Água contém pouco flúor

Estudo afirma que, dos 20 municípios com população acima de 50 mil habitantes, apenas Catalão conta com toda água fluoretada

Postado em: 22-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estudo afirma que, dos 20 municípios com população acima de 50 mil habitantes, apenas Catalão conta com toda água fluoretada

Gabriel Araújo*

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Um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) constatou que a grande maioria dos municípios goianos possui fornecimento de água fluoretada em níveis abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde. A pesquisa, de âmbito nacional, ainda observou que alguns municípios contam com níveis acima da recomendação do ministério, o que pode levar riscos à saúde de crianças.

De acordo com a pesquisadora Maria do Carmo Freire, da Faculdade de Odontologia da UFG, os índices maiores podem prejudicar a saúde de crianças. “Onde esse nível está abaixo do ideal, não existe o benefício esperado, que é a prevenção da cárie. Enquanto nos locais onde os níveis estão acima do recomendado, temos um risco maior do desenvolvimento de um problema de saúde, as manchas que aparecem nos durante a formação dos dentes das crianças”, afirmou.

A pesquisa, realizada em 20 cidades, verificou que o fornecimento de água ainda sofre com problemas tanto no tratamento, quanto no preparo para o abastecimento das regiões. “Destaca-se no estado de Goiás, a existência de um município com apenas cerca de 30% de água tratada distribuída à população e desta, apenas 5% com água fluoretada”, afirma o relatório.

Ainda segundo a pesquisadora, os resultados mostram a necessidade de mudança no sistema, tanto por parte das empresas distribuidoras quanto pelos órgãos de fiscalização e regulação. “Estes resultados mostram a necessidade de estratégias para avançar na perspectiva da vigilância da fluoretação em Goiás, buscando garantir que seja aplicada de forma adequada, proporcionando redução do índice de cárie na população, sem riscos para sua saúde”, afirmou.

Dia Mundial da água

A relação entre a água, sustentabilidade e segurança social deve marcar esta edição do Fórum Mundial da Água, sediado em Brasília. Este ano, participam representantes de 172 países, em mais de 300 mesas de debate. A organização espera que 45 mil pessoas passem pelas atividades.

A produção de alimentos, um dos principais pontos de debate desta edição, contou com um relatório das Nações Unidas indicando que a demanda por alimento no mundo vai aumentar em 50% até 2050. “O mundo terá que achar uma forma de suprir essa demanda. O volume de água sempre foi constante e, se vai aumentar a produção de alimentos, é preciso se preocupar em oferecer maior volume per capita de recursos hídricos”, afirmou o estudo. Outro tema importante para a organização do fórum é a participação da população na busca por soluções para a gestão hídrica. 

De acordo com a pesquisadora Daniela Nogueira, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), um dos maiores desafios do processo é envolver todos os interessados na tomada de decisão. “É importante ampliar a participação na gestão da água, porém, quanto mais atores envolvidos, mais difícil alcançar um consenso ou tomar uma decisão. A participação de todos é necessária, no entanto, não é simples”, afirmou.

Cerrado

No Brasil, a principal preocupação no momento está na capacidade de geração de água do bioma Cerrado, que vem diminuindo nas últimas décadas devido ao crescimento do agronegócio e as alterações do solo.

Pesquisa recente da Universidade Federal de Goiás (UFG) afirmou que os principais rios e o lençol freático estão chegando a um ponto crítico de desgaste, o que eleva o risco de colapso no abastecimento hídrico. 

Especialistas afirmam que o Cerrado é um dos mais importantes biomas quando se pensa em abastecimento. É nele que nascem rios como o São Francisco, Paraná e até afluentes que chegam ao Amazonas e, portanto, com a queda dos níveis da água, todo o país é afetado.

O bioma, que já chegou a estar em 22% de todo o território nacional, enfrenta o que especialistas afirmam ser o começo da extinção. Segundo a WWF (World Wide Foundation), cerca de 80% do cerrado goiano foram retirados, 20% deu lugar a pastagens, 6% à agricultura e 14% à ocupação urbana e construção de estradas. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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