Vivência em Goiânia evidencia problemas crônicos na infraestrutura

As reclamações sobre os cuidados com a cidade se acumulam da periferia da Capital às zonas centrais e industriais

Postado em: 11-02-2023 às 09h30
Por: Everton Antunes
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O relato de moradores mostra que a prefeitura é democrática na hora de deixar até mesmo alguns serviços simples completamente paralisado por meses | Foto: Divulgação/ Secretaria de Mobilidade

Iluminação pública, saneamento e coleta de lixo. Alguns serviços, que deveriam ser ofertados com qualidade ao goianiense, são sinônimos de omissão do Poder Público em diversos locais da capital. Diante desse cenário, o descaso com a infraestrutura urbana torna-se um problema que acompanha os habitantes de diversos setores, juntamente com o “crescimento desordenado” da cidade.

David Finotti, autoridade do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO), avalia que “Goiânia necessita de um estudo aprofundado das ocupações nas áreas sensíveis da cidade, como nas proximidades dos cursos hídricos”. Ele afirma que “esses dados devem ser compatibilizados com a Carta de Risco do Plano Diretor e, assim, deve-se estabelecer políticas públicas e projetos para cada caso”.

Orçamento

Dados obtidos no Portal da Transparência da Prefeitura indicam que, nas metas da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, eram previstos R$8.000.000,00 para a edificação de pontes e R$ 80.000.000,00 para a pavimentação asfáltica – por meio do programa Goiânia Em Nova Ação. Em 2023, a LDO prevê quantia semelhante à do ano passado – ou seja, R$80 milhões, para o mesmo fim.

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Além disso, neste ano, as metas de despesas do setor de Infraestrutura e Transporte Coletivo somam R$ 65,9 milhões – destinados à execução de reformas, construções de praças e ciclovias e pavimentação das ruas. No entanto, “os recursos podem ser melhor distribuídos e não só destinados às soluções pontuais – de trânsito, por exemplo”, ressalta David.

Problemas Crônicos  

“Mobilidade, gestão de resíduos sólidos, ausência de planos de habitação, drenagem urbana e a poluição de córregos são problemas crônicos que Goiânia enfrenta ao longo de várias décadas”, explica o conselheiro. Esses impasses ocorrem, para David, “devido à falta de levantamento adequado das condições desses locais e das suas reais necessidades”.

O conselheiro denuncia que as áreas próximas à planície do Rio Meia Ponte e as imediações da Marginal Botafogo estão constantemente relacionadas a deficiências na infraestrutura e problemas de drenagem. “Cabe ao poder público o desenvolvimento de Planos de Bairro e o fortalecimento do diálogo com os moradores para compreender a necessidade de cada espaço da cidade e, assim, melhorar a gestão urbana”, reforça. 

Prestação de serviço

Em resposta, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (SEINFRA) disse que “o trabalho de prevenção a alagamentos e enchentes é contínuo” e, entre Janeiro de 2022 e o fim do último mês, “a Seinfra limpou quase 41 mil bocas de lobo e retirou 7,70 toneladas de entulhos”. Ao todo, a pasta informa que limpou mais de 1.7 mil unidades de bueiros e pontes.

A Seinfra também estimou que 111 bairros do município foram beneficiados pelo Projeto 360, com obras de reconstrução asfáltica. Entre 2020 e janeiro de 2023, a secretaria estabeleceu que foram feitas quase 540 vias em todas as regiões de Goiânia, além da pavimentação de mais de 54 quilômetros – isto é, cerca de 150 vias. 

Sobre as ações de tapa-buracos, a Seinfra afirma que opera com cerca de 14 equipes e 100 servidores no atendimento de, em média, 10 bairros por dia – sendo mais de 437 mil crateras recuperadas ao longo de 25 meses, de acordo com a pasta. A redação deste jornal também buscou a Companhia de Urbanização de Goiânia (COMURG), mas, até o fechamento da matéria, não obteve resposta.

Das regiões mais afastadas ao centro

As reclamações sobre os cuidados com a cidade se acumulam da periferia da Capital às zonas centrais e industriais. O relato de moradores mostra que a prefeitura é democrática na hora de deixar até mesmo alguns serviços simples completamente paralisado por meses.  

  • Região Central

No centro de Goiânia, além dos riscos de alagamentos como na Avenida Anhanguera no Setor Campinas, inundações como as que ocorrem na Av. Perimetral e na Rua 238 na Vila Monticelli, buracos na Rua Comendador no setor Negrão de Lima, os moradores também pela segurança nas proximidades do Hospital das Clínicas (1ª Avenida) e do prédio da Faculdade de Educação – UFG.

  • Região Sul

Aqui, uma das principais reclamações é com o trânsito. Especialmente em avenidas consideradas articulações, a falta de semáforos inteligentes, respeito às faixas exclusivas e engarrafamentos. Porém, é comum a reclamação com calçadas quebradas, ruas esburacadas e alagamentos.

  • Região Leste

Descuidado com símbolos históricos do município como a Praça Boa Ventura no Leste Vila Nova ou ruas recheadas de buracos ou com remendos mal feitos também aflige quem mora nessa região. Antes conhecida como um cartão postal da cidade, hoje está esquecida. O que mais incomoda é o acúmulo de lixo na praça. Como não há espaço para depósito dos resíduos, moradores e comerciantes são obrigados a descartar o lixo na própria praça

  • Vale do Meia Ponte

“Apesar de ser numa região central, é um setor muito esquecido. Não tem valorização nenhuma, então sofre com abandono, principalmente em termos de limpeza”, avalia uma moradora.

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