Casa em favela brasileira vence concurso internacional de arquitetura

A residência disputou o título com outras quatro casa, mas foi a única que considerou o impacto social da construção

Postado em: 24-02-2023 às 12h14
Por: Ícaro Gonçalves
Imagem Ilustrando a Notícia: Casa em favela brasileira vence concurso internacional de arquitetura
A residência disputou o título com outras quatro casa, mas foi a única que considerou o impacto social da construção | Fotos: Divulgação

Uma casa construída em uma favela de Belo Horizonte foi vencedora no Building of the Year 2023, concurso internacional de arquitetura promovido pelo Archdaily que selecionou a Casa do Ano. A residência disputou o título com outras quatro casa, mas foi a única que considerou o impacto social da construção.

A Casa no Pomar do Cafezal, como foi nomeada, pertence ao influencer Kdu dos Anjos e fica em frente a uma rua de terra, na viela íngreme do Aglomerado da Serra. A favela abriga cerca de 100 mil pessoas.

Os demais concorrentes ao prêmio eram: uma casa de vidro, perto de Berlim, idealizada para uma família pequena que recebe muitos convidados; uma casa-abrigo, construída por um casal de vietnamitas pensando na aposentadoria; uma casa em uma vila residencial numa área de clima desértico na Índia; e uma casa em terracota construída para uma família no México.

Continua após a publicidade

Leia também: Programa Minha Casa, Minha Vida retoma com a entrega de 2.745 unidades habitacionais, nesta terça-feira

A casa foi construída com uma fachada de tijolo e cimento, típico estilo das residências da comunidade. As tubulações de água e as as ligações elétricas são externas e as janelas são de ferro, como as das casas vizinhas.

A construção tem um custo parecido com as demais da favela, a diferença está na forma como os elementos foram utilizados, com especificações de projeto e técnicas construtivas que permitiram a criação de um espaço eficiente e com qualidade ambiental.

O projeto foi dirigido e assinado pelos arquitetos Fernando Maculan e Joana Magalhães, integrantes do Levante, coletivo de voluntariado em favelas e que reúne diversos profissionais como engenheiros, eletricistas, paisagistas e designers, além de estudantes.

Veja fotos:

A casa, que tem uma área de 66 metros quadrados e dois níveis, fica sobre uma forte estrutura cujas fundações também ajudam a sustentar outras casas. Suas paredes foram construídas com tijolo vazado usado na horizontal, uma mudança sutil que virou a fachada de cabeça para baixo e trouxe benefícios adicionais.

“Por serem horizontais, dão forma a uma parede mais larga e com maior inércia térmica, o que se traduz em um ambiente que vai demorar mais a aquecer quando há temperaturas elevadas e a preservar um pouco mais o clima interno quando está frio,” explicou o arquiteto.

Algo semelhante é visto com o desenho de janelas e portas que, além de permitir a entrada de luz natural e dar mais luminosidade ao ambiente, geram ventilação cruzada que resfria o ambiente. Já as tubulações externas de água ajudam a evitar vazamentos.

Veja Também