Queda no embarque de grãos eleva preço do frete em 60%

Em Rio Verde e Catalão os fretes apresentaram estabilidade nos pontos analisados pela Conab

Postado em: 31-12-2022 às 08h00
Por: Vinicius Marques
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Em Rio Verde e Catalão os fretes apresentaram estabilidade nos pontos analisados pela Conab. | Foto: Arquivo O Hoje

A movimentação típica da entressafra do mês de novembro, somada à demanda enfraquecida dos grãos culminou na queda do escoamento da soja em relação ao mês passado. No leste do estado, especialmente Cristalina e Catalão, houveram embarques pontuais de grãos que foram compensados pelo aquecimento no transporte de sementes, considerados mais vantajosos.

Em Rio Verde e Catalão os fretes apresentaram estabilidade nos pontos analisados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Na comparação com 2021, chama a atenção a elevação observada nos preços. Em nenhuma das quatro praças a variação foi inferior a 59%. Tendo-se em conta somente o óleo diesel, constata-se que não foi o principal fator, já que no período o aumento médio do combustível nas bombas não foi superior a 21%. 

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As informações são do Boletim Logístico da CONAB. O Boletim Logístico é um periódico mensal que contém dados sobre os aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra.

O Boletim tem como objetivo acompanhar o fluxo do agronegócio, informar sobre valores praticados no mercado para contratação dos serviços de frete rodoviário e possíveis causas que impactam nos preços de transporte, bem como acompanhar aspectos inerentes à logística, seus gargalos, com o intuito de informar sobre crescimento da produção e seus reflexos na infraestrutura existente em diversos estados brasileiros.

Preço mais caro em todo país

O preço do frete em novembro de 2022 aumentou em todas as praças analisadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) conforme divulgado na edição de dezembro do Boletim Logístico, publicado no site da estatal. A variação de preços oscilou entre 9% (na rota Campo Mourão a Paranaguá – PR) e 96% (na rota Cristalina a São Simão – GO), na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, na comparação com outubro de 2022, constata-se estabilidade ou pequenas variações.

O mês de novembro de 2022 apresentou demanda por fretes enfraquecida na maioria dos estados analisados, com movimento típico de entressafra. Espera-se o reaquecimento do mercado a partir de janeiro de 2023, com a aceleração da colheita de soja. De forma geral, o mercado interno manteve uma demanda firme de grãos e farelos com destino às regiões produtoras de rações animais no Sul do Brasil, compensando parcialmente a diminuição no volume das exportações.

Com relação aos preços, as demais praças seguem comportamento semelhante ao registrado no estado goiano, com aumento geral das cotações de frete quando comparado com o mesmo período de 2021. Já com relação aos valores praticados no mês passado se verifica uma leve queda para a maioria das praças.

Em alguns locais, questões pontuais contribuíram para as oscilações. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, as incertezas em relação ao momento político, a expectativa quanto ao comportamento do mercado, entre outros fatores, influenciaram para a redução das movimentações dos produtos rumo aos portos. No Distrito Federal, o clima chuvoso deste período também foi um fator que limitou os embarques locais de grãos.

Já no Paraná, além dos protestos nas rodovias, a queda na demanda também decorreu da baixa disponibilidade de soja na região de Ponta Grossa, uma vez que cerca de 99% da produção já havia sido comercializada. Na região do Sealba (Sergipe, Alagoas e Bahia) e centro da Bahia, houve equilíbrio entre oferta e demanda para o transporte de milho e hortifrutis e as cotações apresentaram-se estáveis. Já no Piauí, a tendência de queda nos preços pode ser explicada principalmente pela diminuição dos estoques, como observado em outubro e intensificado em novembro.

O Boletim Logístico da Conab é um periódico mensal que contém dados coletados nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Paraná, Bahia e Piauí. O estudo mostra aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra.

Exportações

O volume acumulado das exportações de milho entre janeiro e novembro de 2022 atingiu 37,2 milhões de toneladas, contra as 17 milhões apuradas no mesmo período do ano passado, o que representa crescimento de 118,8%. O forte ritmo das exportações brasileiras tem sido impulsionado pelos excelentes preços internacionais ao longo da temporada, a despeito das expectativas recentes, que apontam para uma maior folga no quadro de oferta e demanda mundial.

