Lago das Rosas infestado por algas

Há várias espécies de algas no lago, mas nem todas são consideras parasitas

Postado em: 12-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Lago das Rosas infestado por algas
Há várias espécies de algas no lago, mas nem todas são consideras parasitas

Marcus Vinícius Beck*

As algas que estão na superfície da água no Lago das Rosas podem causar estragos às espécies aquáticas que vivem no parque. Em grande escala, elas geram falta de oxigênio e evitam a entrada de luz solar, o que pode provocar a morte de peixes e outros animais. Funcionários do parque disseram ao O Hoje que a prefeitura faz manutenção constante do local, mas a população continua jogando resíduos poluentes à margem do espaço de lazer. As pragas são tiradas do parque todos os dias por meio de serviço realizado manualmente por pelo menos duas pessoas. 

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Na tarde de ontem, a reportagem esteve no Lago das Rosas e percebeu vários entulhos de algas retiradas amontoados próximos aos pedalinhos. A bióloga do Instituto Health, Sandra de Oliveira Santos, afirmou que a espécie pode ter efeitos nocivos. “Há várias espécies de algas e nem todas são consideras parasitas. Mas ao impedir a oxigenação dos seres vivos pode haver morte de peixes”, explica a estudiosa, frisando a importância de se fazer estudos detalhados para entender a origem das algas. “A olho nu isso é impossível de se fazer”. 

O funcionário público Altair Filho, 60, relatou que a presença das algas se dá por meio de ações humanas. De acordo com ele, o lugar também conta com vários resíduos poluentes que são jogados pela população às margens do lago. “A gente não dá conta de fazer o trabalho de manutenção das algas manualmente”, reclama. Filho disse ainda que, apenas ele e mais um homem, são responsáveis por retirar que a planta vive na superfície da água. “Qualquer especialista sabe que os efeitos das algas são ruins para as espécies que moram aqui”. 

A mesma visão da situação é compartilhada pelo responsável pelo Lago das Rosas, Leandro Oliveira, 38. “Hoje, tiramos várias e várias algas de um dos lagos do parque, mas, se você ficar um dia apenas sem retirá-las, um problema de ordem ambiental nascerá”, diz. Ele também frisou que medias de conscientização por parte das pessoas são importantes para se manter a “saúde do parque em dia”. “Porém o que vemos aqui não é necessariamente isso. Além de haver um certo desdém por parte do poder público em relação ao crescimento das algas, as ações humanas são responsáveis pelo lixo encontrado na superfície da água”, diz. 

Por outro lado, o gerente de monitoramente da Agência Municipal de Meio Ambiente, Antônio Júnior Gonçalves, afirmou que as algas contribuem para a fotossíntese. “Elas não produzem nada tóxico, tampouco nocivo aos peixes”, explica o gerente, que também é químico. No entanto, ao se multiplicarem em grande quantidade, elas podem provocar alguns danos. “Neste caso, as espécies serão atingidas pela falta de oxigenação”, diz. Segundo o gerente, a única forma de controlar as algas, e retirá-las quando estiverem em grande escala, é realizando procedimentos manuais. 

Falta cuidado

Ontem, moradores e trabalhadores das casas ao redor do Lago das Rosas reclamaram da poluição encontrada nas imediações do parque. De acordo com a serviços gerais, Sirleni Florencio de Jesus, 44, o local torno-se um espaço poluído de uns tempos para cá. “Atualmente, não frequento tanto quanto gostaria, por conta de trabalho e essas coisas. Creio que necessita urgentemente de uma intervenção por parte das autoridades no que diz respeito à segurança”, diz. 

O funcionário Altair Filho, 60, relatou que, mesmo com a prefeitura de Goiânia atuando com “veemência”, ainda faltam vários serviços que precisam ser feitos. “Para se ter uma ideia, a galera fluvial dos prédios no entorno daqui desembocam no lago”, afirma. No entanto, garante o funcionário público, esse tipo de problema não existe mais no parque. “Agora, os dejetos da população são atirados em outro local e passam por baixo do parque. Nem as necessidades dos animais do zoológico deságuam aqui”. 

Responsável por zelar do parque, Leandro Oliveira, 38, disse que o local conta no momento com muitas pessoas que não tem “o mínimo de censo de cuidado”. “Em função disso, não há como esperar que o parque seja cuidado, sendo que na segunda-feira isto aqui está repleto de lixo pelo chão”, relata. Enquanto conversava com Leandro, a reportagem flagrou um homem com sua esposa e filha jogando uma sacola plástica no meio do lago. “São atitudes como essa que deixam a coisa feia”.  

Pedalinhos estão funcionando normalmente 

Apesar de pedido de fechamento da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) em janeiro deste ano, os pedalinhos do parque Lago das Rosas estão funcionando normalmente. Na tarde de ontem, a reportagem de O Hoje viu duas pessoas andando de pedalinho. “Isto funciona desde a década de 1970”, diz o funcionário público Altair Filho, 60, que é responsável por cuidar de um dos parques mais antigos de Goiânia. 

À época, o presidente da Amma, Gilberto Marques Filho, disse que a prefeitura estava com projetos com a intenção de melhorar os pedalinhos. De acordo com ele, o preço de R$ 15 por 15 minutos cobrado para usá-lo não era justo. Filho informou na ocasião que havia um projeto de reestruturação dos parques. Tradicional, os pedalinhos funcionam para passeios desde a década de 1970. Deixaram de operar em 2009, quando o Parque Zoológico foi fechado para reforma. 

Suspensão

Em 2016, a Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer (Agetul) autorizou a volta das atividades no parque. Porém, em abril do ano passado, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) solicitou a suspensão das concessões dos pedalinhos, mas, ainda assim, o serviço continua sendo operado sem maiores restrições. À época, a determinação era de que um novo modelo de concessão de uso do espaço seria definido, o que, de acordo com informações da Amma no início deste ano, já está em fase final.

Lago

Localizado entre os Setores Centro e Oeste, em uma confluência de prédios, o Lago das Rosas foi construído na década de 1940 e é tido como o parque mais antigo de Goiânia. O nome do parque se deve a um jardim de rosas que tinha antes de o lago ser construído. Ao todo, sua área é de 315 mil metros quadrados e também abriga o Zoológico da cidade. Além disso, em uma esquina em frente a uma estação do Eixo-Anhanguera, está a Rádio da Universidade Federal de Goiás (UFG). 

*Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian.

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