Desordem complica terminais

Policiais retornaram aos terminais na última sexta-feira (23). Em contrapartida, PM afirma que desordem é o principal algoz da tranquilidade nos locais

Postado em: 27-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Policiais retornaram aos terminais na última sexta-feira (23). Em contrapartida, PM afirma que desordem é o principal algoz da tranquilidade nos locais

Marcus Vinícius Beck*

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Apesar de o Comando de Policiamento da Capital (CPC) afirmar que a desordem é o principal motivo para que haja violência nos terminais, os ambulantes do Terminal Padre Pelágio, no Setor Nova Fonte, não dão a mínima para a medida de policiamento da Policia Militar (PM) e continuam vendendo seus produtos no local. A PM garantiu que contará com serviço de inteligência para conter a criminalidade nos terminais, que vem crescendo nos últimos meses. A reportagem esteve na tarde de ontem no Padre Pelágio e contou cerca de oito policiais, que chegaram ao terminal depois da equipe de O Hoje. 

Os vendedores ambulantes, mesmo após polêmica em torno de seus trabalhos, dizem que não são contra a iniciativa da polícia de trazer de volta o contingente de policiais aos terminais. O Comando de Policiamento da Capital disse que irá trabalhar em conjunto com a Rede Mob, consórcio que administra os terminais da Região Metropolitana de Goiânia, para evitar casos de violência. Funcionários do Padre Pelágio, que conversaram com O Hoje sob a condição de anonimato, afirmaram que não é em período integral que os PMs ficam no terminal. Pelo contrário: muitos passam apenas em horários pontuais, como meados da manhã, tarde ou noite. 

Ambulante no Padre Pelágio há um ano e meio, Ranieri da Silva, 48, relatou que os comerciantes, ao contrário do que prega o discurso da polícia, não são totalmente avessos às medidas de segurança adotadas pelo coronel Ricardo Mendes, que assumiu no início da última semana o Comando de Policiamento da Capital. “Mas é preciso que haja um trabalho de investigação melhor por parte da prefeitura antes de implantar qualquer medida”, diz. Sobre a presença de policiais no terminal, Ranieri foi taxativo, e disse que eles são “necessários”. “Passa muito mala por aqui, que prejudica o nosso trabalho”. 

A mesma opinião é partilhada pela vendedora ambulante Maria de Fátima, 49. Colega de Ranieri, Maria afirmou que a presença dos policiais é fundamental para assegurar tranquilidade aos comerciantes. “Mesmo que recebamos críticas por parte de setor da sociedade, nós estamos tentando ganhar nosso pão de cada dia de forma honesta”, diz. Assim como o companheiro de trabalho, ela tece críticas à falta de preparo da polícia em implantar a medida de policiamento. “Os policias deveriam investigar, montar barraquinha aqui e descobrir quem é o verdadeiro bandido”, frisa. 

Contingentes

Os terminais de ônibus da Região Metropolitana de Goiânia contam há uma semana com a presença de policiais militares. Conforme O Hoje adiantou na última sexta-feira, os policiais são responsáveis por fazer a guarda da população que frequenta o local para ir ao trabalho ou outros compromissos do dia a dia. Na ocasião, a reportagem conversou com policiais no terminal Bandeiras, no Jardim Europa, e eles disseram que os casos de furtos, roubos e agressões físicas – fatos corriqueiros nos terminais – diminuiu após a presença dos PM´s. 

Em entrevista ao O Hoje, o Comandante de Policiamento da Capital (CPC), coronel Ricardo Mendes, disse que é necessário a Polícia Militar atuar em conjunto com a Rede Mob para controlar a criminalidade nos locais. “Além disso, contamos com o uso de câmeras de videomonitoramento e serviços de inteligência”, afirma. “É preciso urgentemente de uma nova reformulação no Código Penal, de modo a punir aqueles que geram insegurança à população”, completa. 

Após assumir a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), Irapuan Costa Júnior lançou a Operação Embarque Seguro, que visa combater a criminalidade em terminais do transporte coletivo e plataformas do Eixo-Anhanguera. De acordo com ele, para garantir maior segurança aos usuários, o número de viaturas nos terminais dobrou. “Estamos trabalhando para reduzir o número cada vez maior de ocorrências em ônibus e terminais”. 

Eixo

Na semana passada, cinco pessoas foram vítimas de agressões nas plataformas e terminais do Eixo-Anhanguera em Goiânia. Somente na última terça-feira três pessoas acabaram sendo esfaqueadas no transporte coletivo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, um dos casos aconteceu quando um homem de 36 anos teve seu celular roubado pelos assaltantes. Mesmo sem oferecer resistência, os criminosos o esfaquearam. Em sua defesa, o consórcio disse, na ocasião, que os casos foram atendidos rapidamente pela Polícia Militar (PM). 

Usuários do transporte coletivo defendem presença de policiais 

Passageiros do transporte coletivo disseram ontem ao O Hoje que a presença de policiais no terminal Padre Pelágio gera mais segurança à população. Acostumados com casos de violência, eles dizem que a presença da Polícia Militar (PM) proporciona sensação de tranquilidade. “A gente se sente mais tranquilo com a presença dos policiais. Aqui há muitos ‘malas’”, esclarece. “No domingo, ninguém se arrisca a passar por aqui”, completa o caseiro Edmundo Borges de Souza, 61.

Segurando duas filhas pequenas de colo, a vendedora Adriana Ferreira, 31, corrobora com a opinião de Edmundo. O terminal, disse ela, é um dos palcos mais conhecidos no que diz respeito à casos de violência. “Até morte já teve aqui, e ainda querem questionar a eficácia da polícia aqui?”, indaga, acrescentando: “Porém, creio que seria mais útil se o Poder Público optasse por investir verba em Cidadania, Educação e Cultura”.

Em dezembro do ano passado, o Terminal Padre Pelágio foi fechado após conflitos entre vendedores ambulantes e seguranças. Na época, a Guarda Civil Metropolitana disse que dois vigilantes, que trabalhavam no terminal, foram espancados por mais de vinte camelôs que chegaram ao local. Por outro lado, alguns vendedores afirmaram que tiveram várias mercadorias quebradas e, por isso, exigiam a retirada dos ambulantes.

MP

No final de novembro, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) abriu investigação para apurar a comercialização de produtos sem licença nos terminais de ônibus na região metropolitana de Goiânia. Em dezembro, a Guarda Civil, Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (SEPLAHN) cumpriu autos de apreensão, o que causou revolta nos comerciantes e, por conseguinte, confronto com autoridades. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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