Goiânia recuperou 200 mil buracos em 2022, mas serviço foi insuficiente

Número é insuficiente para a quantidade de buraco nas vias e qualidade do asfalto

Postado em: 14-01-2023 às 09h30
Por: Vinicius Marques
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Número é insuficiente para a quantidade de buraco nas vias e qualidade do asfalto. | Foto: Reprodução

A prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), tapou menos de 201 mil buracos nas ruas da Capital em 2022. Segundo dados levantados pela secretaria a pedido do Jornal O Hoje, foram utilizadas 15.135 mil toneladas de massa asfáltica no serviço, numa média de 550 buracos por dia. No ano anterior, foram tapados 209.389 mil buracos e 20.241 mil toneladas de massa asfáltica, chamada de CBUQ.

De acordo com o titular da Seinfra Denes Pereira, o serviço de recapeamento dos logradouros explica a redução do serviço na cidade e a queda na necessidade de utilização dos materiais. A redução, no entanto, é sentida por motoristas e pedestres que transitam pelas vias cada vez mais danificadas. “A queda é resultante de programas de recapeamento desenvolvidos pela Prefeitura de Goiânia, por meio da Seinfra”, argumenta Pereira.

O período chuvoso, que agrava a situação já precária das ruas e avenidas, não prejudica o trabalho das operações de tapa-buraco, segundo o secretário. “Nos últimos meses, nós estamos tendo uma situação muito atípica que é a quantidade de chuvas, e isso com certeza, geraria uma quantidade maior de buracos, mas nem a chuva tem impedido nosso trabalho de tapar buracos e manter a manutenção asfáltica da cidade, já que o trabalho é diário”, comenta.

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27 km recuperados

De acordo com dados levantados pela Seinfra, em 2022 foram recuperados 27,37 km em 11 bairros da Capital. Entre eles, Bairro Santo Hilário, Setor Recanto das Minas Gerais, Goiânia 2, Vila Jardim São Judas Tadeu, Bairro Água Branca, Setor Sudoeste, Parque Anhanguera, Jardim Europa, Jardim Curitiba, Vila Mutirão e Setor Centro-Oeste. 

O tempo médio de duração de uma pavimentação executado com asfalto, o mais comum no Brasil, tem uma vida útil média de 8 a 12 anos. Na prática, porém, os problemas estruturais começam a aparecer muito antes desse tempo. Em alguns casos, é possível ver buracos nas pistas alguns meses após a sua conclusão. Isso acontece, principalmente, por causa da baixa qualidade dos materiais utilizados.

Pesquisa feita Confederação Nacional do Transporte (CNT) aponta que a utilização de metodologias ultrapassadas para o planejamento de obras, deficiências técnicas na execução, pouco investimento e falha no gerenciamento de obras, na fiscalização e na manutenção das pistas provocam o que é possível ver nas ruas e avenidas das cidades brasileiras.

“Muitas obras são entregues fora dos padrões mínimos de qualidade, exigindo novos gastos para correção de defeitos que podem corresponder a até 24% do valor total da obra”, revela o estudo. 

Marginal Botafogo

Um dos problemas mais recorrentes de Goiânia é a Marginal Botafogo. De acordo com o secretário, um trabalho de prevenção realizado desde o início da gestão tem reduzido consequências mais graves. “Desde o início do mandato do Prefeito Rogério Cruz ele determinou que fosse mapeado os trechos que corriam maior risco de desmoronamento e, inclusive, identificamos várias falhas ao longo da Marginal Botafogo que conseguimos prevenir acidentes antes que houvesse alguma tragédia, continuamos monitorando e acompanhando qualquer alteração em toda via, e é exatamente por esse motivo que não estamos vendo nenhum problema grave na estrutura ou no asfalto da Marginal nesse período”, revela.

Projeto 630 km

A Seinfra retomou o projeto de reconstrução asfáltica de 630 km com promessa para acabar no final de 2023. Um dos pontos críticos que serão recuperados primeiro devem ser os trechos da Avenida Perimetral Norte, além de reconstruir toda a extensão da via. A previsão, no entanto, era de entrega em novembro de 2021. 

Outro foco do programa é a recuperação da Avenida Anhanguera que, segundo a prefeitura, está com 80% da obra concluída. A previsão é que a obra seja entregue em julho deste ano, mas de acordo com o secretário esse prazo deve ser antecipado. A pasta entregou apenas a primeira etapa da reforma, que corresponde ao trecho entre os terminais de transporte coletivo Praça da Bíblia e Praça A

“Como estamos falando de recuperar tantas vias de Goiânia com um asfalto de qualidade, a estrutura de um asfalto novo e de qualidade, vai nos dar uma economia a longo prazo, com menos problemas com buracos e maior agilidade para resolver os problemas pontuais”, aponta.

Qualidade duvidosa

Especialista em mobilidade e coordenador técnico do Mova-se Fórum de Mobilidade, Miguel Ângelo Pricinote, argumenta que a qualidade dos materiais utilizados não atendem às necessidades da cidade. “O serviço de “tapa-buracos” como é popularmente conhecido parece ser como enxugar gelo é sistemático todo ano os mesmos problemas, na mesma época”, avalia.

Para  Pricinote, a prefeitura teve sorte em ter um trabalho melhor realizado no recapeamento do eixo Anhanguera, apesar de o controle não ser adequado. “O que me parece é que o trabalho de recapeamento do Eixo Anhanguera é que foi feito de forma mais adequada, apesar de que não parece ter tido controle tecnológico de qualidade”, comenta.

O especialista ainda acredita que no caso do Eixo Anhanguera o ideal seria outro material a ser usado. “No caso do Eixo Anhanguera por melhor que for a qualidade, devido o peso e a quantidade de veículos, usar massa asfáltica é um simples paliativo. A melhor solução seria já fazer o pavimento de concreto igual ao do BRT Norte Sul”, complementa.

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