População procura novos parques

Fechamento da área aberta do Centro Cultural Oscar Niemeyer faz população procurar outros locais para lazer

Postado em: 08-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Fechamento da área aberta do Centro Cultural Oscar Niemeyer faz população procurar outros locais para lazer

Gabriel Araújo*


Com o fechamento do Centro cultural Oscar Niemeyer (CCON) para reformas, a população que utilizava o local para prática de esportes e lazer precisa procurar outros locais para o lazer. A cerca de dois quilômetros do local, o Parque Marcos Veiga Jardim tem atraído a população por suas opções de diversão da família.

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O local, inaugurado em 2016 tem cerca de seis mil visitantes por mês, e atrai patinadores e skatistas de toda a região. De acordo com a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), foram investidos R$ 69,5 milhões para a construção e o parque busca parceiros para a realização de eventos.

Para o servidor público Guilherme Ferreira, de 41 anos, a população ficou sem o principal local de diversão com o fechamento do CCON. “Quando o Oscar Niemeyer fechou, muita gente migrou paras as ruas ou teve de procurar um outro local. Eu que sempre ando de patins com a minha filha tive de procurar um lugar que tem uma certa segurança”, afirmou.

Segundo Gusthavo Crispim Cardoso, de 23 anos, falta incentivo na Capital para construção e manutenção de locais culturais e esportivos, para ele, o Estado e o município precisam trabalhar com mais organização. “Muitas vezes vemos praças que estão abandonadas pela metade, ou sem manutenção. Fica difícil encontrar um lugar para passar o tempo com a galera”, completou.

O parque ainda não conta com apresentações culturais de grande porte, mas tem diversas áreas para lazer, como pista de skate e patins, local para caminhada, quadras de areia e poliesportiva, além do teatro de arena e quiosques de alimentação.

A praça é ainda muito utilizada por skatistas, que já frequentam o local desde sua inauguração. De acordo como estudante João Vitor Nunes, de 21 anos, a pista para a prática de skate é uma das melhores da cidade. “Costumava vir aqui desde o início, a pista é muito boa e tem sempre alguém junto. Costumo vim com amigos e agora que estamos sem o Oscar Niemeyer, temos um incentivo a mais para andar por aqui”, completou.


Reforma milionária

No segundo semestre de 2017 a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) deu início às obras de reforma do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). A primeira grande reforma desde sua inauguração, em 2006, está orçada em R$ 8,8 milhões. De acordo com o governo estadual, a reestruturação do local ocorre de forma modular, e busca a não interrupção simultânea das atividades em todos os prédios e monumentos que formam o complexo arquitetônico.

A obra estava prevista para ter início em abril do ano passado, mas atrasos na licitação fizeram com que o início dos trabalhos começasse apenas no segundo semestre. A Agetop informou, na época, que o principal objetivo das ações era reestruturar o local para garantir a segurança da população. Segundo o órgão, o Corpo de Bombeiros solicitou uma intervenção no local para prevenir acidentes. A reforma deve demorar nove meses e ser entregue no segundo semestre de 2018, segundo o Governo estadual todos as estruturas passarão por readequações.

Na época da construção, o local foi orçado em R$ 12 milhões, mas acabou custando mais de R$ 70 milhões aos cofres públicos do Estado. Dentre as principais críticas à obra está a não utilização completa do local, que sofre com constantes problemas estruturais. 


Shows e manifestações estão proibídas no Oscar Niemeyer 

No último mês de novembro, o Governo estadual proibiu a utilização da área externa do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) para shows. O local, denominado oficialmente como Esplanada Juscelino Kubitscheck, era palco de alguns dos principais festivais musicais do Estado, como o Festival Bananada e o Goiânia Noise. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte (Seduce), o decreto tem como objetivo proteger e preservar o local.

O decreto assinado pelo Governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB) no dia 23 de novembro, proíbe qualquer tipo de evento de natureza pública ou privada que utilize montagem de estrutura de palco, equipamentos de som e apresentação de shows ao vivo. A decisão altera o decreto 7.808, de fevereiro de 2013, que determinava as regras para a utilização do espaço.

A área externa do CCON era muito utilizada por patinadores e skatistas que também estão proibidos de circular devido a atual reforma do local. Segundo um publicitário de 25 anos, que decidiu não se identificar, o fechamento do local para shows prejudica o público que agora precisa se deslocar até a região norte da Capital para acompanhar alguns festivais. “A gente estava acostumado a vir aqui para os shows. Goiânia já não tem muitas áreas voltadas para a cena cultural, agora fica mais difícil acompanhar”, afirmou.

A Seduce afirmou, em nota, que busca novas atividades para serem implantadas no local após o fim da reforma. “Serão implantadas no CCON a biblioteca e duas salas de cinema de qualidade que se somarão às atrações culturais já em atividade como o Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC), os concertos da Orquestra Filarmônica de Goiás e eventos como o Café de Ideias”, completou.

De acordo com o órgão, o Centrou Cultural é um espaço de acolhimento e difusão cultural e que, o Estado trabalha para que o local seja capaz de cumprir este papel. “A Seduce esclarece que trabalha para que o funcionamento do CCON concilie o interesse da comunidade com as orientações técnicas, sendo capaz de oferecer amplo leque de opções que incluem lazer e recreação na Esplanada e em toda sua estrutura”, informou.


História

O Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) é o principal espaço cultural de Goiânia, foi projetado pelo arquiteto responsável pela construção de Brasília, Oscar Niemeyer, e inaugurado em 30 de março de 2006. O complexo cultural é formado por quatro edifícios, o Museu de Arte Contemporânea, o Palácio da Música, o Monumento aos Direitos Humanos e o prédio da Biblioteca. A praça que compõem o local possui 26 mil metros quadrados e é destinada a exposições, apresentações artísticas e diversos tipos de eventos.

Na época da inauguração, o arquiteto Oscar Niemeyer afirmou que o principal aspecto do Centro Cultural era a grande superfície de concreto, a Esplanada Juscelino Kubitscheck, um ponto do projeto que fez a praça e o estacionamento locais bem definidos. O local também impressiona pelo tamanho, somente a biblioteca possui cerca de 10 mil metros quadradas, com um auditório para 135 pessoas e um terraço que abriga um restaurante com vista panorâmica. 

O prédio do museu conta com cerca de quatro mil metros quadrados e é composto por uma galeria de arte, área administrativa e pavimento para exposições. Enquanto o Palácio da Música, que homenageia a pianista BelkissSpenziere, é um edifício feito em concreto armado e formas curvas, que tem cerca de 7 mil metros quadrados, com um teatro para 1,5 mil lugares com fosso para orquestra, camarotes e bar. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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