Folia em Goiás destaca cultura e economia da antiga Capital

Após dois anos de inatividade – devido à pandemia de Covid-19 – o Carnaval da Cidade de Goiás retornou, nesta sexta-feira (17), com o tema “A Festa da Alegria, Diversidade e Integração”. Segundo Rodrigo Santana, secretário de turismo do município, “essa é a mensagem que a cidade de Goiás, patrimônio mundial e mãe de todos os goianos, quer emanar para todo estado e para todos que vierem aqui”.

A cidade terá cerca de 40 atividades entre os dias 17 e 21 deste mês, que envolvem a participação de artistas vilaboenses. “Faz parte da nossa política cultural a valorização dos artistas e dos ‘fazedores de cultura’ local”, reforça o secretário.

Organizadores, foliões e autoridades do governo avaliam um momento de “retomada cultural” para a cidade e preveem uma grande movimentação de turistas. “A cidade se prepara, os hotéis lotam, os bares e restaurantes também. A dinâmica da cidade muda totalmente”, observa Guilherme Siqueira, professor e habitante da Cidade de Goiás.  

Festejo Vilaboense

O carnaval de Goiás é um dos mais tradicionais do estado e conta com três escolas de samba e sete blocos populares. Muitos desses blocos são ligados à questão da religiosidade afro – como o Pilão de Prata, o Afoxé Omo Odé e o Bloco Caçador – e, também, há os blocos ligados à questão política e ao samba.

Rossana Jardim, organizadora do Carnaval do Largo do Rosário, afirma que o evento completa 17 anos em 2023 e “é um Carnaval de marchinhas, dos amigos, da família, de todas as idades, de todas as classes sociais”. Ao reforçar que a celebração é gratuita, para ela, “o único ingresso chama-se respeito – por si, pela natureza e pelo meio ambiente”. 

Geovanna de Castro – idealizadora do Bloco Coró de Pau, juntamente com o marido, Mestre Alemão –, também marca presença no festejo e conta que estará ao lado de outros blocos na abertura do Carnaval, na praça do Coreto. Desde 2004 nas folias da cidade, Geovanna afirma que “há uma história ancestral dos tambores de Goiás com os tambores do Coró de Pau. A cidade acolheu o nosso trabalho”.

Expectativas

“A nossa expectativa para o Carnaval 2023 é de um evento com a participação de um público bastante significativo”, prevê o secretário de Turismo. Ao longo dos cinco dias de celebração, Goiás deve receber entre 40 e 50 mil pessoas, nas estimativas de Rodrigo. 

“Nossos hotéis já estão todos lotados. Há muita procura de casas para alugar, há muitos moradores alugando quartos em casa, ou deixando as suas casas para acolher os visitantes”, diz. Com o movimento pelo município e o consumo de alimentos e bebidas, espera-se arrecadar de cinco a seis milhões para a economia local. 

Rodrigo salienta que a premissa da Cidade de Goiás é de investimento nos músicos e artistas locais, a fim de elevar o status da festividade vilaboense. “Entendemos que Goiás pode ser, assim como Salvador, um estado exportador de talentos. Temos uma riqueza cultural muito grande e precisamos dar oportunidades para que esse espaço no mercado cultural seja conquistado por nossos artistas”, diz.   

Memórias

As recordações de carnavais anteriores são recorrentes entre os foliões e o cenário é de “alegria”. Nélio Fleury, engenheiro elétrico e frequentador do carnaval vilaboense, diz que sempre gosta de inovar na vestimenta e, no carnaval de 2018, veio fantasiado de Donald Trump. 

Na camiseta, estavam estampados os seguintes dizeres: “faça Faina grande novamente”. Ele também ironiza ao dizer que haveria um muro entre Goiás e Faina, uma vez que esta última foi emancipada da primeira em 1989. “Quem ia pagar o muro era Goiás”, brinca.

“O carnaval, para mim, é a comemoração da alegria e da diversão”, explica Guilherme Siqueira. O professor comenta que “desde minha infância, eu e minha família temos uma atuação muito grande no carnaval em Goiás. Minha tia era organizadora dos blocos de carnaval, então eu cresci vendo essa animação dentro de casa”, que, hoje, “herdou ” a tradição e participa dos desfiles de blocos. (Especial para O Hoje)