preferencial. De acordo com o mapa, “80% dos casos foram identificadas como pessoas negras e pardas, ratificando o triste dado dos assassinatos da juventude negra no Brasil”. Associando diferentes formas de opressão, Bruna Benevides conclui que, “não é seguro, hoje, no Brasil, ser travesti e transexual, como não é seguro ser mulher e negro no país”.


Situação LGBT

O Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou um aumento de 30% nos homicídios de LGBTs em 2017 em relação ao ano anterior, passando de 343 para 445. Segundo o levantamento, a cada 19 horas um LGBT é assassinado ou se suicida vítima da “LGBTfobia”, o que faz do Brasil o campeão mundial desse tipo de crime.

O estudo indica que a causa das mortes mais comum registradas em 2017 foi pelo o uso de armas de fogo (30,8%), seguida por armas brancas cortantes, como facas (25,2%). O maior número dos assassinatos (56%) ocorreu em via pública, mas também é grande o número de crimes que foram registrados dentro da casa das vítimas: 37%, segundo o levantamento. A cada quatro homicídios o criminoso foi identificado em menos de 25% das vezes. Além disso, menos de 10% das ocorrências resultaram em abertura de processo e punição dos assassinos.

Os números cresceram de forma exponencial quando comparados aos registrados em 2000. Segundo os pesquisadores: saltaram de 130 para 445. O levantamento do GGB é feito com base em notícias publicadas na imprensa, na internet e informações pessoais compartilhada com o grupo. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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