Educação inclusiva ajuda na formação de crianças com deficiência

Crianças com deficiência têm menor frequência escolar

Postado em: 12-12-2022 às 09h00
Por: Raphael Bezerra
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Crianças com deficiência têm menor frequência escolar. | Foto: Reprodução

De acordo com a publicação “Pessoas com deficiência e as desigualdades sociais no Brasil”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), crianças com mais de uma deficiência têm menor frequência escolar na faixa etária de 6 a 14 anos de idade. Além disso, a pesquisa mostra que a proporção de pessoas que frequentam o nível de ensino adequado à sua faixa etária é menor entre as crianças com deficiência (86,6%) do que entre aquelas sem deficiência (96,1%).

Diante desse cenário, o Dia Nacional da Criança com Deficiência, lembrado anualmente em 9 de dezembro, traz uma oportunidade de chamar a atenção da população para refletir sobre a inclusão na educação.

Para a orientadora educacional Amanda Gonçalves, não basta que as instituições de ensino abram as portas da escola para receber crianças e jovens com deficiência. Além de cuidar das questões estruturais, de sociabilização e pedagógicas, é preciso pensar no treinamento dos profissionais, considerando e respeitando, também, as características clínicas.

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“Então, a inclusão começa assim: não é só adaptar o ambiente escolar, a estrutura física, mas a forma de tratamento dentro da escola, como esse aluno será avaliado, como ele terá um aprendizado eficaz na sala de aula”, reflete.

De acordo com essa perspectiva, faz-se necessário o envolvimento de múltiplos profissionais, ou seja, o acompanhamento dos professores deve somar-se à supervisão de terapeutas e médicos. No Colégio Integrado, por exemplo, Amanda afirma que o acolhimento de alunos com deficiência é feito independentemente da comprovação, contudo, ela avalia que o auxílio é facilitado quando há meios de tornar a adaptação algo mais assertivo para a criança.

“O primeiro passo é o professor conhecer as limitações do aluno e, com auxílio dos orientadores pedagógicos, adaptar o planejamento de aulas, provas e atividades. A equipe busca trabalhar a equidade e dar oportunidade para o aluno se desenvolver e acompanhar a turma de acordo com as suas necessidades”, explica a coordenadora do Colégio Integrado.

Nesse sentido, Amanda exemplifica com diversas adequações individualizadas que a escola já realizou para atender e acolher seus alunos com deficiência. “Na unidade Areião, a pedido de uma aluna, a sala da 2ª série tem o quadro com iluminação específica para ela, que tem baixa visão. Há também elevadores para facilitar a locomoção daqueles que possuem mobilidade reduzida, auxiliar de sala e provas adaptadas para alunos com transtornos de aprendizagem, como o Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e dislexia, além de mesas e cadeiras ajustadas à altura do estudante. E, é claro, acompanhamento psicológico”, enumera.

O que é considerado deficiência

Vale lembrar que no grupo das crianças com deficiência, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), incluem-se aquelas com conduta típica: com diagnóstico médico de hiperatividade, doenças psiquiátricas, transtornos de comportamento e alterações das aquisições cognitivas, incluindo deficiência mental de todos os níveis; com deficiência global do desenvolvimento (DGD): como aquelas inseridas no Transtorno do Espectro Autista (TEA); com deficiência física: deficiências motoras; síndromes genéticas; múltiplas deficiências; deficiência visual; transtornos de aprendizagem; distúrbios de fala, entre outros. 

Amanda destaca que conhecer bem todas essas deficiências é fundamental para promover a acessibilidade não somente nas escolas, mas em toda a sociedade. Além disso, ela pontua que é fundamental partir desse entendimento para combater o capacitismo – termo nomeia o ato preconceituoso de destratar ou ofender uma pessoa por sua deficiência.

“Existem muitas falas capacitistas naturalizadas em nossos discursos, o que faz com que as crianças as repitam entre seus pares, levando à discriminação de outras com deficiência no ambiente escolar”, analisa. E finaliza: “somente por meio de uma educação mais inclusiva, podemos mudar essa realidade e realmente promover um convívio saudável na infância, no qual haja respeito à individualidade de cada um”.

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