Mais de 11 mil pessoas devem ser diagnosticadas com leucemia no Brasil até 2025

Goiás está entre os estados com menor incidência da doença

Postado em: 13-02-2023 às 08h00
Por: Vinicius Marques
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Goiás está entre os estados com menor incidência da doença. | Foto: Reprodução

O mês de fevereiro, ou Fevereiro Laranja, é designado pelas autoridades de saúde para realização de ações de conscientização sobre o combate à leucemia, que aumenta sua incidência com a idade, sendo mais frequentes em idosos. Mas até os vinte anos de idade é o câncer mais comum.

Câncer mais frequente entre o público infanto-juvenil, segundo especialistas, a leucemia tem estimativa de mais de 11 mil casos no Brasil entre 2023 e 2025. As informações são da publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, lançada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). A publicação é a principal ferramenta de planejamento e gestão na área oncológica no Brasil.

No cenário entre as regiões brasileiras, o Sudeste, com 4.610/100 mil habitantes, e Nordeste, com taxa de 3.300/100 mil habitantes, são os locais com maiores estimativas no país. Na sequência, aparecem Sul (2.190), Norte (790) e Centro-Oeste (650). Já entre os estados, a estimativa mais alta de incidência de leucemia está no Ceará (8,39 casos para 100 mil habitantes), seguido por Santa Catarina (8,04) e Rio de Janeiro (6,48). Na outra ponta, no locais com menores incidências previstas, estão Goiás (1,91 casos para cada 100 mil habitantes), Tocantins (3,00) e Roraima (3,42).

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A Leucemia é basicamente uma neoplasia ou câncer que atinge os glóbulos brancos do sangue. De acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) no período entre 2023 e 2025 mais de 11 mil casos da doença serão diagnosticados no Brasil. Ainda conforme o Inca, só no ano de 2020, foram registrados 6,7 mil óbitos no país em decorrência do problema.

A doença é classificada em 12 tipos, mas os mais conhecidos e com maior incidência são quatro: leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (CLL). Dependendo do tempo de evolução, a leucemia pode ser classificada como crônica ou aguda. “As agudas  são as que  mais assustam,  e consequentemente,  necessitam  de um tratamento rápido. Há também um risco maior no tratamento  quimioterápico, que é mais agressivo nesses casos, porém com mais chances de cura”, explica a hematologista e oncogeneticista, Maria Cunha Ribeiro Amorelli, que atende no Órion Complex em Goiânia. 

Sintomas e causas

Segundo especialistas, ainda se sabe pouco sobre as reais causas dessa neoplasia que atinge as células do sangue, mas estudos já demonstram alguns importantes fatores de risco para seu desenvolvimento, como exposição a alguns tipos de radiação, elementos químicos e anomalias genéticas, como a Síndrome de Down, e o histórico da doença na família.

Assim como suas causas, os sintomas indicativos da leucemia também nem sempre são claros. Mas alguns sinais como sangramento nas gengivas e no nariz, inchaço no pescoço, cansaço, dores nos ossos e nas articulações, febres que podem vir acompanhadas de suores noturnos, perda de peso, aparecimento de manchas roxas são sinais de alerta que precisam ser investigados.

Segundo explica a médica Maria Cunha Amorelli, a leucemia tem como principal característica o acúmulo de células doentes na medula óssea, onde a doença tem origem, que substituem as células sanguíneas normais. “Na leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma numa célula cancerosa. As células leucêmicas, da medula, substituem as células normais, circulam pelo sangue e podem   infiltrar  órgãos como  gânglios linfáticos, o baço, o fígado, o sistema nervoso central, os testículos e outros órgãos”. Explica a especialista. 

De acordo com a hematologista e oncogeneticista, à medida que o número de células leucêmicas aumenta, aparecem inchaços ou infecções e quanto maior a idade maior os riscos para o paciente.  “Exceto a leucemia linfoide aguda, que é mais comum em crianças com sintomas de cansaço, palidez e pontos vermelhos no corpo, que não somem, quando pressionadas”. Esclarece a hematologista.

Diagnóstico e tratamento

Diante da suspeita de um quadro de leucemia, um dos principais exames para diagnosticar a doença é a realização de um hemograma completo, exame de sangue que traz várias informações importantes sobre o comportamento das células sanguíneas. “É um exame muito simples que pode ser feito a qualquer momento. Com isso,  se consegue uma pista sobre a presença de uma leucemia e posteriormente serão feitos exames de alta complexidade, sendo  possível definir se um paciente é portador de uma leucemia e seu tipo específico”.

O tratamento das leucemias agudas é feito com altas doses de quimioterapia, o que acarreta em efeitos colaterais bastante agressivos. “Nesse momento o paciente fica bastante fragilizado e precisa receber diversas transfusões de sangue. Outro tratamento bastante usado nos últimos anos é o transplante de medula óssea, que pode ser feito após a quimioterapia”, esclarece a especialista.

Já as  leucemias crônicas, como têm um desenvolvimento mais lento, podem ser  tratadas até mesmo com fármacos, ou por meio da associação com outros tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia, o que irá depender do tipo da leucemia e seu estágio de evolução.

Transplante de medula

Entre os diversos tipos de tratamentos disponíveis contra a leucemia, o transplante de medula óssea é um tratamento para os casos que  foram refratários à quimioterapia, ou  diagnósticos mais agressivos e  específicos  que o especialista indica o transplante de medula.  

Os principais beneficiados com o transplante são pacientes com  leucemias que são o câncer originário na medula óssea.. “O paciente, depois de se submeter a um tratamento que destruirá a sua própria medula, receberá as células da medula sadia de um doador compatível. É importante a gente lembrar, que  a doação de medula óssea salva vidas, venho pedir à população e lembrar neste Fevereiro Laranja, a importância da doação de sangue e de medula óssea”, afirma a  Hematologista, Maria Cunha Ribeiro Amorell

Quem pode se cadastrar como doador de medula óssea?

Para se cadastrar como doador de medula óssea é necessário atender os seguintes requisitos:

  • Ter entre 18 e 35 anos de idade;
  • Estar em bom estado geral de saúde;
  • Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue;
  • Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico;
  • Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso;
  • Para o cadastro, será colhida uma amostra de sangue (5ml) para realização do teste de compatibilidade (HLA).

O Cadastro pode ser realizado nas unidades do Hemocentro em Goiânia

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