Produção de mudas cresce dez vezes

Ano passado, a produção de plantas era de 5 mil ao mês. Viveiros são responsáveis pelas mudas que decoram as ruas da Capital

Postado em: 11-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ano passado, a produção de plantas era de 5 mil ao mês. Viveiros são responsáveis pelas mudas que decoram as ruas da Capital

Marcus Vinícius Beck*

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A produção mensal de mudas ornamentais aumentou dez vezes em relação ao ano passado. Em 2018, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) informou que a média mensal de plantas atinge 55 mil. No ano passado, os viveiros chegaram a produzir 5 mil por mês. A empresa disse que 7 mil mudas de árvores e 1,1 mil palmeiras foram direcionadas para enfeitar a cidade. Mas essas plantas não vão imediatamente para as ruas. Antes de enfeitar as vias públicas, elas ficam sob cuidados de profissionais especializados. 

Ao todo, Goiânia conta com quatro viveiros que são responsáveis por criar mudas para decorar as ruas da Capital. O principal instrumento usado para embelezar as caixas com flores são lixos recicláveis. “Nossa prioridade é usar materiais que não degradem o meio ambiente”, diz a jardineira Ruth Borges, que é supervisora da estufa onde ficam as plantas mais novas. “Essas daqui demoram um pouco para irem às ruas, pois muitas delas acabam morrendo em poucos dias”. 

Ontem, a reportagem de O Hoje foi ao viveiro Nova Esperança, na entrada do Aterro Sanitário, na BR-060, e acompanhou o trabalho que os profissionais desenvolvem com as plantas. Em média, 43 pessoas, divididas entre os turnos matutino, vespertino e noturno, são responsáveis por produzir cerca de 3 mil mudas de plantas por dia. No entanto, o local abriga em sua maioria flores que ainda estão no começo da vida, o que as forçam a permanecer na estufa por vários meses. “O tempo que elas vão ficar aqui não é exato, e varia de acordo com a espécie”, esclarece. 

O supervisor Éder Vieira de Souza afirmou que a intenção da produção das mudas é dar ares modernos para a Capital goianiense, sem deixar de lado a preocupação socioambiental. “Com essa medida nossa, de produzir mudas por produtos recicláveis, iremos economizar uma grande quantidade de água”, diz. De acordo com ele, que acompanhou a reportagem pelo viveiro na tarde de ontem, o trabalho desenvolvido pela sua equipe é “puxado, mas no final das contas é gratificante”. 

Viveiro

Na entrada do viveiro, materiais recicláveis fazem a ornamentação verde do local e os canteiros foram reformados. A bomba d´água agora é suspensa, livre de inundação, com chave de interrupção, sem perigo de acidente para os funcionários. Ainda foram realizados podas nas árvores para entrada de sol no ambiente que remete à mata ciliar. Além disso, a reforma da unidade ainda inclui pintura das acomodações, construção da estufa, sementeira e criação do canteiro central com instalação de fonte, sendo um o cartão de visita do viveiro. 

A supervisora Dolcimar Martins disse que essas medidas foram criadas com a intenção de reflorestar toda a cidade. “Estamos devolvendo à natureza o que é de fato da própria natureza”, afirma. Segundo ela, o principal característica do trabalho desempenhado por ela no viveiro é justamente priorizar materiais que sejam reutilizáveis ao meio ambiente. “Nossa estufa foi toda desenhada para ser nesse sentido. Em função disso, a gente tenta cuidar disso tudo para que as pessoas tenham condições de ter uma cidade melhor leve e bonita”, frisa. 

Essa iniciativa da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) faz parte da série de flores que foram colocadas em várias avenidas da Capital. Em todos os locais, conhecidos por serem ponto cujo fluxo de pessoas é elevado, estão ornados com plantas. No início deste ano, O Hoje mostrou que, além de contribuir para o embelezamento da cidade, a prefeitura leve a questão a sério. À época, o chefe da Comurg na região norte e Centro, Godoaldo Borges, disse que a intenção era deixar toda a cidade repleta de plantas. 

Autuação

No final do ano passado, um homem de 57 anos foi autuado pela Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA) após ser flagrado com uma motosserra por guardas civis metropolitanos (GCM). A multa viária que ele teve de pagar foi de R$ 2,2 mil a R$ 5 mil. Outros dois suspeitos, que estavam com o homem, fugiram ao ver a chegada da GCM. De acordo com Ilgon Pires de Souza, ao chegarem ao local, o homem estava com uma serra elétrica na mão e uma árvore cortada. 

Em meio à esse tipo de problema, o número de pessoas que moram em áreas verdes no Brasil atinge 81% da população. As plantas, por conta disso, têm a função de produzir sombras em meio ao clima quente e gerar frutos na selva de pedra. De acordo com a engenheira ambiental Thais Didonet, as árvores podem ser consideradas purificadoras de ar, uma vez que elas “captam dióxido de carbono e devolvem oxigênio para a atmosfera”. Também são responsáveis por fornecerem abrigos para animais. “Especialmente aves”, diz.  

Goiânia possui 89,5 metros de arborização por 100 mil habitantes  

A Capital foi considerada a primeira entre as cidades com mais de 1 milhão de habitantes a deter o título de mais árvores do País. De acordo com dados do censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Goiânia possui 89,5 metros de arborização. No âmbito mundial, o município perde apenas para Edmonton, no Canadá, que atingiu à marca de concentração de 100 metros quadrados de árvore por habitante. 

Em Goiânia, há mais de 900 mil árvores, de 380 espécies. Além dos coloridos ipês (roxo, rosa, amarelo e branco), é comum de se encontrar os flamboyants, as grandes palmeiras imperiais e as sobreiras das sete-copas, bem como tipos que são encontrados apenas no Cerrado brasileiro. E todas as espécies enfeitam a cidade. Mas outras cidades brasileiras carregam títulos nada interessantes. 

Cobertura verde

O Laboratório Senseable City, do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), com o auxílio do Google Street View, calculou a cobertura verde de 23 cidades do mundo. Na ocasião, o único município brasileiro analisado foi São Paulo, que ficou na terceira pior posição, perdendo para Quito, no Equador, e Paris, na França. Os organizadores informaram que a intenção do projeto não era criar uma espécie de “olimpíada verde”, mas fomentar reflexões acerca de práticas ambientais. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Cristhyan) 

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