Apaixonado por motociclismo, PRF se aposenta após 27 anos na estrada

Corporação prestou homenagens ao agente que fez escoltas em grandes eventos internacionais sediados no Brasil

Postado em: 10-03-2023 às 07h47
Por: Anna Letícia Azevedo
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José Jacomini é ex-trabalhador rural e, hoje com 61 anos, se aposenta das funções de agente batedor da PRF | Foto: O Hoje/ Raphael Bezerra

Ingressado na Polícia Rodoviária Federal (PRF) em 1996, José Jacomini Rocha, 61, completou 27 anos de serviço na corporação e se aposentou como o agente que mais atuou em cima de uma motocicleta. Ex-trabalhador rural na região de Uruaçu e apaixonado por motociclismo, ele participou de eventos internacionais em território brasileiros e atuou como batedor de ministros americanos e de outras nacionalidades. 

A manhã desta quinta-feira foi marcada pela homenagem realizada pelos colegas de profissão. De acordo com a própria PRF, a homenagem foi em dedicação “à excelência e qualidade no trabalho prestado durante o exercício da carreira”. Além disso, “o comprometimento, competência, zelo, dedicação e iniciativa, colaborando de forma excepcional com a melhoria contínua dos serviços oferecidos à sociedade e concretização dos objetivos traçados pela Polícia Rodoviária Federal”.

Nesse sentido, ressaltando a contribuição significativa que o senhor José Jacomini realizou nos anos de serviço. “Hoje saiu minha portaria na PRF, estando eu no motociclismo”. Ressaltou José Jacomini orgulhoso pelos anos de prestação de serviço na área que ele sempre gostou. Começou a pilotar ainda jovem e tem sua própria moto para aproveitar os períodos de folga.  

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“Eu fiz o curso de batedor da polícia em 2004”, explicou ele sobre o preparo que teve para poder pilotar a motocicleta pela polícia. Em 2012 ele realizou o curso de motopoliciamento, realizando assim as duas funções até a atualidade. Sendo assim o primeiro motociclista a se aposentar estando ainda na atividade de motociclismo em Goiás. 

“Eu sempre gostei de motocicleta, por causa da idade não me vejo inapto a pilotar, eu tenho a minha motocicleta”, afirmou o policial sobre como o envelhecimento não ter afetado sua paixão.

Família

Iniciou sua prestação de serviços em Uruaçu onde trabalhou por 17 anos. Mas decidiu mudar para Goiânia em virtude de oferecer melhores condições de estudo para as filhas na época. Ele tem quatro filhas, duas ainda estudam, uma faz faculdade e a outra se prepara para o vestibular.

Para contribuir com os estudos, ele se mudou para a capital com a família em novembro de 2012. “Pedi transferência para Goiânia, para poder dar uma vida melhor para minhas filhas”. Nesse sentido, conseguiu alcançar seus objetivos também na vida pessoal.

Apesar dos desafios que morar em outra cidade implicam, Jacomini afirma que não se sentiu intimidado pois já trabalhou em locais maiores e em grandes eventos pelo país. Mas ressaltou que vir para a cidade representou adversidades para sua esposa, “Eu viajava muito, tinha que atender as convocações das operações e pouco ficava em casa, e ela tinha que fazer o serviço de leva e trás das meninas para o colégio”. 

Dessa forma, a esposa do policial contribuiu em sua vida sempre prestando apoio a ele e cuidando da família. Casado há quase 27 anos, ele revela que a vida de casado e da PRF andaram sempre juntas. “Minha vida de casamento, com minha vida na polícia tem praticamente a mesma idade”. 

Superação 

Em 2015, já trabalhando em Goiânia, sofreu um acidente grave, enquanto trabalhava no serviço de motopoliciamento. “Eu bati de frente com outro veículo, estava em um acompanhamento tático… fiquei cinco dias na UTI, e após isso fiquei em recuperação por 374 dias”. O policial contou sua história emocionante, depois de mais de um ano em tratamento conseguiu vencer mais esta barreira e voltar a se dedicar ao serviço que tanto ama. 

Até quando os profissionais da saúde e colegas de profissão orientavam ele para seguir outros rumos, como a atuação em carros, ele seguiu seus instintos e deixou para trás o medo. “Recomendações que eu deveria mudar de área, mas eu persisti, como gosto muito do motociclismo, eu retornei para a área”. 

“Passei por outros acidentes na PRF, perdi colegas, em viaturas de quatro rodas”, reforçou ele em relação às implicações que qualquer veículo apresenta e que este acidente não o fez perder a paixão por motos. 

José Jacomini sempre teve suporte da família, principalmente no momento de dor. “Quando eu tive o acidente, eu quase não aguentei, mas minha esposa nunca reclamou e sempre aceitou minha vontade meu gosto por pilotar motocicleta da forma que como eu gosto”. Explicou que tanto a esposa quanto as filhas sempre entenderam sua paixão e apoiaram ele. 

Eventos Especiais

“Trabalhei nos jogos Pan Americanos, Olimpíadas e Copa”, conta ele orgulhoso pelos serviços prestados em grandes eventos que o Brasil sediou. Ele trabalhou em escoltas nesses eventos, acompanhou delegações, autoridades e jogadores, seguindo sempre à risca as orientações profissionais. 

“A gente não tinha permissão para ir lá e abordar eles, mesmo que só para uma foto”, explicou ele relembrando de quando escoltou a seleção de Portugal em Brasília na Copa de 2014. 

Aposentadoria

A aposentadoria propiciou para o policial a possibilidade de voltar ao interior e seguir com a vida mais tranquila. “Eu vou ficar entre Uruaçu e aqui, minhas filhas vão dar seguimento aos estudos e eu pretendo ficar cuidando da minha chácara e aqui”. Explicando que pretende cuidar de sua propriedade rural, mas vai está sempre próximo às filhas que continuaram na capital.

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