Segunda-feira, 01 de julho de 2024

CMEI abandonado gera insegurança a moradores da região Oeste

Obra segue paralisada há 3 anos, sem nenhuma intervenção da Prefeitura

Postado em: 20-12-2022 às 09h00
Por: Alexandre Paes
Imagem Ilustrando a Notícia: CMEI abandonado gera insegurança a moradores da região Oeste
Obra segue paralisada há 3 anos, sem nenhuma intervenção da Prefeitura. | Foto: Reprodução

Um espaço que deveria acolher crianças brincando e recebendo a alfabetização adequada encontra-se abandonado pela Prefeitura de Goiânia. As obras do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) do Residencial Mendanha estão paradas e sem nenhuma previsão de retomada, pelo que aponta a Secretaria Municipal de Educação (SME).

Enquanto isso, os moradores da região vão convivendo em meio a insegurança, mato alto, vandalismo e prejudicialidade à saúde, pois dentro da unidade, existem muitos focos da dengue. “Aqui na minha rua quase todos os meus vizinhos já tiveram dengue só neste ano. Lá em casa as crianças foram as únicas que não pegaram, já os adultos vivem com suspeita, e os focos com certeza vem dessa área abandonada pela prefeitura”, relata a aposentada Maria Brito Rodrigues, 69, moradora do bairro há cerca de 8 anos.

De acordo com as informações disponibilizados pelo Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle de Obras (Simec) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), cerca de 79% da infraestrutura do CMEI Residencial Mendanha já foi construída, no entanto, a obra segue paralisada há cerca de 3 anos, sem nenhuma intervenção da Prefeitura de Goiânia.

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Segundo informações do líder comunitário, Marcos Roberto, recentemente o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, vistoriou a estrutura do CMEI, e prometeu aos moradores que a previsão de entrega seria até junho de 2023. “Quando uma autoridade vem até nós para conversar e tentar solucionar essa problemática ficamos na esperança que tudo dará certo. Só que considerando o atraso e nenhuma atitude dos órgãos como a Seinfra e SME, é complicado acreditar e ficar esperando”, desabafa Marcos.

Insegurança

Dona Lázara Maria de Souza, 53, reside na esquina da quadra que faz frente com a obra da unidade de educação há mais de 10 anos, e acompanhou todos os trâmites que a construção da área passou. Recentemente a costureira conta que ela e outros vizinhos presenciaram e conseguiram resgatar uma jovem de 12 anos que estava sendo assediada do lado de dentro do local abandonado.

“Passava das 06 horas da manhã quando lá em casa escutamos gritos. Foi desesperador acordar com o pedido de socorro da menina. Ela tinha sido arrastada por um rapaz lá pra dentro, e ele sujou ela toda de barro na tentativa de segurá-la e calá-la. Aí juntamos eu e outras pessoas que saíram na rua, corremos lá dentro e começamos a gritar. Ele soltou a adolescente e fugiu”, relatou Lázara.

Além deste caso, a dona de casa Márcia Bandeira de Moura ressalta que depois que o sol se põe, fica impossível transitar pelas ruas com tranquilidade.“Eu já vi caminhões parando no Cmei e levando madeiras, ferros e até portas. Isso é nosso dinheiro sendo jogado fora”, reclama.

“Quando ainda tinham os tapumes no muro da obra era mais tranquilo e ninguém mexia em nada. Depois que vandalizaram o local, diariamente a infraestrutura serve como ponto de encontro dos usuários de drogas. Fora isso, já encontraram diversas vezes objetos como televisores, microondas, celulares e bicicletas que são roubadas e escondidas nos cômodos do CMEI”, completa.

Falta de acesso à educação infantil

Um grande problema da não entrega desta obra é a falta de acesso à educação infantil de crianças que possuem entre 06 meses e 5 anos. Dona Márcia tem 4 netos nessa faixa etária de idade, e que poderiam estar estudando na unidade. “Pra ajudar meus filhos e noras a trabalharem eu ainda cuido do meu neto mais novo, enquanto os outros 3 vão pra uma escolinha de outro setor. Isso é revoltante, pagar impostos e ainda ter gastos com escola particular e transporte pra ir até outro setor”, desabafa a dona de casa.

Alcione Alves Cunha, 42, explica a importância de retomar as obras. “Será de grande importância para a região, especialmente para as mães que necessitam de um lugar apropriado para deixar seus filhos em segurança. Mas já está há vários anos abandonada, e ninguém toma as providências para concluir a obra, prejudicando quem depende de Cmei’s”, afirma a doméstica.

Dona Maria Brito voltou a dizer que o sonho dela e de outros moradores da região é ver o Cmei pronto. Ela tem uma neta de 9 anos, que na época em que era pequena ficou na expectativa de conseguir vaga lá, no entanto as obras não concluíram. “A solução foi levar as crianças para estudar em um Cmei mais longe”. Ela acredita que nem a neta de 3 anos vai conseguir  uma vaga, considerando o abandono da prefeitura.

Paço diz que empresa descumpriu contrato

A Secretaria Municipal de Educação respondeu à reportagem por meio de nota e alegou que a “empresa contratada pela gestão anterior para retomar as obras da unidade de ensino descumpriu o contrato e o cronograma de conclusão do projeto”. 

“Diante disso, em 2021, a atual gestão suspendeu o contrato e instaurou um processo administrativo de irregularidade para apurar as responsabilidades da empresa e aplicar as penalidades cabíveis na legislação”, complementa.

De acordo com a nota, a pasta já iniciou os trâmites para um novo processo licitatório para a conclusão do projeto, mas não garantiu nenhum prazo para a finalização. “O processo está em fase de elaboração orçamentária. Posteriormente, será encaminhado para a Semad para licitação. A expectativa é de que as obras sejam retomadas no próximo semestre”, pontua.

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