Goiânia tem 99 pontos de alagamento, mas recuperação é lenta

Goiânia tem ainda dois pontos críticos onde podem ocorrer deslizamento de terra e 28 pontos de enxurradas

Postado em: 01-02-2023 às 08h00
Por: Vinicius Marques
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Goiânia tem ainda dois pontos críticos onde podem ocorrer deslizamento de terra e 28 pontos de enxurradas. | Foto: Reprodução

Goiânia tem, atualmente, 99 pontos de alagamentos registrados pela Defesa Civil do município. Somente a região Sul da cidade tem 28 áreas consideradas críticas pelo órgão. Além disso, existem dois pontos de deslizamento de terra e 28 locais com possibilidade de enxurradas fortes em toda a cidade.

No Parque Amazonas, por conta da baixa altitude do bairro, são cinco pontos de extrema atenção dos órgãos de proteção. A proximidade com o Córrego Serrinha e setores que estão em regiões mais altas, como o Jardim das Esmeraldas, faz com que a água da enxurrada desça pela Avenida Feira de Santana com bastante força. 

Outro ponto de atenção no setor é nas proximidades do córrego Minaçu. Duas ruas são consideradas como pontos de alagamento, enxurradas ou inundações; Rua Anacá e Av. Dona Terezinha de Morais.

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O setor Bueno também é recheado de pontos de alagamento. Com cinco pontos críticos, o trânsito na região fica prejudicado. Nas proximidades do Parque Vaca Brava, a situação é sempre mais complicada. Em dias de chuvas como as do final de semana, o córrego pode não suportar o volume de água e transbordar. Nas avenidas T-8, T-9 e T-10, as condições são mais críticas.

Deslizamentos

Na região Norte da cidade, o maior desafio da gestão é lidar com um dos pontos de deslizamentos existentes na Capital. A rua da Alegria, no Setor Perim, que cruza duas vielas, é uma das regiões que podem ocorrer deslizamentos de terras. Outros oito setores podem registrar alagamentos ou inundações.

O segundo ponto de deslizamento de terra na Capital fica no Setor Novo Mundo 2, na Avenida Lincoln. Na região leste, são 8 pontos de cautela para a Defesa Civil, especialmente nos setores próximos ao Rio Meia Ponte, Córrego Ladeira e Córrego Barreiro. 

Perigos

O alagamento de ruas e as enxurradas podem provocar acidentes fatais como o que vitimou o motociclista Warley Melo Adorno, 22. Ele estava desaparecido desde a tarde desta segunda-feira (30), após uma forte tempestade na cidade. O corpo dele foi encontrado depois de ser levado pela enxurrada na Avenida C-107, próximo da ponte do Córrego Cascavel. A região, está entre os pontos de alerta do órgão sobre possíveis alagamentos, inundações e enxurradas.

O corpo da vítima foi encontrado perto da Avenida Padre Wendel, na Vila Abajá, em Goiânia.O local fica a cerca de 4 quilômetros abaixo do local em que Warley foi arrastado. Segundo o Corpo de Bombeiros, o Córrego Cascavel transbordou no momento da forte chuva. A moto do homem foi achada perto do guard rail da ponte.

Cada ponto deve ser analisado individualmente

Segundo nota da Secretaria Municipal de Infraestrutura de Goiânia (Seinfra), o guard rail é instalado para que veículos não caiam ou sejam arrastados para a margem ou leito dos mananciais de água e não são projetados para contenção de pedestres e motociclistas. É sempre recomendado que pedestres e motociclistas evitem transitar em pontos de captação da água da chuva para evitar acidentes.

O especialista em trânsito e coordenador do Mova-se Fórum de Mobilidade, Miguel Angelo Pricinote, avalia que cada ponto de alagamento da cidade deveria ser analisado de forma individual e que existem meios também de proteger as pessoas de acidentes como o de ontem em casos de fortes chuvas. “Existem, por exemplo, algumas proteções (tipo gaiola) que protegem de objetos grandes que seguem sem impedir a passagem da água. O gradil metálico funciona  como um “porteira de fazenda” podendo ceder a força da água”, avalia.

Pricinote também considera que devem ser analisados os pontos quanto ao planejamento da coleta de água pluvial das vias. “É preciso analisar cada caso e criar uma solução de escoamento sempre preocupando com as aberturas dos bueiros e saídas de água. Um acidente como esse poderia ser evitado se a saída da água estivesse de alguma forma melhor protegida mas não necessariamente impedindo a passagem da água”, aponta. 

Seinfra

Em nota, a Seinfra informa que monitora constantemente todos os pontos de alagamento e revela os números do trabalho feito em 2022. São realizados monitoramentos constantes nos pontos de alagamentos e feita limpeza periódica das bocas de lobo para evitar o acúmulo de água das vias, Porém, sempre que há chuva com grande volume, como a que ocorreu no domingo (29/01) e nesta segunda-feira (30/01), as águas levam material terroso para as bocas de lobo e galerias. Por isso, nova intervenção tem de ser realizada.

O trabalho de prevenção a alagamentos e enchentes é contínuo. Em 2022, foram limpas 39.728 bocas de lobo, 101.933 ramais e 1.290 poços de visita. Destes locais, as equipes retiraram 7.367,50 toneladas de entulhos, como lixo doméstico, sacolas plásticas, galhos, folhas, resto de construção, marmitas de isopor e roupas. Foram limpos também 1.651 unidades de bueiros/pontes.

Pacote de investimentos

Ainda na nota divulgada para a imprensa, a Seinfra ainda mostra um pacote de investimentos no valor de R$67,8 milhões em obras específicas de drenagem, mas vale ressaltar que as obras listadas são 10 setores que vão receber obras de drenagem e outros 10 pontos de alagamentos  que vão passar por obras a fim de resolver o problema.

Pavimentação, drenagem e serviços em 10 bairros: Residencial Solar Ville e Chácara São Joaquim, cujas licitações já foram autorizadas; Bairro Residencial Elizene Santana, Residencial Elza Fronza, Sítios de Recreio Mansões do Campus, Parque Maracanã, Residencial Privê Itanhangá, Sítio de Recreio dos Bandeirantes, Sítio de Recreio Caraíbas, Recreio Pindorama.

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