Até o início deste ano, a China importava milho principalmente dos Estados Unidos e da Ucrânia. Com a guerra com a Rússia e o desentendimento com o governo chinês, em razão da questão taiwanesa, o gigante asiático passou a adquirir mais produtos alternativos, como sorgo e cevada, além de buscar novos fornecedores de milho. O cenário beneficiou as negociações com o Brasil, e as exportações do milho nacional para a China já aumentam a partir desta safra comercial.

Por outro lado, as exportações brasileiras de soja apresentaram queda de 7,67%, reflexo da redução na produção brasileira deste ano e do menor ritmo observado na comercialização interna. O volume acumulado comercializado entre janeiro e novembro de 2022 foi de 77 milhões de toneladas, contra 83,4 milhões em igual período de 2021. As últimas semanas foram marcadas por oscilações na Bolsa de Chicago, particularmente devido ao retorno do “dólar soja” na Argentina, que voltou a vigorar a partir de 28 de novembro.

O “dólar soja” estabelece uma taxa de câmbio específica para o complexo soja, o que impulsionou fortemente as vendas daquele país, ao ponto de o grão argentino ter retirado compradores dos Estados Unidos, impactando Chicago negativamente. Adicionalmente, a desvalorização do dólar no Brasil enfraquece o potencial de vendas externas. No comparativo com as exportações brasileiras de outubro de 2022, a oleaginosa apresentou em novembro uma redução de 31,7%.

O Boletim Logístico da Conab é um periódico mensal que contém dados coletados nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Paraná, Bahia e Piauí. O estudo mostra aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra.

Mercado de Fretes e Conjuntura de Exportação 

De janeiro a novembro 22, as exportações brasileiras de soja atingiram 77,03 milhões de toneladas contra 83,39 milhões em igual período de 2021, apresentando queda de 7,6% -, reflexo da redução na produção brasileira deste ano e do menor ritmo observado na comercialização interna. 

As últimas semanas foram marcadas por oscilações na Bolsa de Chicago, particularmente face ao retorno do “dólar soja” na Argentina, que voltou a vigorar a partir de 28/11. Tal sistema estabelece uma taxa de câmbio específica para o complexo soja. Este movimento impulsionou fortemente as vendas daquele país, ao ponto de a soja argentina ter retirado compradores dos Estados Unidos, impactando Chicago, negativamente. 

Adicionalmente, a desvalorização do dólar aqui no país ajudou a explicar a fraqueza nas vendas externas. No comparativo com as exportações brasileiras do mês passado, a oleaginosa apresentou em novembro redução de 31,6%. Para o milho, o volume acumulado das exportações no intervalo jan – nov/22 atingiu 37,19 milhões de toneladas contra 17,02 milhões, em igual período do ano passado, representando aumento de 20,17 milhões de toneladas e crescimento de 118,5%, no comparativo. 

O forte ritmo das exportações brasileiras tem sido impulsionado pelos excelentes preços internacionais ao longo da temporada, a despeito das expectativas recentes, que apontam para uma maior folga no quadro de oferta e demanda mundial. Mesmo assim, até o início deste ano, a China se abastecia de milho praticamente de duas fontes: Estados Unidos e Ucrânia, agora comprometida após a invasão russa. Mais recentemente, a questão taiwanesa, que deixou a relação entre os EUA e a China diante de grande estresse, a ponto de fazer com que o governo chinês, além de promover maiores compras de produtos alternativos, como sorgo e cevada, saísse em busca de novos fornecedores de milho, estabelecendo negociações com o governo brasileiro, objetivando embarcar milho nacional já a partir desta safra comercial. 

Em relação às exportações do mês passado, novembro apresentou redução de 11,3% e as negociações envolvendo o cereal ocorreram de forma pontual no mercado brasileiro, atentos aos impactos das elevadas temperaturas no sul do país sobre o desenvolvimento da safra verão e a uma provável menor safra argentina. Com esses movimentos, as baixas registradas nos deslocamentos para os portos neste mês repercutiram também as desvalorizações externas do cereal e a do dólar. 

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