Reserva ambiental em Goiás perde 87% de superfície de água

Chapada dos Veadeiros, um dos mais importantes parques de preservação do País, perdeu 200 hectares

Postado em: 21-02-2023 às 08h00
Por: Anna Letícia Azevedo
Imagem Ilustrando a Notícia: Reserva ambiental em Goiás perde 87% de superfície de água
Chapada dos Veadeiros, um dos mais importantes parques de preservação do País, perdeu 200 hectares. | Foto: IPAM/MapBiomas

De acordo com pesquisa realizada pelo IPAM Amazônia, a Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás, perdeu cerca de 87% de superfície de água, o que equivale a 200 hectares. O parque nacional está entre as 10 áreas de preservação ambiental mais atingidas pela perda de água. Dentre essas, sete estão na Bacia Tocantins-Araguaia, que banha o estado de Goiás. 

Ademais áreas de proteção da Bacia Tocantins- Araguaia que foram afetadas com o problema são:Parque Nacional do Araguaia (perdeu 36%, ou 3,6 mil hectares de sua superfície de água); Parque Estadual do Cantão (-24%, ou 3,1 mil ha); Parque Estadual do Araguaia (-22%, ou 2,3 mil ha); Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (-81%, ou 1,2 mil ha); Refúgio da Vida Silvestre Corixão da Mata Azul (-36%, ou 900 ha); Reserva Extrativista Lago do Cedro (-29%, ou 300 ha). (IPAM/Map Biomas Água)

O pesquisador Dhemerson Conciani, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, explicou que “esta perda de água afeta principalmente a vazão dos rios de importância local e ecossistemas como os campos úmidos e as veredas”. Ele ainda completou que essa redução é um “desmatamento silencioso, pois, além de diminuir a disponibilidade hídrica, altera a estrutura da vegetação e torna essas áreas mais vulneráveis a incêndios destrutivos e à arenização”. Dessa forma, alertou para as consequências causadas pela alteração hídrica. 

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Outrossim, o pesquisador do IPAM Joaquim Pereira, ainda alarmou em relação ao uso da água no Cerrado: “Na última década, as áreas de agricultura irrigada no Cerrado cresceram em torno de 85% e, apesar do pico mapeado em 2022, a superfície de água esteve abaixo da média histórica em todo esse período. O avanço da agropecuária sobre os remanescentes de vegetação nativa e a intensificação na demanda por recursos hídricos podem afetar negativamente a recarga dos aquíferos e da maior parte das regiões hidrográficas do Brasil”.

“Apesar do pontual aumento de chuvas e, consequentemente, da cobertura de água no Cerrado em 2022, não há previsão para estabilidade na segurança hídrica no bioma. Conservar os remanescentes de vegetação nativa no Cerrado é essencial para a manutenção dos recursos hídricos, ainda mais em um contexto de mudanças climáticas, no qual eventos extremos são mais frequentes e intensos, como as secas severas”. Declarou Julia Shimbo, pesquisadora no IPAM e coordenadora científica na iniciativa MapBiomas.

Nesse sentido a cientista, aponta que apesar do índice de chuva no Cerrado acima da média histórica, essa não é a única solução para resolver o problema da diminuição da superfície de água nas reservas, a vegetação deve ser preservada. Os maiores aumentos de precipitação ocorreram nas regiões hidrográficas Atlântico Nordeste Ocidental(17,8%) e Parnaíba(11,9%), as duas localizadas nos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.

Em decorrência desses altos índices de chuva, os reservatórios para geração de energia no Cerrado brasileiro finalmente alcançaram a marca de maior superfície de água, 16,2% acima da média histórica. Entretanto, nas áreas de preservação diminuíram 66%das regiões hidrográficas. 

A pesquisa revela que este número é o maior nos últimos 38 anos, 11% acima da média histórica. Sendo assim, ocupando uma área total de 0,8% do bioma em 2022 o equivalente a 1,6 milhões de hectares.

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