Deputado do Mato Grosso do Sul exibe livro de Hitler durante sessão legislativa; assista

O fato inusitado ocorreu durante a votação de um requerimento apresentado pelo próprio deputado

Postado em: 08-03-2023 às 09h32
Por: Ícaro Gonçalves
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O fato inusitado ocorreu durante a votação de um requerimento apresentado pelo próprio deputado | Foto: Reprodução

O deputado estadual João Henrique Catan (PL-MT) apresentou, na terça-feira (7/3) o livro Mein Kampf, escrito por Adolf Hitler, para criticar a maioria governista na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.

“Aqui eu trago, senhor presidente, um livro (…), fiquei com medo de entrar com esse livro no Brasil. Um juiz, talvez mais ditador que Adolf Hitler, suspendeu a entrada e as vendas do Mein Kampf, ‘Minha Luta, Minha História, Minha Vida’, onde aqui retrata suas estratégias para aniquilar, fuzilar o Parlamento e os direitos de manifestação popular”, declarou João Henrique na tribuna da Assembleia.

O fato inusitado ocorreu durante a votação de um requerimento apresentado pelo próprio deputado, que tinha como objetivo detalhar as contratações com cargos comissionados do estado. Foram 16 votos contra e dois a favor.

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“É com a apresentação do Mein Kampf, de Hilter, que peço para que esse Parlamento [a Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul] se fortaleça, se reconstrua, se organize nos rumos do que foi o parlamento europeu da Alemanha e que serviu, após sua reconstrução, de inspiração para nós estarmos hoje aqui através do nosso direito constitucional brasileiro que se inspira no modelo romano-germânico”, continuou.

Assista:

Procurado pela imprensa, o deputado disse que o objetivo era criticar as “estratégias de Hitler para anular o Parlamento, corromper a democracia, até que colocou, por meio de infiltrado, fogo no parlamento alemão”, disse ao portal CNN.

Para João Henrique Catan, a democracia no âmbito estadual está “fragilizada, de maneira disfarçada, institucionalizada, legalizada pelo governador do Estado, pela coalizão, está entrando em autofagia, ao queimarem a independência do parlamento”.

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Símbolos nazistas

O livro Mein Kampf, no qual é difundido ideias antissemitas, racistas e totalitaristas, é comercializado livremente no Brasil e pode ser facilmente encontrado em livrarias pela internet. No entanto, uma lei do Rio de Janeiro, sancionada em 2016, proíbe a venda da obra de Hitler na cidade.

Na justificativa, o projeto realizado pelo então deputado Gerson Bergher dizia que os escritos que estão em domínio público desde janeiro daquele ano teriam “um potencial lesivo incalculável, além dos danos que já produziu através da propagação de ideais nefastos que a obra preconiza e que protagonizou, seguramente, uma das páginas mais sombrias da história recente da humanidade.”

De acordo com a Lei Federal nº 7.716, de 1989, é proibido “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.

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