Quinta-feira, 28 de março de 2024

Saúde prevê plano de vacinação infantil em três etapas ao longo de 2023

Pediatra afirma que a imunização da criança é fundamental para evitar prejuízos graves à saúde infantil

Postado em: 06-02-2023 às 08h30
Por: Everton Antunes
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Pediatra afirma que a imunização da criança é fundamental para evitar prejuízos graves à saúde infantil. | Foto: Reprodução

O Ministério da Saúde anunciou, no último dia 31, o Programa Nacional de Vacinação de 2023. O plano deve ser executado a partir do dia 27 deste mês e, entre as cinco etapas, pelo menos três contemplam a imunização de crianças, além de promover o envolvimento da comunidade escolar para o combate de doenças imunopreveníveis – ou seja, aquelas que podem ser evitadas por meio de vacinas.

“Estamos diante de um cenário de baixas coberturas. Foi atacada a confiança da nossa população nas nossas vacinas. É fundamental retomar a rotina de vacinação para evitarmos epidemias de doenças, inclusive, já controladas”, enfatiza Nísia Trindade, ministra da Saúde. 

A afirmação da ministra corresponde com o ponto de vista de Luiz Carlos, médico pediatra: “a vacinação é uma forma consagrada mundialmente, pelas instituições mais respeitáveis e ancoradas em pesquisas científicas sérias, de proteger as crianças contra  inúmeras doenças frequentes e até fatais”. O médico também instrui as famílias sobre a situação vacinal dos filhos. 

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O programa

A partir de março, na terceira etapa do cronograma, haverá a intensificação das campanhas de vacina de Covid-19 para crianças e adolescentes entre seis meses e 17 anos. Além de alertar aos pais e responsáveis sobre a necessidade de levar a Caderneta de Vacinação para avaliações. 

Na quarta etapa, prevista a partir de abril, a pasta prevê a imunização contra a influenza, que terá crianças de seis meses a quatro anos de idade no público-alvo. Já em maio, na etapa cinco, o Ministério da Saúde estipulou a multivacinação de poliomielite e sarampo nas redes de ensino, bem como conscientizar a população. 

Dados de Goiás

Dados divulgados à reportagem deste jornal pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) apontam que quase 4,3% da população entre seis meses e dois anos foi vacinada com a primeira ou segunda dose da vacina de Covid-19, no ano passado. Por outro lado, aproximadamente 26,23% das crianças de três a quatro anos receberam imunizantes, enquanto que 96,47% do público de cinco a 11 anos foi vacinado com, ao menos, uma dose. 

Em relação à vacina da Influenza, no ano de 2022, quase 70% da população de seis meses a cinco anos – ou 310.907 crianças – foram imunizadas. Ainda no ano passado, mais de 76% dos bebês menores de um ano receberam a vacina contra a poliomielite e a faixa etária de um a quatro anos de idade compreendeu mais de 60% do público infantil que tomou essa vacina – isto é, mais de 240 mil crianças. 

Conscientização

“Todas as vacinas do Raul estão em dia. A próxima ele tem que vacinar em abril, que é a de gripe”, afirma Andressa Chaves, mãe do Raul, de dois anos de idade. Andressa conta que sempre acompanhou a caderneta de vacinação do filho e diz acreditar no potencial dos imunizantes para a saúde da criança. 

No entanto, a mãe relata que, na ocasião do nascimento de Raul, em 2020, observou a falta da vacina BCG. “Nós fomos em muitos muitos CAIS e Postos de Saúde e foi muito difícil. A gente não estava encontrando essa vacina. Na época, estava em falta. Parece que os laboratórios estavam todos focados com a Covid e algumas vacinas faltaram”, afirma.

“As vacinas possibilitam o desenvolvimento e saúde das crianças, na medida em que evitam que elas sejam vítimas de doenças que lhes poderiam trazer sofrimento, limitações”, explica o pediatra. Segundo o especialista, é importante que os pais acompanhem o quadro vacinal dos filhos para evitar doenças que podem trazer prejuízos ao desenvolvimento infantil e risco de morte. 

Covid-19 pode permanecer por longo tempo

Uma pesquisa realizada com brasileiros revela que quase 60% das pessoas que contraíram covid-19 desenvolveram a doença por longo tempo, com sintomas que permaneceram pelo menos por três meses após a fase aguda. Realizado pela Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo usou um questionário online destinado a pessoas que tinham contraído a doença. Para a análise, foram considerados 1.230 participantes que apresentaram  diagnóstico de covid-19 confirmado por teste PCR.

Deste total, 720 pessoas mantiveram sintomas por três meses, ou mais, e 496 disseram que não estavam totalmente recuperados no momento da pesquisa. Os efeitos prolongados da doença foram mais frequentes entre os não vacinados.  Além disso, mais de 80% das pessoas com covid-19 longa demandaram serviços de saúde por causa da persistência dos sintomas.

Fadiga, ansiedade, perda de memória e queda de cabelo foram alguns dos principais sintomas apontados. Foram citados mais de 50 sintomas persistentes, agrupados em dez categorias: cardiovasculares/coagulação, dermatológicos, endócrino-metabólicos, gastrointestinais, músculoesqueléticos, renais, respiratórios, neurológicos e de saúde mental, além de sintomas gerais, como dor e tontura.

Os resultados do estudo foram publicados em janeiro. Entre os pesquisadores que assinam a nota técnica, estão Claudio Maierovitch, Vaneide Pedi, Erica Tatiane da Silva e Mariana Verotti, da Fiocruz Brasília, além de Rafael Moreira e Marcos Pedrosa, da Fiocruz Pernambuco. A publicação analisa os sintomas da covid-19 longa no Brasil e o acesso ao diagnóstico e ao tratamento.

“A falta de dados inviabiliza o desenho de estratégias para alertar a população sobre os riscos de desenvolver esta forma de covid-19 e de serviços de assistência para atender às pessoas que sofrem de sequelas prolongadas”, diz a equipe técnica responsável pela pesquisa.

O objetivo do estudo foi justamente contribuir para o preenchimento das lacunas desses dados. Protocolos de monitoramento de pacientes com sequelas persistentes, investimentos em atividades de reabilitação com abordagem multidisciplinar e atenção especial à covid-19 longa nas populações mais socialmente vulnerabilizadas estão entre as recomendações do documento.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 10% a 20% dos pacientes considerados livres do Sars-CoV-2 e da doença aguda podem apresentar covid-19 longa, isto é, entre 2,8 milhões e 5,6 milhões de brasileiros poderão precisar de cuidados de saúde por sofrer desta forma da doença. Tal condição refere-se a uma variedade de sintomas que permanecem ou até aparecem pela primeira vez até três meses após a infecção por Sars-Cov-2, sintomas que não podem ser explicados por outros motivos e que trazem prejuízos à saúde e à qualidade de vida.

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