Pioneira da região noroeste de Goiânia completa 100 anos esbanjando vigor

Ariene Maria Ribeiro conta a luta de vida e os segredos da longevidade que a fez alcançar um século de vida

Postado em: 07-12-2022 às 11h49
Por: Rodrigo Melo
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Ariene Maria Ribeiro conta a luta de vida e os segredos da longevidade que a fez alcançar um século de vida | Foto: Rodrigo Melo

Qual o segredo da longevidade? Para a ciência seria uma boa alimentação, regrada de uma vida calma, somada a exercícios. Para os místicos seria uma poção mágica, talvez um pedido em um poço dos desejos. Mas para Dona Ariene, que completou 100 anos nesta terça-feira (6/12), a dica para viver muito é comer cuscuz com leite, tapioca e arroz com carne. Brincadeiras à parte, essa mulher, que é uma das pioneiras da região noroeste de Goiânia, agradece mesmo é a Deus pelo século de vida.

Natural do Piauí, Ariene Maria Ribeiro de Sousa nasceu em 1922 e começou a trabalhar na roça ainda criança, no preparo de rapaduras e cachaça em uma lavoura de cana de açúcar, localizada na zona rural do município de Correntes. Por lá conheceu o seu Senhorinho Ribeiro de Souza, com quem se casou e teve os seus primeiros cinco filhos (Arizomar, Maria, Adioeme, Adilene e Arcênio).

Em busca de uma vida melhor, a família se mudou para Dianópolis, no Tocantins, cujo território, na época, ainda fazia parte do norte de Goiás. Em uma chácara, o seu Senhorinho trabalhou como vaqueiro, e Dona Ariene como lavadeira e passadeira de roupa, por cerca de 40 anos. Naquela casa repleta de amor e construída com muito trabalho duro, nasceram mais sete filhos (Pedro, Jeremias, Josias, Josiel, Julieta, Jessé e Osias).  

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Mudança para Goiânia

Senhorinho e Ariene retratados em pintura | Foto: Rodrigo Melo

Quando o casal ultrapassou os 60 anos de idade, um dos filhos que trabalhava em Aparecida de Goiânia resolveu traze-los para a metrópole goiana, uma forma da família estar mais perto e eles terem acesso fácil à unidades de saúde. No entanto, eles ficaram ali apenas um ano e meio. Apesar da idade, o seu Senhorinho resolveu lutar por um pedaço de terra na ocupação que deu origem à região noroeste de Goiânia.

Originalmente ocupada por chácaras e sítios recreativos, essa região passou a ser uma das maiores áreas habitacionais da capital. Tudo começou com as vilas Finsocial e Mutirão, por volta de 1982. Depois vieram os demais setores, como Jardim Curitiba, Nova Esperança e Bairro da Vitória. Atualmente, são mais de 75 bairros que têm um ritmo intenso de crescimento. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população local passou de 110 mil em 2000 para 160 mil habitantes em 2010, e a estimativa é que esteja em mais de 350 mil.

A família foi pioneira na construção dessa região, onde conquistou, debaixo de ainda de uma lona, a tão sonhada casa própria, especificamente no setor Finsocial. Com o passar dos anos, construíram sua residência e ali mesmo permaneceram, tendo já criado 12 filhos que os deram 28 netos, e mais incontáveis bisnetos e tataranetos.

Esbanjando saúde

Ariene cuidando do seu jardim que fica nos fundos da casa | Foto: Rodrigo Melo

Em 2001, o seu Senhorinho faleceu por problemas de saúde. No entanto, apesar de tanto sofrimento e luta, a dona Ariene continua viva, esbanjando vigor com um século de vida. Segundo a família, ela não tem problemas de saúde como pressão alta, diabetes e colesterol alto.

Ariene acompanhada com a filha Adioeme, que continua morando em Dianópolis (TO), mas todos os anos vêm para Goiânia cuidar da mãe | Foto: Rodrigo Melo

Dona Ariene remete essa saúde toda à “Deus! Ele é bom e me dá saúde para viver”, afirmou em agradecimento. A aposentada é religiosa e, constantemente, canta os hinos de louvores da Harpa Cristã, que aprendeu na igreja próximo da casa dela.

Os filhos e uma cuidadora se revezam para zelar por ela, que tem algumas restrições de mobilidade, porém, não gosta de utilizar sequer uma bengala. Os anos também levaram um pouco da audição dela, mas nada disso a impede continuar indo até o quintal cuidar das plantas que cultiva.

A piauiense arretada que fez parte da construção da capital goiana ainda traz em sua dieta as comidas típicas de onde morava. De acordo com a família, ela gosta mesmo é de um cuscuz com leite, tapioca e bolacha. O arroz e a carne também não podem faltar no cardápio.

Um outro possível segredo para longevidade que Ariene carrega consigo é o período que se dedica ao sono. De acordo com os filhos, por volta das 19h e 20h da noite a aposentada já está na cama para dormir e acordar só no outro dia para tomar o cafezinho.

Futuro

Neste sábado (7), será comemorado os 100 anos de Ariene na casa que ela e o marido lutaram para conquistar. A grande família promete estar lá para prestigiar o momento tão marcante.

Perguntada sobre o que espera para o futuro, Dona Ariene respondeu com um sorriso e os braços voltados para o céu: “Se Deus quiser, eu quero viver mais uns 20 anos”.

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