CMTC deixa usuário ao relento

Falta de infraestrutura é problema antigo. Porém, o consórcio negligenciou por anos a demanda da população por pontos de ônibus

Postado em: 01-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Falta de infraestrutura é problema antigo. Porém, o consórcio negligenciou por anos a demanda da população por pontos de ônibus

Marcus Vinícius Beck*

Os pontos de ônibus da Região Metropolitana de Goiânia estão em péssimas condições. A reportagem andou na tarde de ontem pela GO-020 até o município de Goianira, a 15 quilômetros da Capital. No trajeto, a equipe contou cinco pontos do transporte coletivo totalmente destruídos, descobertos e com a estrutura comprometida, afetando toda a rotina de quem depende das linhas de ônibus para ir de casa ao trabalho, ou para compromissos como consulta médica, compras em supermercados e reunião de amigos. Assaltos também passaram a fazer parte do dia a dia de quem mora na região. 

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A falta de infraestrutura dos pontos de ônibus é um problema antigo. Composta por 18 municípios, a Região Metropolitana de Goiânia possui aproximadamente 6 mil pontos de embarque e desembarque de passageiros implantados até o momento. No entanto, 49% deles não possuem abrigos, ou qualquer sinalização para quem acena na rodovia para o ônibus e fugindo das chuvas. Em número absoluto, 3.241 pontos possuem cobertura e 3.075 estão descobertos. A Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) afirmou que vem trabalhando junto com as prefeituras para reparar abrigos e manutenção da estrutura dos pontos. 

Esperando o ônibus há 30 minutos num ponto na GO-020, a serviços gerais Cristiane Gomes, 42, disse que os pontos à beira da rodovia estão todos em estado “deprimente”, deixando os transeuntes sob calor ou chuva – muitas vezes torrencial. “Sofremos com esse descaso há pelo menos 6 meses”, diz. Cristiane apanha o coletivo diariamente para ir ao trabalho e, nos dias chuvosos, ela inevitavelmente fica refém das gotas. “Aqui é assim: ficamos na chuva e no sol”, afirma. “Como não temos pontos, a gente mesmo constrói”.

A diarista Kelly Colassia, 34, também é refém da ineficácia do transporte coletivo na Grande Goiânia. Cansada após uma jornada de trabalho, ela relatou que é comum ter de esperar entre 30 minutos a 1 hora a linha de ônibus que vai ao seu setor. “Não temos ônibus, pontos, nada. A situação aqui está precária, crítica e horrível”, diz. Além do sofrimento gerado pelo caos instaurado no transporte coletivo, ela declarou que a população da região está relegada ao esquecimento. “O Eixão que peguei há pouco estava lotado”, frisa. 

Vandalismo

Apensar de a passagem de ônibus subir para R$ 4 no início de janeiro, usuários do transporte coletivo disseram à reportagem que a segurança é precária na região. Além de conviver sob calor ou chuva, não é anormal encontrar relatos de pessoas que sejam assaltadas – e até mesmo violentadas – por conta da falta de sinalização e segurança da população. Mato alto, que faz parte da decoração dos pontos de ônibus que estão deteriorados na região, contribui para o medo disseminado entre os moradores. 

Parado no ponto esperando a condução para levá-lo embora, o auxiliar de termoformagem Diego Batista da Cunha, 21, começou a trabalhar há pouco tempo numa empresa que teve a iniciativa de construir um ponto na GO-020 para facilitar a vida de seus funcionários, que tinham de caminhar na chuva, na beirada da rodovia, até o ponto de ônibus mais próximo. “Era perigoso, porque a gente percorria alguns metros ao lado do tráfego incessante da via”, relata. 

A serviços gerais Cristiane Gomes, 42, contou que as empresas a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) não deram atenção às demandas da população por anos. “O resultado, obviamente, não poderia ser diferente, uma vez que sempre pedimos para os responsáveis alguma forma de sanar a questão da falta dos pontos”, declara. Usuária corriqueira do transporte público, ela afirmou que, “além de tudo, vândalos nos atacam quando cai à noite ou estamos sozinho no ponto, o que quase sempre ocorre”.

Procurada pelo O Hoje na tarde de ontem, a CMTC informou que não poderia responder os questionamentos da reportagem acerca da quantidade de pontos que precisam ser construídos na Região Metropolitana de Goiânia para atender a demanda da população. 

Eixo

Na semana passada, cinco pessoas foram vítimas de agressões nas plataformas do Eixo-Anhanguera no Setor Central, em Goiânia. Conforme notificou O Hoje na última sexta-feira (23), três pessoas foram assaltadas e esfaqueadas após entregarem seus celulares aos ladrões. Na ocasião, a Rede Mob, consórcio que administra os terminais e plataformas do Eixo, disse que um o agressor entrou com um comparsa no local e atingiu o vigilante no rosto com uma arma branca. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

Qualidade e segurança são as principais reclamações feitas por usuários 

Os passageiros do transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia reclamaram ao O Hoje ontem que, desde que houve aumento no preço da tarifa – que passou de R$ 3,70 para R$ 4,00 no início de janeiro -, nada mudou em relação à qualidade dos serviços prestados à população. No bairro Triunfo, em Goianira, as reclamações giraram em torno da segurança: vários pontos na GO-020, entre Goiânia e Goianira, estão sem abrigos.

Esse mesmo problema é relatado no Terminal Padre Pelágio. Conforme adiantou O Hoje na última sexta-feira, o terminal conta com presença maciça de ambulantes, que vendem seus produtos à luz do dia. No entanto, alvo de críticas por parte de alguns passageiros, eles também dizem que a presença da Polícia Militar (PM) nos terminais é importante.

Após assumir a Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), Irapuan Costa Júnior, disse que a intenção é combater a criminalidade em terminais e plataformas do Eixo-Anhanguera. Logo após o lançamento iniciativa da ação que trouxe de volta os policiais aos terminais, ele disse que prioridade é garantir segurança aos usuários.  

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