Homens idosos têm mais chance de metástase

Pesquisa realizada com pacientes do Hospital das Clínicas descobriu que homens na faixa dos 60 anos e que já tiveram câncer no cólon ou no reto são os mais acometidos por câncer de fígado

Postado em: 05-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pesquisa realizada com pacientes do Hospital das Clínicas descobriu que homens na faixa dos 60 anos e que já tiveram câncer no cólon ou no reto são os mais acometidos por câncer de fígado

Gabriel Araújo*

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Uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) revelou que homens com 60 anos ou mais são os mais afetados por câncer metastático de fígado. O estudo foi realizado no Hospital das Clínicas da Universidade, em Goiânia, e avaliou 54 pacientes.

De acordo com a pesquisadora Andressa Machado Brasil, o fígado pode ser acometido pela metástase em 15 a 20% dos casos no momento do diagnóstico do câncer colorretal e em até 60% dos casos ao longo da vida dessas pessoas.

Segundo o professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFG, Claudemiro Quireze Júnior, os dados contribuem para desmistificar o pessimismo que atinge pacientes que apresentam tumores no fígado. “As pessoas têm a ideia de que, pela gravidade do problema, não terão tratamento. Na verdade, não apenas há tratamento, como há recursos para isso no Sistema Único de Saúde”, completa.

O estudo descobriu que homens na faixa dos 60 anos que apresentaram a metástase no fígado em até seis meses depois do diagnóstico do tumor inicial no cólon e no reto foram tratados com quimioterapia em 51,9% dos casos e com cirurgia em 42,6% dos casos. Estes pacientes sobreviveram uma média de mais de dois anos, cerca de 27,3 meses após o diagnóstico.

De acordo com o professor, a pesquisa também contribui para a adoção de procedimentos mais adequados à realidade regional. A partir dela, fica evidente, por exemplo, que homens depois dos 40 anos, com histórico de câncer na família, precisam estar atentos aos exames preventivos. “Isso vai impactar em diagnóstico precoce, prevenção para os pacientes, diminuição da morbidade e, naturalmente, no futuro, deve impactar no número de pessoas precisando de tratamentos complexos”, afirmou o professor.

A pesquisadora ainda informou que o estudo encontrou uma associação que contraria evidências clássicas que apontam que pessoas que apresentam a metástase no fígado em até seis meses vivem menos.

Incidência da doença

Para o Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Ministério da Saúde, a prevenção e o controle da doença no país representa um dos maiores desafios para a saúde pública.”A descrição da distribuição dos tipos mais incidentes de câncer, por meio do tempo, tem sido uma das principais estratégias para o estabelecimento de diretrizes em políticas públicas e, principalmente, para o planejamento de ações de prevenção e controle do câncer”, afirmou o órgão na apresentação da pesquisa sobre a incidência de câncer no país.

O estado de Goiás possui uma taxa de incidência de 262,47 para cada 100 mil habitantes, o que representa a décima taxa dentre os estados brasileiros. Os tipos de câncer que mais afetam os homens no estado são o de próstata, com uma taxa de 64,51 para 100 mil habitantes e o câncer de cólon e reto, com 28,30/100 mil. As mulheres sofrem com uma incidência de 48,68/100 mil habitantes para o câncer de mama e 16,78/100 mil para o de colo de útero. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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