Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Bosque dos Buritis será revitalizado

Local contará com áreas de lazer e espaço para crianças. Moradores dizem que parque precisa passar por revitalização com urgência

Postado em: 16-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Bosque dos Buritis será revitalizado
Local contará com áreas de lazer e espaço para crianças. Moradores dizem que parque precisa passar por revitalização com urgência

Marcus Vinícius Beck*

Continua após a publicidade

O Bosque dos Buritis, entre a Avenida Assis Chateaubriand, no Setor Central, e Alameda Botafogo, no Setor Oeste, deve começar a ser revitalizado no mês que vem. A Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) confirmou que existe um projeto em estudo para implantar academia, biblioteca, brinquedoteca e parque infantil no local, mas ainda não houve o avanço  esperado para a consolidação dessas áreas de lazer. Sobre as datas de início e término das obras, a pasta afirmou que ainda não há nada concreto para informar à sociedade.

Por outro lado, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) contou à reportagem de O Hoje que o presidente da casa, José Vitti, se reuniu com o empresário e presidente da Associação do Bosque dos Buritis, Leonardo Rizzo, para discutir uma possível revitalização do local. O parlamentar reconheceu, no encontro, que o local é um dos cartões postais da Capital. Em contrapartida, a assessoria do parlamentar disse que o projeto não se trata de uma parceria com a administração municipal, e que o deputado apenas apoia a causa. 

Queixas

A reportagem esteve no bosque na tarde de ontem e constatou que vários pontos precisam de cuidados. Placas na entrada do parque estão apagadas, e é impossível enxergar informações como a última revitalização do local, que foi em 2016. O lago está escuro e os sinais de poluição são visíveis. No momento em que ficou no local, a equipe flagrou pessoas alimentando animais com comida imprópria. Policiais Militares e Guarda Civil faziam a segurança do parque, mas, no meio da tarde, foram embora. 

Morador de um prédio próximo ao Bosque dos Buritis, o aposentado Márcio José de Oliveira, 72, afirmou que a área verde do parque tem de passar por um processo de revitalização com urgência. “Há um negócio muito sério que vem acontecendo: as árvores, que fazem parte da decoração do parque, não passam por manutenção com certa frequência, e não é incomum vê-las caírem em fios de alta tensão ou carros que estejam estacionados perto do bosque”, diz. “Desde que comecei a morar lá nunca vi ninguém fazer manutenção”.

Outro ponto criticado por moradores e frequentadores do Bosque dos Buritis foi a insegurança. O parque, nos últimos anos, era detentor do rótulo de um dos lugares mais violentos de Goiânia para caminhar. À noite, ninguém se arriscava a percorrer longas trajetórias sozinho, porque não havia policiais ou guardas fazendo ronda pelo local. Assim, era comum de se deparar com usuários de drogas, moradores de rua e assaltantes semeando medo e promovendo roubos. Hoje, a realidade é outra, mas ainda aquém do ideal.

“Nosso gestor tem de olhar para a problemática da falta de manutenção do parque com sensibilidade”, afirma o ativista do movimento Hip Hop, Guilherme Santos, 31. Ele, que não é tão frequentador do parque, reconheceu sua importância para a história da Capital, mas se entristeceu quando não viu boa vontade do Poder Público em um dos pontos mais tradicionais da Capital. “Os gestores dizem que irão tomar alguma atitude em relação ao parque apenas quando veem que há presença dos meios de comunicação”. 

História

Palco de reuniões de movimentos sociais, o Bosque dos Buritis é o parque mais antigo de Goiânia. Fundado em 1937, quando a Capital tinha apenas cinco anos, o parque abriga locais que servem de homenagem para presos políticos na época da Ditadura Militar. Em 2016, colegas do militante Guilherme Silva Neto, então com 20 anos, se reuniram no centro do parque para protestar em memória ao jovem, morto pelo próprio pai por conta de sua atuação no movimento estudantil.

Além disso, o Bosque dos Buritis conta com três lagos com fontes luminosas, iluminação noturna especial, orquidário, espaço multifuncional para eventos, pista interna e externa para caminhadas, parque infantil, museu de artes, estação de ginástica, quiosques, mirante e caminhos internos. Atualmente, o parque é palco de manifestações culturais, aulas de yoga e conversa entre amigos que se encontraram lá para passar à tarde, ou descansar depois do almoço. 

O ativista do movimento Hip Hop, Guilherme Santos, 31, disse que é preciso lembrar da representatividade para a memória goianiense. “Mas, ao contrário disso, os nossos gestores não estão levando em consideração essas questões e, por isso, o parque se encontra nesta situação que vemos”, lamenta. “Desta forma, os pais precisam orientar e conscientizar seus filhos a não dar comida para os patos que estão no lago. Também não se deve jogar lixo nas calçadas e sempre procurar mantê-la em ordem”. 

Última reforma no Bosque dos Buritis foi em 2016 

A última vez que o Bosque dos Buritis, no Setores Centro e Oeste, passou por revitalização foi em 2016. Os serviços foram executados por meio de uma parceria com a Companhia de Urbanização de Goiânia(Comurg), Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) e a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Seinfra). Pelo menos 40 servidores dos departamentos de infraestrutura participaram das obras de manutenção do parque.

Os serviços de limpeza e conservação não foram restritos apenas ao parque. O monumento aos Mortos e Desaparecidos na Luta contra a Ditadura Militar, que fica na rotatória da Avenida Assis Chateubriand com a Rua 26, também foi revitalizada na ocasião. Ele será limpo, ganhará pintura nova em sua base e receberá um iluminação com as cores dos arcos olímpicos.

Com 50 servidores, o bosque conta com uma área verde de 141.500 metros quadrados. Sobre as podas de árvores do local, que foram alvo de críticas por parte da população ontem, a Comug disse na ocasião que o serviço de poda seria realizado com freqüência. “Estamos todos juntos, trabalhando diuturnamente para garantir que os serviços de limpeza e conservação da cidade sejam realizados com êxito”, ressaltou o presidente da Comurg, Edilberto Dias.

Limpeza

A limpeza interna do parque, a reposição de lixeiras ao longo da pista de caminhada, poda de grama e de árvores, foram promessas feitas por aproximadamente 30 servidores da Amma, quando aconteceu o último trabalho de revitalização do parque, em 2016. A Seinfra disse que a troca de lâmpadas queimadas dentro e fora do parque, limpeza das bocas de lobos nas imediações do bosque e a recuperação dos meio fios seria feitos para dar cara nova ao parque mais antigo de Goiânia. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

Veja Também