Assédio a mulheres em ônibus afeta 34% em transporte coletivo

Pesquisa realizada no último mês de fevereiro constatou que um a cada quatro passageiras já sofreram algum tipo de assédio dentro de ônibus

Postado em: 29-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pesquisa realizada no último mês de fevereiro constatou que um a cada quatro passageiras já sofreram algum tipo de assédio dentro de ônibus

Gabriel Araújo*

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Cerca de 34% das mulheres que utilizam o transporte coletivo da Grande Goiânia já sofreram algum tipo de assédio sexual. Os dados são da pesquisa Avaliação do Transporte Público, realizada pela Grupom Consultoria e Pesquisas no ultimo mês de fevereiro. O estudo aponta ainda que 66,1% dos entrevistados disseram conhecer alguém que já foi vítima desse crime enquanto estava esperando o ônibus ou já dentro do transporte público.

A pesquisa entrevistou 329 pessoas entre os dias entre os dias 14 e 16 de fevereiro deste ano. Os entrevistados eram moradores de Goiânia e da Região Metropolitana de Goiânia, sendo homens e mulheres com idades entre 16 e 70 anos.

A cada quatro usuários do transporte coletivo, um já sofreu assédio sexual. Além das mulheres, o levantamento apontou que 7% dos homens já sofreram com este tipo de crime. O estudo ainda revela que 18,9% dos usuários foram vítimas de assédio e tem conhecimento de outros casos.

Em fevereiro, O Hoje reportou casos de assédios no transporte coletivo. Na época, uma estudante de 22 anos que prefere não se identificar afirmou que utiliza o transporte sempre apreensiva. “Assobios e olhares acontecem sempre, a gente sempre tenta andar com algum conhecido pra evitar algo pior.”, afirmou a jovem.

Abusos

Segundo dados do Painel Estratégico da Secretaria de Segurança Pública do estado de Goiás (SSPGO) o número de abusos sexuais ocorridos no estado no ano passado foi de 631, com somente o mês de outubro registrando 73 casos. Em 2018. Já foram contabilizados 61 ocorrências, o que equivale a mais de uma pessoas sendo abusada por dia em Goiás. As regiões de Luziânia, Goiânia e Aparecida de Goiânia são responsáveis por 47,2% de todos os casos ocorridos no estado.

Violência contra Mulher

De acordo com a última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicada no ano passado, ocorreram 49.497 casos de estupro no país em 2016, um crescimento de 3,5% em relação ao ano de 2015. No Brasil, uma mulher foi assassinada a cada duas horas no período da pesquisa, o que resultou em 4.606 mulheres mortas.

Para o presidente do conselho administrativo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cássio Thyone, o principal problema é a impunidade. “Ao colaborar com a punição pela condenação justa do agressor se reprime não apenas o fato em si, mas toda uma sensação de que este ficarão impunes.”, escreveu.

Em 2016, a organização internacional de combate à pobreza ActionAid divulgou uma pesquisa internacional onde mostrava que o assédio em espaços públicos é um problema global, pois foram registrados altos índices de assédio sexual nos países pesquisados. Na Tailândia o resultado foi de 86% das mulheres entrevistadas, na Índia foram 79%, enquanto na Inglaterra 75% das entrevistadas afirmaram ter sofrido assédios e, no Brasil 86% das mulheres ouvidas sofreram assédio em público em suas cidades.

O estudo ainda identificou as principais formas de assédio sofridas pelas mulheres brasileiras, o assobio é o mais comum, tendo 77% das entrevistadas como vítimas, seguido por olhares insistentes com 74%, comentários de cunho sexual com 57% e xingamentos com 39%. Dados mais alarmantes foram que metade das mulheres entrevistadas no país disse que já foi seguida nas ruas, 44% tiveram seus corpos tocados, 37% disseram que homens se exibiram para elas e 8% foram estupradas em espaços públicos. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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