‘Paradas’ fora da lei

Nos três primeiros meses do ano passado, quantidade de multas aplicadas de estacionamentos irregulares em Goiânia foi mais de 19 mil

Postado em: 13-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Nos três primeiros meses do ano passado, quantidade de multas aplicadas de estacionamentos irregulares em Goiânia foi mais de 19 mil

Marcus Vinícius Beck*

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O número de multas aplicadas a motoristas que estacionam em lugares inapropriados em Goiânia sofreu redução de quase 50% em relação à quantidade de infrações relatadas pela Secretaria Municipal de Trânsito Mobilidade e Transporte (SMT) no mesmo período do ano passado. Nos três primeiros meses deste ano, a SMT contabilizou pouco mais de 10 mil infrações aplicadas a condutores que desrespeitam as normas vigentes de trânsito na Capital goianiense, e estacionam onde não é permitido. Já em 2017 a quantidade de multas por este motivo chegou a mais de 19 mil, porém ainda há pouco para se comemorar.

Especialista em trânsito, o perito Antenor Pinheiro disse que a melhor maneira para se reduzir ainda mais a quantidade de multas aplicadas é adotar políticas públicas para o setor. “O problema é que as multas vêm sendo aplicadas pelos órgãos competentes, mas ainda assim os condutores seguem cometendo infrações”, afirma o especialista, que foi já foi presidente da SMT. Sobre estacionar em locais proibidos, o Código Nacional de Trânsito (CNT) prevê que o motorista que parar seu veículo em lugar inapropriado pode desembolsar R$ 130 e R$ 393. 

Por meio de nota, a SMT disse que “no momento a entidade conta com uma campanha no ar (TV) sobre o uso da seta”. A pasta afirmou ainda que neste ano irá tratar de vários assuntos em campanha educativa de massa, além de intensificar cursos e palestras que realiza rotineiramente.

Em junho do ano passado, O Hoje mostrou que carros estacionados irregularmente eram responsáveis por danificar calçadas em frente a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), no Setor Leste Universitário. À época, várias pessoas chegaram a se queixar de que a situação estava complicada, já que além de os veículos estarem parados em um lugar proibido, acabavam atrapalhando o fluxo de pessoas pelo local. A SMT disse que os fiscais estavam de olho nos motoristas que estacionam seus carros na região. 

Pela cidade 

A reportagem de O Hoje andou em vários bairros de Goiânia e constatou que estacionar em lugares inadequados é um hábito do condutor goianiense. Na Vila Jaraguá, próximo ao Parque Agropecuário da Capital, dois carros não conseguem se cruzar em uma via de mão dupla por conta dos veículos que ocupam vagas impróprias dos dois lados da rua. A mesa realidade foi encontrada pela equipe nas imediações do Shopping Flamboyant, no Jardim Goiás. Lá, ao contrário do que ocorre na região norte, pedestres tem dificuldade de locomoção e precisam se espremer entre os automóveis que passam nas ruas e os que estão parados.

Acostumada a fazer trajetória de um prédio do Jardim Goiás onde trabalha até um ponto de ônibus, a doméstica Ruth Ferreira dos Santos, 49, relatou que a situação vem se tornando cada dia mais difícil. De acordo com ela, que estava caminhando no meio da rua enquanto conversava com a nossa equipe, o problema é uma realidade que assusta bastante gente que passa pelo local todos dos dias. “É perigoso, e além de tudo, agora temos de conviver com essa construção que está nos levando a andar no meio da rua”, desabafa. 

A auxiliar administrativa Cintia Rosa Ramos, 21, contou que, para um primeiro dia de trabalho, sua experiência não foi das melhores por causa do pouco espaço que há para pedestres transitar. “Estou andando em meio aos carros e todas essas coisas”, diz. A melhor saída, garante Cintia, seria apostar em planejamento. Mas enquanto isto não acontece, o mais adequado a se fazer é tomar cuidado ao andar no meio da rua. “Daqui alguns dias a gente não terá mais espaço para andar aqui, já que estão fazendo obras para, certamente, aumentar o estacionamento do shoppping”. 

Na Vila Jaraguá, o vendedor Jorge Andrade da Cunha, 41, está cansado de brigar pelos mesmos motivos quando está no trânsito. Caótico, o tráfego na região em que mora lhe estressa. Basta sair de casa, dirigindo seu carro, para que o vendedor fique furioso. “Não tem como não se exaltar, pois olhe o trânsito totalmente engarrafamento que se encontra por aqui nos horários de pico”, relata. Em função disso, afirma Cunha, dois carros ficam impossibilitados de passarem juntos por uma via de mão dupla. “Além disso, há o cara que para o carro em lugares errados, daí como o trânsito vai ser bom?”, indaga.  

Câmeras de videomonitoramento flagram 15 tipos de infração  

Instalado no ano passado, as câmeras de videomonitoramento flagram até 15 tipos de infrações cometidas por motoristas. “O videomonitoramento no trânsito vem reforçar a preocupação da gestão do prefeito Iris Rezende com a segurança do cidadão. A fiscalização é importante, inclusive, para a conscientização dos motoristas”, disse o titular da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT), Fernando Santana. 

O monitoramento conta com imagens de 10 câmeras instaladas só na região do Parque Vaca Brava, primeiro local que recebeu o novo sistema. As imagens são vistas em tempo real de uma central instalada na sede da Prefeitura de Goiânia. As outras câmeras, que estão sob responsabilidade da Prefeitura, localizam-se na Rua 10 e na Praça Universitária. De acordo com Magalhães, viaturas da GCM e da Polícia Militar (PM) auxiliam no serviço. A central de monitoramento fica localizada no Paço Municipal.

Parceria com SSPAP

Um estudo realizado pela equipe de inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO) e Comando de Policiamento da Capital apontou quais destes pontos teriam prioridade. Os equipamentos têm leitor de placas de automóveis, de modo a fiscalizá-los e identificar movimento de pessoas desconhecidas. 

As imagens são transferidas para o Centro Integrado de Inteligência, Comando e Controle da SSP-GO. Ouros órgãos também possuem câmeras de monitoramento que buscam proporcionar mais segurança à população. A Rede Metropolitana de Transporte Coletivos da Grande Goiânia (RMTC), por exemplo, possui cerca de 400 câmeras espalhadas em todos os terminais geridos pelo consórcio. 

Contudo, nem todos os ônibus têm câmeras. Ao todo são 230 equipamentos dentro do transporte coletivo. Se levado em consideração, as garagens e outros departamentos da RMTC são 1.312 câmeras. Em Campinas, por exemplo, há 20 câmeras para esse fim e outras 20 estão espalhadas nos bairros Ipiranga e São Francisco. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Cryshtian) 

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