Diocese foi entregue sem dinheiro no caixa, bispo ganha HC

Ele assumiu a posição após a prisão do antigo gestor, bispo Dom José Ronaldo, suspeito de desviar até R$ 2 milhões de dízimos

Postado em: 18-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ele assumiu a posição após a prisão do antigo gestor, bispo Dom José Ronaldo, suspeito de desviar até R$ 2 milhões de dízimos

O arcebispo Dom Paulo Mendes Peixoto analisou ontem o período em que está à frente da Diocese de Formosa, no Entorno do Distrito Federal. De acordo com ele, o pouco tempo na administração da igreja fez com que Peixoto tenha visto algumas deficiências. “Isso chateou muito o clero, inclusive tem padres doentes, porque foram pouco assistidos pelo bispo”, diz o arcebispo. 

Ele assumiu a posição após a prisão do antigo gestor, bispo Dom José Ronaldo, suspeito de desviar até R$ 2 milhões de dízimos. Ele e mais sete pessoas estão detidas. Peixoto criticou as ações de seu antecessor e afirmou que recebeu “um caixa praticamente vazio e com dívida”. A administração de Dom José Ronaldo à frente da diocese foi alvo de críticas do novo gestor. Fora a questão financeira, o clérigo afirmou que vários padres reclamavam por não receberem o auxílio necessário em outras questões, como, por exemplo, casos de saúde.

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Além disso, Dom Paulo Peixoto analisou a situação econômico da diocese. Ele disse que os recursos recebidos pela Cúria de Formosa são poucos para atender às necessidades das 33 paróquias e “o que entra de dinheiro na diocese, sai”. Peixeiro ainda pediu um laudo para que seja feito uma auditoria para dar credibilidade ao caixa vazio que ele recebeu. 

A nomeação do arcebispo foi feita pelo Papa Francisco. Ele vai auxiliar nas atividade da paróquia da região até que seja nomeado um novo bispo.  Em março, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) investigou se padres pagavam uma espécie de ‘mesada’ para o bispo de Formoza à época, Dom José Ronaldo. Testemunhas disseram que o padre recebia mensalmente quantias de R$ 7 mil a R$ 10 mil. 

Ao todo, o prejuízo provocado pelo esquema gira em torno de R$ 2 milhões. O promotor de Justiça Douglas Chegury disse na ocasião que os padres, para seguir nas paróquias, recebiam uma ‘espécie’ de mesada. O grupo também se apoderava da verba oriunda de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos com batismo e casamento. 

Redução de despesas

O arcebispo Dom Paulo Mendes Peixoto afirmou ainda que está sendo feito cortes para equilibrar as finanças da paróquia. Uma das decisões foi ordenar que seminaristas que estudavam em Brasília fossem levados para São Paulo no segundo semestre deste ano. Alguns funcionários foram dispensados e prestadores de serviços, como os que realizavam os serviços contábeis e jurídicos, foram trocados. 

Embora a população siga chateada com o esquema, o clérigo frisou que as missas estão cheias. Ele citou como exemplo uma delas que foi realizada na periferia da cidade, e contou com cerca de 700 fiéis. “O povo não abandonou sua caminhada”, diz.  Mas o arcebispo ressaltou que os próximos meses serão cruciais em relação à parte econômica. De acordo com ele, na administração, as coisas estão caminhando conforme o esperado. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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