Falta de infraestrutura na saúde e educação revoltam moradores de Goiânia

Pais enfrentam dificuldades na hora de deixar os filhos nos CMEIs e escolas da região do setor Orlando de Morais

Postado em: 27-01-2023 às 08h00
Por: Alexandre Paes
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Pais enfrentam dificuldades na hora de deixar os filhos nos CMEIs e escolas da região do setor Orlando de Morais. | Foto: Reprodução

A ausência de infraestrutura adequada nas escolas, ainda é um problema enfrentado por pelo menos 14,7 milhões de estudantes brasileiros. Os dados são do levantamento da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), com base no Censo Escolar 2021. Foram analisadas informações de 138 mil escolas e de 38 milhões de alunos. Em Goiás a situação não é diferente, e além do déficit de 7 mil vagas para receber as crianças nos CMEIs, há a falta de infraestrutura nas unidades de ensino que atendem aqueles já matriculados.

Apesar da relevância de se assegurar as condições mínimas de funcionamento às escolas, atualmente algumas instituições não asseguram o cumprimento da prioridade definida pela Constituição à criança e ao adolescente. Esse é o caso da Ana Paula Sousa de Meneses Caldeira, 27, que afirma estar enfrentando dificuldades para levar o filho para estudar no CMEI João Navega de Aguiar, no setor Orlando de Morais.

“O CMEI era para ter voltado ao normal no dia 18 de janeiro, só que a turma de 1 ano, do meu filho, não teve esse retorno. A diretora da unidade mandou um informativo no grupo de pais esclarecendo que os agrupamentos C, D e E teriam atividades integrais, e as demais turmas dos pequeninos não. Ela disse que as outras turmas só não voltariam devido a falta de professores. Fica difícil, pois não tenho outro lugar onde deixar meu filho para poder trabalhar”, conta Ana Paula.

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Não diferente dela, a Josy Maria de Jesus, 44, contou uma história bem parecida que enfrenta com sua filha Elena, de 6 anos, desde o ano passado. A pequena estuda na Escola Municipal D’Alka Leles, e segundo Josy, a prefeitura havia prometido enviar kit de materiais escolares para as famílias que não tinham condições de arcar com o custo, além de fazer uma reforma na unidade escolar para melhorar as condições de trabalho dos professores e ensino dos alunos.

“A falta de organização é constante. Animais como cachorros e gatos sempre ficam perambulando dentro da escola, e minha preocupação é com a segurança da minha filha e das outras crianças. Infelizmente não sabemos se esses bichos estão doentes ou são raivosos. É uma falta de higiene e limpeza que só nós pais que vamos diariamente levar e buscar os filhos vemos. Há inclusive um grupo de mães que sempre busca cobrar da escola melhoria, e nada está sendo feito. Tá muito difícil mesmo”, desabafou Josy,

Segundo os pais que têm filhos matriculados nas duas instituições de ensino – Escola Municipal D’Alka Leles e Cmei João Alvarenga de Aguiar – fica complicado deixar as crianças para estudar, considerando a falta de infraestrutura das unidades. “Hoje a única coisa que leva uma criança adiante é a educação. Mas como educar nossos filhos se nas escolas não têm professores e sempre é uma bagunça com horários”, exclamou Viviane Lima, mãe da Laura de 7 anos.

“O ano letivo iniciou com a escola suja, o mato dentro do espaço de convivência das crianças está muito alto. Fora isso tem uma sala que eu acredito ser a antiga biblioteca que os livros estão todos tumultuados e cheios de poeira. Mandamos nossos filhos para escola com o risco de ainda voltarem doentes devido a sujeira ou até por insetos e bichos que possam estar nesse mato. É preocupante para a gente que é mãe deixar nossos filhos assim”, relata Jéssica Antunes, mãe do Enzo e da Carol que estudam na escola D’Alka Leles. 

Unidade de saúde do bairro também está precária 

Outro grande dilema que os moradores do residencial Orlando de Morais enfrentam é a falta dos serviços de saúde do SUS na região. Parte dos moradores relatam que a Unidade Básica de Saúde (UBS) Antônio Carlos Pires sequer possui sala de vacina para o atendimento da comunidade.

“Lá não tem sala de vacina, e a gente tem que se deslocar para as unidades de outro setor, tanto as crianças quanto os adultos que precisam se vacinar. Eventualmente um van costuma vir à região, mas nem sempre atende todo mundo porque não tem todo tipo de vacina necessária”, falou Ana Paula.

Dona Zélia Maria Souza, 66, mora 2 quadras acima da UBS, e afirma que o mato falta entrar dentro do posto de saúde, e que raramente acontece manutenção municipal. “Essa semana que vimos um pessoal cortando esse mato. Vira e mexe dá pra ver os focos da dengue dentro do quintal e na calçada do próprio postinho. É uma calamidade ficar tudo jogado assim, ainda mais um lugar que atende quem tá doente”, pontuou a idosa.

A falta de uma farmácia dentro da unidade de saúde faz com que o Eugênio Lima Silva, 70, tenha que se deslocar cerca de 3 quilômetros para buscar os remédios de pressão arterial e controle da diabetes no posto de saúde mais próximo. “Eu já me habituei, mas o correto era ter no mínimo esses serviços que precisamos para cuidar da saúde. Sou idoso e andar demais todo mês prejudica minha coluna. A comodidade facilitaria muito pra gente”, concluiu o aposentado.

Paço

A Secretaria de Saúde de Goiânia informa que a USF Antônio Carlos Pires está na lista das unidades que serão atendidas com a contratação da empresa para a manutenção e reformas em várias unidades . Devido ao período chuvoso será priorizada a parte elétrica e telhados das unidades e logo após os demais reparos. Sobre a sala de vacinas, a SMS está com um chamamento público aberto de profissionais e assim que contratados serão lotados na unidade. O Centro de Zoonoses já foi acionado e irá até o local para verificar a situação dos animais na unidade e proximidades.

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