Amputações em Goiás crescem 41% em dez anos

Os indicadores apontam que entre 2012 e 2021 o estado teve 4.810 procedimentos realizados pelo Sistema único de Saúde (SUS), o maior número do Centro-Oeste

Postado em: 26-01-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
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Os indicadores apontam que entre 2012 e 2021 o estado teve 4.810 procedimentos realizados pelo Sistema único de Saúde (SUS), o maior número do Centro-Oeste. | Foto: Reprodução

Goiás teve aumento de 41% no número de amputações em um período de dez anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Os indicadores da instituição ainda apontam que entre 2012 e 2021 (último ano com dados completos) o estado teve 4.810 procedimentos realizados pelo Sistema único de Saúde (SUS), o maior número do Centro-Oeste. Até março de 2022, outras 139 cirurgias foram feitas. Os três estados da região, junto com o Distrito Federal, somavam 13.182 procedimentos de retirada de membros entre 2012 e 2021.

Os números mostram a necessidade do desenvolvimento de tecnologias cada vez mais avançadas para as próteses, o que significa, para as pessoas amputadas, melhor qualidade de vida e retomada da independência. Além disso, o acompanhamento multidisciplinar para pacientes que passam por esses procedimentos é fundamental para a adaptação à nova realidade e às próteses que, rotineiramente, precisam de ajustes ao corpo do paciente. Um exemplo de desenvolvimento dessas tecnologias é o trabalho da empresa alemã Ottobock, que atua desde 1919 neste mercado. Além da pesquisa e fabricação das tecnologias, a instituição tem investido no Brasil na abertura de clínicas especializadas na protetização dos usuários e no tratamento multiprofissional.

No final de 2022, a empresa inaugurou em Goiânia a nona clínica do país e a primeira do Centro-Oeste. No espaço, são oferecidos serviços para reabilitação de pessoas amputadas ou com mobilidade reduzida. A empresa é referência mundial no desenvolvimento de tecnologias e na inovação em três áreas: próteses, órteses (quando pacientes possuem mobilidade reduzida devido a traumas e doenças ou quando estão em processo de reabilitação), e mobility (cadeiras de rodas para locomoção, com tecnologia adequada a cada necessidade).

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Conforme explica o diretor de Academy da Ottobock na América Latina, Thomas Pfleghar, Goiânia é um importante polo econômico e populacional do Centro-Oeste. Por isso, é importante para a empresa essa atuação e atendimento aos pacientes da região. “Goiânia possui mais de 1,4 milhão de habitantes. É o maior polo econômico do estado de Goiás e um dos maiores do Brasil, principalmente no setor de comércio e serviços. Nosso objetivo é estar o mais perto possível de quem precisa de nós, além de contribuir para o desenvolvimento e crescimento do mercado de clínicas”, afirma.

A expectativa da empresa, segundo o diretor, é que o atendimento não se restrinja apenas ao município. “Como estamos em um polo importante do Centro-Oeste brasileiro esperamos receber pacientes dos estados vizinhos da região. Queremos levar qualidade de vida para as pessoas e oferecer o melhor serviço e tratamento em reabilitação e protetização”, explica. 

Foco na adaptação 

Um dos casos atendidos pela empresa na cidade é o da publicitária e influenciadora digital Letícia Silvério, 28 anos. Aos cinco anos de idade ela teve um câncer na perna esquerda. Mesmo após se recuperar, ficou com sequelas nos movimentos e, aos 14 anos, por iniciativa própria, decidiu amputar o membro. Desde então passou a usar próteses. A publicitária destaca a necessidade da adaptação e que isso depende tanto da pessoa quanto do acompanhamento feito pelos profissionais. “Eu vejo que o tempo para se adaptar a uma prótese varia de pessoa para pessoa. Na primeira prótese que eu usei, já saí andando. Mas, com o tempo, tive que retomar o processo de acompanhamento pois adquiri alguns vícios de marcha, o que não era positivo para mim”, explica.

Atualmente, Letícia usa como prótese o joelho 3R80, produzido pela empresa alemã. O técnico ortopédico da clínica na capital, Leonardo Ferreira, comenta que é importante sempre o treinamento e ajuste adequados ao paciente. “Protetização não é uma receita de bolo. É necessário um tratamento completo de reabilitação e adaptação do paciente, independente de qual seja o componente que ele utilize. Isso acontece desde o começo do processo, antes mesmo de a pessoa receber a prótese, e depois que passa a utilizá-la. Por isso deve ocorrer o acompanhamento de toda a equipe técnica”, afirma.

Além do joelho, outro componente da perna mecânica é o encaixe, que liga o joelho ao corpo. Ferreira comenta a importância dos encaixes provisórios para que a pessoa se acostume à nova realidade e, posteriormente, migre para uma estrutura mais definitiva. “O membro residual (parte da perna que ficou após a amputação) não é desenhado para receber todo o peso corporal, algo que, a partir de então, passa a acontecer. Por isso é necessário todo um período de acompanhamento e preparação. Os ajustes são comuns e devem acontecer. Sempre digo que a protetização acontece não no menor tempo, mas no melhor tempo para cada pessoa”, diz.

Letícia, por exemplo, comenta que teve mudanças corporais depois que passou a utilizar próteses e precisou alterar o encaixe. “Estou em um momento de perda de medidas e pretendo perder mais com o tempo. Por isso é fundamental ficar com um encaixe provisório no início da protetização para que o técnico possa fazer os ajustes necessários”.

Leveza na prótese e na caminhada 

A publicitária destaca duas características do equipamento que utiliza: leveza (com apenas 1,2 quilos) e mobilidade. Para ela, que adora dança, a prótese facilita sua atividade. “Sinto que é um joelho que permite uma passada mais leve. Isso porque eu não preciso forçar o passo para andar. Isso me traz mais liberdade. Sinto como se o joelho fosse mesmo parte do meu corpo”, conta.

Outra vantagem do joelho mecânico, segundo a jovem, é a possibilidade de usá-lo em ambientes aquáticos. “A liberdade que você tem de poder entrar na água da piscina, rio ou mar sem precisa de alguém para se apoiar é muito importante. A prótese que utilizo me dá essa oportunidade. Sem isso teria que usar muletas, retirar a prótese e pedir ajuda. Em alguns casos, pode até ser perigoso”, acrescenta.

Presença em Goiânia 

A unidade da capital do estado fica na Avenida T9, n° 1225, Qd 91, Lt 23, Setor Bueno. A área total do empreendimento conta com 628 metros quadrados, com espaço para que os pacientes possam ser acolhidos, reabilitados, além de serem protetizados, realizar ajustes, revisões e manutenções nos equipamentos, além de fisioterapia. “Assim como as demais clínicas, em Goiânia oferecer um atendimento humanizado é parte fundamental do trabalho dos profissionais, para que possamos entender as particularidades do paciente e dar a ele o melhor tratamento”, diz Thomas.  

A clínica tem atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h. O endereço em Goiânia se soma às unidades de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Pacientes de outras cidades que estejam de passagem por Goiânia e necessitem de atendimento podem utilizar a clínica normalmente. Além do Brasil, a Ottobock tem atuação no mercado da América Latina em outros países como México, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Argentina, Chile e Cuba, além de territórios da América Central.

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