Cavalaria ajuda na segurança

Polícia Montada fez 36 anos de existência. Função da tropa é atuar em eventos que tenham grande aglomeração de pessoas

Postado em: 05-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Polícia Montada fez 36 anos de existência. Função da tropa é atuar em eventos que tenham grande aglomeração de pessoas

Marcus Vinícius Beck*

A Cavalaria da Polícia Militar em Goiás é considerada a tropa mais antiga da polícia. Criada em 1893, sua função é acompanhar eventos que tenham grande aglomeração de pessoas, como partidas de futebol, protestos de rua e outras manifestações populares. Em Goiânia, alguns a enxergam de forma romantizada por conta dos cavaleiros que fazem a segurança da sociedade. Já outros não pensam duas vezes em dizer que a cavalaria abusa da força em determinadas circunstâncias. 

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Em meio a essa divisão de opiniões, a Polícia Montada completou 36 anos de existência no Estado. Em solenidade, o secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), Irapuan Costa Júnior, disse que a presença da cavalaria é “fundamental no combate à criminalidade”. “A cavalaria atua em locais de difícil acesso de viaturas. São policiais extremamente importantes para coibir o crime”, diz. Apenas no mês passado, a cavalaria prendeu 20 pessoas em diversas regiões de Goiânia. 

Nesta semana, a reportagem de O Hoje acompanhou por volta das 20h dois cavaleiros na Vila Jaraguá, na região norte de Goiânia. Ambos estavam armados com pistolas de coldre e montado em seus cavalos. “A gente percebe que há uma aceitação bem grande por parte da sociedade, que vê nosso trabalho de forma bonita”, afirma um tenente. 

Divergência 

Mesmo sendo visto com um toque de romantismo, o trabalho desenvolvido pela Polícia Montada divide opiniões. Adeptos de manifestações de rua não vêem com bons olhos a tropa, que já chegou a atirar bombas de feito, gás lacrimogêneo na população e bateu com o cacete nas pessoas que estavam no caminho. Por outro lado, é normal de se encontrar gente que contemple o trabalho da cavalaria.

Atuante em movimentos sociais, a estudante universitária Ludmilla Mendonça, 26, relatou que já teve de se esconder da cavalaria da polícia durante um ato no Setor Central. “No momento em que me escondi, consegui ver os policiais descendo a ‘porrada’ nos manifestantes que estavam na rua exercendo seu direito de se expressar”, diz a estudante. “Teve uma manifestação que um adolescente foi amarrado e carregado pela cavalaria, acho que era em 2013”. 

A opinião é corroborada pelo estudante universitário João Pedro Rodrigues, 23. Militante ativo em Goiânia, ele relata casos em que foi preciso se esconder da cavalaria. Para ele, os cavaleiros não pensam duas vezes antes de atirar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo nos manifestantes. “Em 2013, na onda de manifestações que tomou conta do país, eles encurralaram vários estudantes que fugiam das bombas de gás lacrimogêneo em uma lanchonete”, relata. “Essa, certamente, foi a cena mais abusiva que vi”. 

Já o contador Flávio Alves, 53, disse que, se que a cavalaria é fundamental para garantir a segurança da população. “Sem eles, a situação seria bem pior”, garante. Ele, mesmo reconhecendo que há abuso de poder e excesso de força por parte da tropa, afirmou que a polícia cumpre o papel de fazer a segurança da sociedade, ainda que muitas vezes da forma mais adequada. “Se com eles já não está essa coisa toda, imagine sem eles”. 

Captura

Na celebração do aniversário da Polícia Montada, o titular da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) agradeceu o empenho de cada integrante do regimento e destacou as ações para garantir mais segurança à população. “Os policiais que atuam na Cavalaria têm recapturado vários foragidos da Justiça. É um grupo eficiente e que merece nosso total reconhecimento”, afirma o titular da SSPAP.  

Inteligência será prioridade no combate à criminalidade 

Ao assumir o comando da Secretaria de Segurança Pública a Administração Penitenciária (SSPAP), no final do mês de março, Irapuan Costa Junior disse que conhecimentos técnicos são fundamentais para se combater a criminalidade. “Tenho certeza que cada participante está ainda mais apto para executar suas funções”, completa. No total, 48 integrantes de todas as forças policiais concluíram a primeira turma de um curso realizado em parceira da SSP com a UEG.

O superintendente de Inteligência da SSPAP, delegado Danilo Fabiano Carvalho, disse que a importância da capacitação dos profissionais ligados à área de segurança pública é fundamental. De acordo com ele, a formação em inteligência dá ao policial ferramentas para ele antecipar ações criminosas. “Esse é um dos nossos principais focos”, diz.

Redução

Em balanço anual, a SSPAP informou que os 12 índices de criminalidade tiveram redução em relação ao ano passado. O levantamento apurou dados entre março de 2017 e janeiro de 2018. As reduções tiveram efeito significativo sobre as taxas de roubo a comércio (32,61%), roubo a transeunte (26,74%) e latrocínio (24,22%). As quedas mais tímidas foram nos crimes de estupro (4,39%), furto em residência (5,38%) e furto de veículos (8,58%).

No momento em que foram divulgadas as ações, a pasta disse que houve mapeamento das facções criminosas atuantes em Goiás. Nos últimos dois anos e meio, diz a SSPAP, a principal facção atuante no país iniciou no Brasil um movimento de expansão paro o Estado de Goiás, o que gerou um conflito com a segunda organização mais notória. A prioridade da pasta nos próximos anos é combater o crime organizado, de forma sistêmica. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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